02:01 | NOART

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POV NOAH

ㅤㅤㅤÉ inacreditável como as coisas mudam de uma hora para a outra. Estávamos vivendo o melhor momento das nossas vidas e em uma fração de segundos tudo se tornou um verdadeiro pesadelo. Eu estava vendo a melhor amiga do amor da minha vida morrendo na minha frente e não podia fazer nada, nem por ela e nem pela Sina.

ㅤㅤㅤNão podia pegar as suas dores.

ㅤㅤㅤMe sentia mal por um dia ser eu a dirigir de maneira imprudente colocando a vida de terceiros em risco. Refletia sobre como eu poderia ser responsável pela dor de uma família e amigos, então precisava agradecer por nunca ter acontecido. E mais ainda por ter tido a chance de mudar, para que nunca mais houvesse essa possibilidade. E também ficava puto, porque a vida era uma merda e injusta para caralho.

ㅤㅤㅤUm turbilhão de pensamentos tomava conta da minha mente no momento em que senti Sina estremecer em meus braços. Ela chorava e gritava, fazendo o meu coração doer. Eu não estava sabendo lidar com tudo aquilo e minha cabeça parecia explodir, a cada segundo uma nova bomba parecia estourar nas minhas mãos.

ㅤㅤㅤ— Ei, Boozie. — A chamei, passando a mão em seu rosto enquanto a apertava contra o meu corpo. — Eu tô aqui. — Pressionei o polegar em seu rosto, tentando acordá-la e meu gesto pareceu assustá-la.

ㅤㅤㅤSeus olhos se abriram de súbito e ela respirava ofegante. Seu peito subia e descia conforme ela tentava puxar o ar, chorando desesperadamente.

ㅤㅤㅤ— Não, não, não! — As palavras eram gritadas com dor. Toda a negação construída anteriormente parecia ter sido destruída.

ㅤㅤㅤEu a abracei forte e ela se debatia em meus braços. Eu não tinha muita certeza se ela havia tido um pesadelo e ainda não havia se dado conta de que acordou, ou se ela estava chorando porque acordou e se deu conta de que tudo aquilo não era um pesadelo.

ㅤㅤㅤBeijei o topo da sua cabeça e a olhei nos olhos.

ㅤㅤㅤ— Respira, Boozie. Você precisa respirar, lembra? — Puxei o ar vagarosamente e soltei, tentando fazê-la me acompanhar.

ㅤㅤㅤ— Faz ela voltar pra mim, Noah... — Ela disse em meio a soluços.

ㅤㅤㅤEu não podia fazer isso, embora quisesse muito.

ㅤㅤㅤ— Ela não pode ter morrido, ela não fez isso comigo! — Só então tudo fez sentido. Um pesadelo, dos mais cruéis possíveis.

ㅤㅤㅤ— Não, amor... não. A Heyoon não morreu, você teve um pesadelo. Ela ainda está no hospital. Ainda está em estado grave, mas ela está viva... — Tentar enxugar suas lágrimas era como tentar secar gelo.

ㅤㅤㅤ— Você promete?

ㅤㅤㅤ— Prometo, ó... de dedinho. — Estendi o mindinho e ela entrelaçou o dela ao meu.

ㅤㅤㅤ— Eu tô com tanto medo, baby... pareceu tão real!

ㅤㅤㅤ— Você quer me contar? Quem sabe assim a gente não consegue impedir que ele vire realidade? Lembra?

ㅤㅤㅤ— A gente foi pro hospital e era tarde demais. Chegamos na hora que ela estava morrendo, os médicos tentavam reanimá-la... mas ela morreu bem na minha frente. Eu abracei ela sem vida, Noah... o monitor de batimentos apitava alto, não haviam sinais vitais e eu implorava pra ela voltar pra mim. Eu não quero que isso vire realidade. — Suas palavras estavam emboladas, mas eu me esforçava para entendê-la. — Eu não quero abraçar um corpo gelado e morto, sem vida, sem o brilho dela. Eu quero minha melhor amiga. Viva. Com um abraço pequeno, mas acolhedor e quentinho.