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POV SINA

ㅤㅤㅤA porta automática da universidade se abriu e quando avistei mamãe e papai me esperando do lado de fora uma sensação estranha tomou conta de mim. Nostálgica, me lembrava de quando era pequena e papai me aguardava na porta da escola. Eu corria até os seus braços e ele me colocava em seus ombros e do mesmo jeito me levava até o carro que era premeditadamente estacionado a cerca de duas quadras dali para que o percurso fosse maior e eu pudesse apreciar a vista lá do alto por mais tempo.

ㅤㅤㅤArrastei meus passos até encontrá-los, pensativa e acho que mamãe percebeu que havia algo estranho em mim.

ㅤㅤㅤ— Sina? Está tudo bem, filha? — Sua voz melodiosa chamou minha atenção, fazendo com que eu me apressasse em ir de encontro a eles, sentando no banco de trás.

ㅤㅤㅤ— Ahn... está sim. Estava lembrando de quando era pequena e vocês me buscavam na escola. — Suspirei. — Só... uma sensação estranha.

ㅤㅤㅤ— Nós prometemos vir mais vezes e te buscar...

ㅤㅤㅤA voz do meu pai carregava culpa enquanto ele ligava o carro. Eu permaneci em silêncio, ainda pensativa.

ㅤㅤㅤEles tinham poucas horas antes de precisarem seguir viagem - a trabalho - e confesso ter achado uma atitude linda e cheia de amor eles terem desviado o caminho apenas para me visitar, embora a noite anterior não tivesse sido exatamente das melhores. Por isso aceitei o pedido deles de passarmos um tempo junto só nós três durante o almoço.

ㅤㅤㅤA lanchonete estava vazia e por isso toda vez que nosso riso em sincronia preenchia o estabelecimento, o casal da mesa ao lado parecia nos encarar com curiosidade. Dei a última mordida no meu cheeseburger e respirei fundo, colocando a mão sobre a barriga, mais do que satisfeita. Mamãe não tirava os olhos de mim, os orbes esmeraldinos revelavam preocupação e culpa, como os do meu pai.

ㅤㅤㅤ— Eu te amo, mãe... — Quebrei o silêncio.

ㅤㅤㅤNoto uma lágrima se formando no canto dos seus olhos e eu me apresso em apanhá-la, aproveitando do meu movimento para acariciar o seu rosto.

ㅤㅤㅤ— Você vai nos perdoar?

ㅤㅤㅤAinda havia mágoa dentro de mim, eu tinha que admitir. Mas eu não podia fazê-los se sentirem tão mal, era injusto.

ㅤㅤㅤ— Está tudo bem... 

ㅤㅤㅤRealmente estava?

ㅤㅤㅤMas não importava, eu só estava feliz por estar com eles e de que as coisas finalmente pareciam estar se ajeitando.

ㅤㅤㅤ— Seu namorado parece gostar muito de você.

ㅤㅤㅤAs palavras de papai pareciam sinceras. Eu sorri, balançando a cabeça em afirmação.

ㅤㅤㅤ— Sim, ele gosta muito. Ele sofreu nas minhas mãos, não pensem que eu sou uma menina boba que cai no papinho do primeiro que aparecer. — Meus olhos se reviram enquanto eu reflito sobre o que havia sido dito. — É, ok... ele foi o primeiro e único... mas ele me conquistou aos poucos, porque ele realmente se importava, sabe? Ele era pago pra me aturar e cuidar de mim, não para... — Senti meu rosto queimar com aquela conversa, era estranho falar sobre aquilo. — Para gostar de mim e se preocupar.

ㅤㅤㅤ— Por que vocês não vão para nossa cidade no mês que vem? Você pode mostrar a cidade para ele e nós aproveitamos para conhecê-lo melhor. Nós queríamos poder ficar mais, mas não podemos... se vocês forem para lá podemos passar mais tempo juntos para conhecê-lo e você pode ficar perto da Heyoon também!

02:01 | NOARTOnde histórias criam vida. Descubra agora