02:01 | NOART

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POV SINA

ㅤㅤㅤQuando foi a última vez que passei a tarde inteira rindo sem parar? Eu não me lembrava. Minhas bochechas chegaram a doer de tanto que forcei os músculos em meio às risadas.

ㅤㅤㅤConhecer Any foi inesperado para mim. Ela se aproximou gentilmente e em poucos minutos conversávamos como se eu já a conhecesse. Ela era engraçada e me recebeu como se eu fosse uma amiga, não me tratou como se eu fosse uma desconhecida que caiu de paraquedas ali. Talvez eu sentisse falta de ter uma companhia feminina, ou alguém que não me conhecesse e também não fosse obrigado a estar perto de mim todos os dias... como Noah.

ㅤㅤㅤSabina, uma das melhores amigas de Any, era desastrada. Enquanto todos dançavam, ela caía. Quando jogávamos, ela sempre batia sem querer em alguém. Já Josh... uma das pessoas mais divertidas que conheci na vida.

ㅤㅤㅤ— Como assim vocês se beijaram? — Ele contestou assim que Any me beijou. Por alguns segundos me senti mal, não queria trazer problemas para um relacionamento recém iniciado. — Se eu soubesse que isso ia acontecer eu teria me adiantado e beijava o Noah. Eu também quero beijo! — Ele abraçou o ar, movimentando a língua como se desse um beijão num maconheiro invisível.

ㅤㅤㅤEssa era a sensação de estar rodeada de amigos, eu tinha me esquecido como era.

***

ㅤㅤㅤPassei o dia inteiro comendo e saí daquela festa de barriga cheia, mas por que então tinha essa sensação de vazio dentro de mim? A luz estava apagada, meu quarto se iluminava apenas com a luz da lua que decorava o corpo celeste do lado de fora. Procurei pelo celular dentro da bolsa... e nada. Merda! Eu o havia perdido? Tudo o que precisava era colocar o fone de ouvido e permitir que minha mente viajasse para longe, para um lugar onde houvesse menos confusão. Um lugar de paz.

ㅤㅤㅤAcredito que posso ter cochilado, não sei exatamente por quanto tempo devido à ausência do meu celular. E como então havia despertado? Entreabri os olhos e pisquei algumas vezes, relutando contra o sono. Eu estava deitada sobre a minha cama e estava coberta, provavelmente vovô veio me cobrir pois fazia frio. Minhas mãos estavam geladas, precisei esfregar uma na outra para aquecê-las.

ㅤㅤㅤOuço novamente três batidas na janela.

ㅤㅤㅤSeria um gato? Meus pensamentos faziam com que meu coração se apertasse ao imaginar a situação de um felino em meu telhado passando frio.

ㅤㅤㅤMeus passos preguiçosos percorreram a distância entre a cama e o vidro gélido, que em contato com minhas mãos trouxeram a sensação fria novamente. Não havia nenhum bichinho passando frio lá fora, era apenas Noah. Abro a janela num impulso, encarando-o desconfiada. O que ele fazia ali?

ㅤㅤㅤ— Não queria tocar a campainha para não acordar o senhor Deinert e não tinha como te avisar. — Ele estendeu o meu celular, fazendo-me suspirar aliviada.

ㅤㅤㅤ— Obrigada! — Eu disse, rodopiando em meu próprio eixo. Pude ouvi-lo murmurar alguma coisa em minhas costas enquanto eu apanhava um casaco grosso, vestindo-o antes de me aproximar novamente dele. — Licença? — Peço, pulando a janela e me juntando a ele sobre o telhado.

ㅤㅤㅤEspero que as aulas sobre telhas tenha ajudado a pessoa que construiu essa casa, para alguma coisa aquela aula irritante teria que servir. Noah se junta a mim, sentando-se ao meu lado e entregando o celular em minhas mãos.

ㅤㅤㅤ— Você costuma se sentar aqui sempre? A visão é muito bonita! — Ele perguntou, pegando-me de surpresa. Assim que virei para ele, seus olhos verdes já estavam fixos em mim.