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MARATONA 04/05 | POV SINA

ㅤㅤㅤEu definitivamente não sabia o que dizer. Toda vez que abria a boca para falar era como se me faltassem palavras e eu não conseguia emitir som algum.

ㅤㅤㅤ— Sabe por que eu sou tão fichado? — Era uma pergunta retórica, obviamente. — Tráfico de drogas, direção perigosa, agressão, brigas... — Não consegui conter minha expressão embora quisesse. Meu cenho se franziu, eu estava chocada em saber que ele traficava. — Você tem razão, eu sou um drogado. Eu me drogo desde novo, pra aturar as merdas do dia a dia... e eu não conheci seu avô simplesmente no bar. Um dia eu tive uma overdose, fiquei largado na rua que nem lixo. Ele me encontrou e levou pro hospital, minha avó foi pra lá e foi assim que eles se conheceram. Eles se revezaram pra ficar comigo enquanto estava lá, nenhum amigo que eu tinha naquela época me visitou, nem minha mãe. Por isso eu gosto tanto do teu velho! — Naquele momento seu tom de voz até melhorou, ele sempre falava com muito carinho do meu avô. — Ele me ajuda pra caralho, me tirou da cadeia várias vezes, me ajuda a ter dinheiro pra comer... mesmo eu sendo quem sou.

ㅤㅤㅤ— Ele gosta muito de você e uma vez ele me disse que você era a melhor pessoa que eu poderia ter como companhia e é verdade. — Custei a dizer aquilo, não queria que ele se achasse. — Você é um drogado sim, é chato, intrometido, insuportável as vezes... mas você tem um coração como ninguém. Quando eu te vi, imaginei que você seria aqueles badboys que não ligam pra nada mas você se importa com as pessoas. Vovô sempre me fala de você com muito carinho e eu sei que ele não te vê assim, eu também não vejo. Vejo uma pessoa que apanha pelos outros. — Brinquei.

ㅤㅤㅤ— Você não entende, Sina...

ㅤㅤㅤ— Você tem seu jeito de lidar com as coisas, cada um sabe da dor que carrega. — Suspirei, era difícil falar desse tipo de coisa. — Você não precisa ser esse garoto forte que protege as pessoas sempre, está tudo bem você ter sentimentos!

ㅤㅤㅤ— Olha quem fala... a própria Elsa. Sério... quando eu te conheci pensei em sair pra comprar um martelo pra ver se conseguia quebrar aquele gelo todo.

ㅤㅤㅤ— E você continuou ali mesmo assim...

ㅤㅤㅤ— Era o meu trabalho.

ㅤㅤㅤ— Seu trabalho é ser chato! — O corrigi.

ㅤㅤㅤ— Você gosta.

ㅤㅤㅤ— Convencido. Podemos tomar sorvete e ver o filme? — Antes dele responder já me apressei em apanhar o sorvete, dando uma colherada.

ㅤㅤㅤ— Sim! Só não vamos ver de terror senão a princesa vai ter pesadelo. — Ele tinha que voltar a ser o mesmo chato de sempre.

ㅤㅤㅤ— Não foi esse tipo de pesadelo.

ㅤㅤㅤ— O que foi então?

ㅤㅤㅤ— Não quero falar sobre isso... — Encerrei o assunto, ligando a televisão.

ㅤㅤㅤ— Ah... antes que eu esqueça. Amanhã quando você sair da aula preciso muito da sua ajuda... — Me virei para encará-lo, esperando que ele continuasse. — Você conhece alguma floricultura que venda peônias? E alguma loja que venda bolo de morango? — Ergui a sobrancelha. — Amanhã é aniversário da Any, peônia é a flor favorita dela e ela ama morango.

ㅤㅤㅤ— Quem é Any? — Perguntei por impulso.

ㅤㅤㅤEle abriu um sorriso tão grande que parecia se estender de uma orelha à outra.

ㅤㅤㅤ— A Any? — Ele suspirou antes de continuar. — Ela é uma amiga...

ㅤㅤㅤAmiga, sei.

ㅤㅤㅤ— Não, não sei. — Eu respondi nitidamente incomodada. Sério mesmo que ele queria que eu gastasse o meu tempo com uma desconhecida? Eu tinha mais o que fazer do que ficar procurando presentinhos para agradá-la.

ㅤㅤㅤ— Preciso muito da sua ajuda... depois você pode me ajudar com a decoração? Tem que estar tudo certo às 14, que é quando ela chega.

ㅤㅤㅤ— Tá. Agora podemos ver o filme? Já são 2:34 e logo preciso dormir. — Cruzei os braços irritada. Nem eu mesma entendia o porquê de me irritar tanto, mas é claro que era porque tinha muito trabalho para fazer e não queria ir a essa tal festa.

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