02:01 | NOART

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POV NOAH

ㅤㅤㅤAquele havia sido um dia difícil pra caralho. Minha cabeça doía, mas eu nunca ia imaginar que acabaria daquele jeito: com Sina em meus braços na cama dela. 

ㅤㅤㅤTudo estava bem.

ㅤㅤㅤSuas palavras não saíam de minha mente e tudo começava a ficar claro, o porquê dela agir daquele jeito maluco e porque ela era tão insegura com tudo.

ㅤㅤㅤEu me deitei ao seu lado e envolvi seu corpo, era como se naquele momento ela parecesse menor do que realmente era e eu queria protegê-la de todos os pensamentos que poderiam rondar aquela cabeça teimosa que ela tinha. 

ㅤㅤㅤSenti o seu nariz gelado em contato com o meu pescoço, a sua respiração que se chocava contra a minha pele me causava arrepios, mas eu tentei ignorar aquilo. Tratei apenas de cuidar dela, acariciando seus cabelos e fazendo-a se sentir leve e tranquila até que dormisse. Mas eu não conseguia dormir.

ㅤㅤㅤ"Eu gosto de você também, é claro que gosto!"

ㅤㅤㅤPorra, eu queria muito que as coisas fossem diferentes. Mas era bom saber que ela sentia algo por mim, porque ela me fazia bem e eu gostava de saber que talvez eu tivesse uma chance algum dia. Eu nunca tinha conhecido alguém como ela, parecia até que ela não era real.

***

ㅤㅤㅤAcordei e me mexi na cama, sentindo o vazio ao meu lado. Demorei para assimilar o que estava acontecendo, bocejando algumas vezes enquanto meus olhos se acostumavam com a luz. Sina estava sentada no chão e eu a ouvi fungar, ela estava chorando. De novo. Ajeitei os cabelos, respirando fundo antes de me levantar e ir até ela.

ㅤㅤㅤ— Tá tudo bem? — Perguntei, me sentando ao seu lado.

ㅤㅤㅤEla ficou em silêncio, mas sua mão buscou a minha e eu as entrelacei. Embora eu que devesse confortá-la, ela que começou a afagas as costas da minha mão com o polegar.

ㅤㅤㅤ— Você disse um passo de cada vez... — Ela sussurrou. — E eu quis dar o primeiro passo, que é me libertar das coisas dele. Acho que mexer nisso me machuca muito mais e me prende a ele... acho que eu preciso deixar ele ir de verdade, por mais que doa... — Sua voz foi cortada por um soluço e eu a encarei com um sorriso orgulhoso, apertando sua mão. Permaneci quieto para deixá-la falar, colocar pra fora. — Ele não vai voltar... então as coisas dele tem que ir também.

ㅤㅤㅤ— Você tem certeza? — Questionei, não queria que ela fizesse algo que fosse se arrepender depois. — Não era disso que eu tava falando, beleza? Eu só queria que você soubesse que não vou dar passo nenhum que invada seu espaço!

ㅤㅤㅤ— Eu sei, bobo... eu acho que preciso mesmo. — Ela pegou aquele moletom que usava na noite anterior e só de olhar para aquela peça meu coração parecia apertar, uma sensação ruim demais. Ela afundou o nariz ali, como se sentisse aquele cheiro uma última vez. Uma lágrima escorreu pela sua bochecha. — Acabou. Preciso levar isso pra alguém que precisa... pra doação, sei lá. E eu preciso seguir em frente, sem algo que me lembre disso todos os dias! 

ㅤㅤㅤ— Eu disse que você é forte, marretinha! — Limpei seu rosto e a puxei para mim, deixando um beijo em sua testa e a abracei. — Bora? Eu te levo se quiser... depois podemos aproveitar pra aproveitar o dia. O pessoal disse que vai andar de skate, você sabe andar?

ㅤㅤㅤ— Não... — Ela fez uma careta, o que me fez rir.

ㅤㅤㅤ— Eu te ensino.

***