Capítulo 13

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            Notas da autora:
Olá amores e amoras, voltei com mais um cap e esse terá uma conversa bem séria entre mãe e filhos, espero que gostem, um beijão enorme e até sábado.
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Mariana
 
 Com a cabeça repousando sobre o travesseiro, repasso novamente todo o dia de hoje, voltar ao curso não foi nada motivador além do mais a proposta de Oliver ainda ronda minha mente.

"Será mesmo que ir passar um tempo em sua casa é uma boa ideia?"

 Uma parte do meu subconsciente afirmava que sim, é uma ótima ideia conhecer novos ambientes, novas pessoas, interagir com minhas novas primas e como minha tia, contudo uma outra parte basicamente grita fazendo eco em minha cabeça de que está ideia é terrível, afinal passaram-se quase 20 anos que minha mãe e minha avó não colocavam os pés por lá, então com certeza há uma razão muito plausível para não ir. É uma situação confusa da qual a escolha não depende apenas da minha pessoa, mas também da decisão da minha mãe e de meu irmão.

 Enclausurada em meu quarto, fecho os olhos, todavia meus pensamentos estão agitados demais para se manterem controlados, por tanto levanto-me novamente da cama e olho para minha mesinha de cabeceira onde encontra-se meu celular. Suspirando fortemente estico meu braço até a mesinha e calmamente pego o aparelho que logo acende sua tela apresentando-me a tela de bloqueio e o relógio que no momento já marca 23:30 da noite, sendo sincera sinto que o sono não virá tão cedo, então sem muitas opções jogo minhas pernas para fora da cama e logo após levanto-me e completamente descalça, guio meus passos até a porta do meu quarto, e já próxima levo minha mão livre até a maçaneta e logo abro por completo a porta projetando meu corpo para fora do ambiente. Ando pelo silencioso corredor até a sala e assim que chego a mesma, vejo a luz acesa e minha mãe sentada ao sofá.

  Sinto um pequeno vinco se formar em minha testa, assim que semicerrei os olhos tentando adaptar-me melhor a claridade do ambiente, dei alguns passos cautelosos, e fui aproximando-me do sofá onde mamãe está e logo sento-me ao seu lado.

— Também não consegue dormir mãe?

 Ela levanta seu olhar e logo vejo seus olhos cheios de lágrimas encontrarem os meus, não era necessário palavras naquele momento, pois eu sabia que a dor ainda a consumia terminantemente. Sentindo meu olhos também marejarem eu logo lhe abraço e respiro profundamente, tentando conter as lágrimas que já insistiam em escapar. Quando em fim estávamos mais contidas, eu separo-me ligeiramente de minha mãe e foco meu olhar no seu.

— Mãe... eu sei que talvez não seja fácil ter essa conversa no momento, mas não podemos prorrogar nosso silêncio sobre o assunto, diga-me a verdade, toda a verdade em relação a nossa família.
— Filha...
— Não é fácil mamãe, mas tem que ser feito, diga-me o porque nunca nem se quer contou-nos sobre nossa família, você sempre soube o que eu sinto em relação ao Oliver, tudo bem que na época ele para mim era inalcançável mas agora é diferente, ele não é só alcançável como também é meu primo, e tirando por base seu histórico familiar que ironicamente passou a ser o nosso também, eu você e o Matheus temos mais influência do que eu já mais imaginei.— Com um suspiro forte, mamãe ajeita-se ao meu lado e logo limpa rapidamente a face.
— É uma história longa Mariana, e além de longa não muito agradável.
— Temos a noite toda mãe.— Matheus pronuncia-se assustando não só a mamãe mas a mim também.
— Por Deus garoto, o que custa avisar que está ai?— Pergunto ainda com a mão direita sobre o peito.
— E perder essa reação que você teve agora? Não, eu prefiro manter-me no anonimato e lhe dar um pequeno susto.
— Sem graça.— Meu irmão logo, afasta-se do batente do corredor e vem em nossa direção, e já próximo ele senta-se ao meu lado no sofá.
— Mãe chegou o momento de ser sincera em relação a nossa família, vovó infelizmente se foi, mas sua partida nos acarretou dúvidas e parentes que nunca nem sonhamos em ter.
— Eu sei meu filho, mas mesmo assim, não é fácil lhes contar tudo que aconteceu.
— Eu imagino que realmente não seja mãe, mas tem que ser feito.— Digo envolvendo as mãos de minha mãe com as minhas, e as acariciando levemente.
— Vocês tem razão, mas olhem não vai ser fácil o que vou falar aqui.
— Estamos prontos para escutar mãe.— Meu irmão se pronuncia novamente, e logo em seguida ajeita-se melhor ao meu lado.
— De certa forma a história que eu e sua avó contamos a vocês não está totalmente fora de contesto. Obviamente nos nunca moramos em Saragoça na Espanha, mas já a visitamos, por isso a escolhemos para se "encaixar" em nossa história. E o avô de vocês realmente era muito respeitado, afinal era herdeiro da "La Stone" e um homem honesto e de boa índole. Aos meus 19 anos eu conheci Daniel, um homem totalmente diferente dos outros, ele era um verdadeiro aventureiro que passava seus dias navegando e indo de pais a pais através do seu barco o "El Lírio".
— Papai era um navegador?— Pergunto aproximando-me mais de minha mãe.
— Seu pai era um capitão, na verdade o mais lindo, prático e carrancudo capitão que eu já vi na vida.
— E como vocês se conheceram?— Questiona meu irmão.
— Seu tio-avô Thomas, sempre fora um dos filhos mais rebeldes de seu bisavô, e por mais rico que fosse, sempre preferiu aventurar-se no desconhecido, e quando completou 18 anos tornou-se um marinheiro da tripulação de El Lírio enquanto meu pai comandava a empresa da família. Thomas passou anos em alto mar e quando completou 47 anos, ele voltou para casa aposentando-se de vez do uniforme de marinheiro. Ele passou anos sem contato nem um com qualquer integrante da tripulação, porém justamente no dia do meu aniversário de 19 anos, Daniel que era filho do capitão na época e se tornou amigo de seu tio-avô mesmo ele sendo um pouco mais velho, veio o visitar e lhe dizer que havia sido nomeado capitão após o falecimento de seu pai há alguns anos atrás. Essa visita nos rendeu um encontro na sala de estar, naquele dia eu acabava de chegar do trabalho e encontrará o mesmo na sala com meu tio, conversando, rindo e bebendo um copo generoso de rum. Apaixonei-me por ele no mesmo momento em que trocamos olhares.
— E o vovô realmente gostava do nosso pai?
— Gostava sim, seu avô achava o Daniel um homem de fibra, mas claro que no primeiro momento que soube do nosso envolvimento não ficou muito feliz, contudo com o tempo ele se empolgou completamente com a ideia de Daniel ser seu genro, e nessa mesma época o tio de vocês tinha acabado de casar-se com Heloísa.
— A mãe do Oliver.
— Exatamente, ela já estava grávida do Oliver quando se casaram. Mas Daniel nunca gostou muito da Heloísa e para ser sincera eu também nunca gostei muito dela e nem avó de vocês.
— Por que?— Matheus e eu perguntamos em uníssono.
— Heloísa é o tipo de mulher arrogante que adorava destilar veneno disfarçado de conselho para as pessoas, além do mais Daniel por diversas vezes citava que ela lhe lembrava alguém do qual ele não gostava nem um pouco.
— Entendi.— Digo ainda processando todas aquelas informações.
— Bom encurtando um pouco a história, o pai de vocês e eu decidimos nos casar e para pedir a minha mão em casamento e também como uma prova do seu comprometimento, Daniel deu ao meu pai um broche prateado de Lírio completamente cravejado de diamantes puríssimos.
— O mesmo que a vovó me deu dias antes de seu falecimento.
— O próprio, ele esteve por gerações na família de Daniel, meu pai recebeu o presente de bom grado e concedeu minha mão em casamento para ele e um ano depois nos casamos e assim que fiquei grávida, o pai de vocês pendurou de vez o chapéu de capitão e assim que a Mari nasceu ele começou a trabalhar junto com meu pai na empresa da família mas...
— Sempre tem um "Mas".— Sussurra Matheus.
— Depois que engravidei pela segunda vez, algumas coisas estranhas começaram há acontecer.
— Como assim mãe?— Pergunto aflita.
— Algumas pequenas quantias de dinheiro começaram a sumir da conta pessoal da família, além disso algumas joias da minha mãe também começaram a desaparecer, o pai de vocês muito intrigado começou uma espécie de "investigação" junto com o meu tio Thomas, foram meses assim, eu pedi por diversas vezes para eles não continuarem com essa ideia absurda, mas Daniel era teimoso e o tio-avô de vocês também, eles continuaram a investigação e em uma certa madrugada meses após o nascimento de Matheus, Daniel levantou-se rapidamente, trocou de roupa deu um beijo em minha testa e disse-me que logo voltaria, eu insisti muito para que ele não saísse assim em um rompante pela madrugada, mas ele disse que teve um vislumbre de quem poderia estar roubando a família e que se estivesse certo, pegaria a pessoa naquela noite, mesmo implorando ele acabou indo. Passou-se horas e ele não voltou para casa e somente no dia seguinte e que veio a notícia que ele estava no convés de El Lírio quando houve uma explosão no deck, essa explosão destruiu completamente o navio e seu pai foi dado como desaparecido, a polícia passou meses buscando por ele, mas nada além de sua camisa ensanguentada foi encontrada boiando perto do cais.
— Mas o papai não tinha "Pendurado" o chapéu?
— Sim filho ele tinha, até hoje eu não faço ideia do que ele foi fazer de madrugada voltando até o El Lírio.— Diz mamãe tristemente.
— E o vovô mãe?— Minha mãe logo desvia seu olhar para mim, mas em seguida suspira.
— Ele ficou completamente devastado pois considerava o pai de vocês um filho, com o passar dos dias ele foi ficando fraco e mais fraco e mais fraco, e certo dia subitamente ele acabou tendo um AVC, ele foi levado ao hospital mas infelizmente meu pai não resistiu, depois disso vocês sabem o restante da história.
— Sabemos, mas não justifica a senhora e a vovó se afastarem definitivamente de todos.
— Por favor Mariana não questione minha decisão e a de sua avó nesse momento, não faz isso comigo filha.
— Tudo bem mamãe, perdoe-me.
— Mãe e em relação a proposta de Oliver?— Matheus intervém no assunto.
— Sinceramente eu ainda não sei se realmente é uma boa ideia.
— Talvez seja uma oportunidade para nos distrair desse momento conturbado de nossas vidas.
— É filho talvez, mas deixe-me pensar mais um pouco ok? voltar para Bogotá principalmente neste momento não será simples muito menos fácil.
— Mamãe tem razão Matheus.
— Bom meus filhos já está tarde, e amanhã vocês precisam acordar cedo, vamos voltar para as camas.
— Certo mãe.

  Inclino-me em sua direção, depósito um beijo em sua bochecha e logo depois levanto-me, enquanto observo meu irmão repetir os meus gestos. Claro que a resposta de minha mãe sobre o assunto da falta de comunicação entre nos e nossos parentes ainda permanece no ar, contudo eu não a irei pressionar, não por agora.

— Boa noite mãe.
— Boa noite Mari.
— Boa noite mamãe.
— Boa noite meu filho.

 Matheus também levanta-se e anda em minha direção e já próximo, ele abraça-me de lado e logo nos guia te nossos quartos.

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