Capítulo 37

27 8 0
                                    

          Notas da autora:
Último cap de hoje mores, espero que gostem, um beijão e vejo vocês no próximo sábado.
_______________________________

Matheus

Jogado em minha cama passeio pelos canais de TV em busca de algo interessante para assistir porém nada realmente chama minha atenção, desanimado desligo o aparelho e logo fecho os olhos e respiro fundo, quero ir para casa não vejo sentido algum em ainda ficarmos aqui, afinal claramente a mulher do meu tio não gosta de nos e muito menos Karoline sua filha mais enjoada e fresca.

Ainda deitado coloco minhas mãos atrás da cabeça pronto para tirar um cochilo, mas meus planos são interrompidos com uma leve batida na porta, revirando os olhos autorizo a entrada da pessoa e minutos depois a porta é aberta e por ela passa Daniela, imediatamente sento-me na cama e a olho mais atentamente.

— Oi.
— Oi Dani.
— Posso conversar com você?
— Pode sim.— De um modo tímido ela se aproxima mais da cama e eu lhe dou espaço para se sentar.— Você tá legal?
— Na medida do possível estou bem, cheguei agora a pouco da psicóloga.
— E com foi a sessão hoje? — Ah foi bacana, bom tirando a parte de narrar meus sonhos tudo de novo até que foi legal.
— Você tá indo bem, só precisa se soltar um pouco mais.
— Uma hora eu chego lá.
— Teve pesadelos essa noite?
— Sim, e sempre é o mesmo uma mulher de vestido vermelho com isqueiro prata na mão, ela acende o isqueiro e se abaixa colocando fogo no chão que parece estar coberto de algo inflamável e logo atrás ouço gritos e depois tudo some e eu acordo desesperada.
— E como sua psicóloga reagiu a esse sonho quando você o contou?
— Ela me falou que pode ser uma lembrança ao invés de um sonho, algo que tenha me marcado tão profundamente que eu não consiga deixar para trás, porém é aí que está o problema não consigo me lembrar de algo que tenha visto nesse sentido.
— Bom neste caso não sei bem como te ajudar.
— Você já me ajuda sendo meu amigo e me ouvindo.

Sorrio para ela enquanto marco seus delicados traços em minha mente, rosto fino, cabelo castanho curto, pele clara e aparentemente macia, olhos azuis, corpo magro e delicado e lábios finos e avermelhados, Daniela é linda apenas as bolsas escuras embaixo dos olhos é que a deixa com um aspecto de cansada e triste. Dês do dia que cheguei a está casa e a vi, senti uma enorme necessidade de estar próximo a ela e confesso que não foi difícil aproximar-me, poucas pessoas repararam em nossa aproximação o que nos dá uma liberdade maior de conversar sem sermos interrompidos.

— Estou entediado aqui.
— O que acha de irmos dar um pequeno furto na geladeira da cozinha antes do almoço?
— O almoço está quase pronto, tem certeza de que vai comer besteira antes?
— Claro, afinal só se vive uma vez.

Balançando a cabeça negativamente enquanto dou risada, deixo-me ser arrastado por Daniela para fora da cama e para fora do quarto, ambos passamos pelo enorme corredor e logo chegamos as escadas que nos rapidamente descemos e sem demora passamos pela sala de estar e chegamos a cozinha. Mas antes mesmo de passarmos pela porta ambos vemos Heloísa parada no meio do cômodo falando com alguém, achando estranho faço um sinal de silêncio para Dani que concorda e devagar vamos nos aproximando da porta para ouvir a conversa melhor.

— Você já sabe, são quatro gotas apenas e lembre-se devem estar somente em três pratos específicos.
— Sim senhora.
— Ótimo, depois me entregue o frasco e tome cuidado com isso Márcia não vai esquecer.
— Pode deixar senhora Heloísa.

Sem entender nada do que está acontecendo olho para Dani que tem seus olhos arregalados, sabendo que as chances de sermos pegos é grande eu logo trato de segurar delicadamente o braço de Daniela e a puxar para longe da entrada da cozinha, silenciosamente a puxo para outro corredor que logo nos leva até uma espécie de mini biblioteca e já dentro do local, solto o braço dela e respiro devagar.

— O que foi aquilo?— Pergunto preocupado.
— Também quero saber, e o que tinha naquele frasco.
— Não sei não Dani, espero que sua mãe não esteja aprontando nada.
— Como certeza ela está, talvez aquele frasco seja laxante.
— O problema é por que dar um vidro de "laxante" para uma funcionária e detalhar que devem estar somente em três pratos.
— Talvez não seja laxante, talvez seja um tempero ou algo do tipo.
— Nem você acredita nessa Dani.— Balançando a cabeça positivamente ela suspira e olha-me atentamente.
— Vamos torcer para não ser nada, sei como minha mãe é e de verdade eu não coloco minha mão no fogo por ela.

Concordando respiro fundo e cruzo os braços e questiono-me novamente, o que a mulher do meu tio estava entregando a moça da cozinha?

Daniela
Duas horas depois.

O almoço foi razoavelmente normal o que não é surpreendente, contudo minha desconfiança em relação aos pratos de comida foram tantas que eu mal coloquei a água na boca. Conheço perfeitamente minha mãe e sei que algo ela está aprontando e pela cara de satisfação da Márcia de pegar o vidrinho das mãos dela mostra-me que coisa boa não é.

Preocupada ando em direção ao quarto de Mariana, precisa alerta-la do que vi, andando apressadamente passo pelos quartos de hóspedes e em seguida passo em frente ao quarto de meus pais, a porta está aberta e praticamente escancarada de relance guio meu olhar para dentro do cômodo e no mesmo instante paro estática a onde estou, imediatamente foco meu olhar e sinto meus olhos se encherem de lágrimas, meu corpo começa a tremer e minhas mãos soarem loucamente.

— Não... não... isso não é real, não é real.
Sentindo meu peito arder vou andando para trás até finalmente encostar na parede, meu ar começa a ficar escasso e minha visão vai ficando cada vez mais turva enquanto minha mente ainda grava a imagem de minutos atrás.
— ISSO NÃO É REAL.... não é real.

  Escorrego pela parede enquanto sinto meu corpo tremer e minha cabeça girar, assustada a coloco entre minhas pernas e em seguida a cubro com minhas mãos.

— Não é real... não é real.
— Dani? você está bem? ouvi gritos.
— Não é real... não é real. — Balança meu corpo copiosamente enquanto ainda mantenho os braços e mãos protegendo minha cabeça.
— Dani o que aconteceu?— Ouço a voz de Mariana, contudo agarro mais fortemente minha cabeça enquanto sinto as lágrimas banharem minha face.
— Não... não...
— Dani pelo amor de Deus o que está acontecendo?
— Fica longe, fica longe, isso não é real não é.
— Santo Deus.
— Não é real.
— OLIVER... TIO FLÁVIO...
— Fica longe.
— Meu pai amado... ALGUÉM POR FAVOR ME AJUDA AQUI.— Ao longe ouço passos apressados e algumas vozes, porém o desespero se torna maior ao reviver as imagens de alguns minutos atrás.
— O está acontecendo?
— Não sei Oliver, ouvi ela gritando no corredor e assim que cheguei aqui a encontrei assim, encolhida e dizendo algo sobre não ser real.
— Ela está tendo uma crise de ansiedade.— Diz meu irmão.— Dani...— Sinto mãos fortes tocarem calmamente meus braços.
— Não.— Encolha-me mais enquanto sinto a tremedeira tomar conta de meu ser.
— Sou eu Dani o Oliver.— Suas mãos acariciam novamente meus braços.— Se acalme irmãzinha.
— Não é real.
— Tem razão, não é real agora fique calma ok? sou apenas eu seu irmão mais velho.
Devagar vou afrouxando meus braços e calmamente ergo minha cabeça, assim que abro meus olhos encontro a face de meu irmão parado observando-me calmamente.
— Eu vi, não pode ser real.
— Você está certa, não pode e não é real, olha vou pegar você ok? — Assustada concordo, devagar ele se aproxima mais e envolve seu braço em minhas pernas e logo depois seu outro braço vai para minhas costas, nos minutos seguintes sinto meu corpo ser retirado do chão. Soluçando agarro a camiseta de meu irmão e escondo minha face em seu peito.
— O que está acontecendo aqui?
— Ela teve uma crise pai.
— Santo Deus, faz meses que isso não acontece.
— Sim, não sei o que desencadeou isso, mas vou a levar para descansar.
— Está bem.

Calmamente sinto meu irmão se mover e minutos depois ele para abre uma porta, entra no cômodo e coloca-me deitada na cama, com  medo de solta-lo, agarro mais firmemente sua camisa.

— Está tudo bem Dani, pode soltar.— Nego com a cabeça enquanto o aperto com mais força.
— Respira de vagar e solta calmamente. — Faço o que ele me pediu e depois repito o mesmo processo novamente.— Isso só soltar Dani é só me soltar.

Tremula vou soltando sua camisa e relaxando meu corpo que devagar vai descendo até a cama, e assim que estou completamente deitada meu irmão beija minha testa e cobre-me e depois senta-se na cadeira em meu quarto, respirando mais aliviada permito-me relaxar enquanto tento esquecer o que vi mais cedo.

Lírio De PrataWhere stories live. Discover now