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Maria Luiza

Voltei pra casa sentindo o sol torrando na minha cabeça e apenas soltei o ar vendo os meninos conversando na porta da casa deles, passei por eles e em conjunto eles falaram "bom dia." Respondi eles indo em direção a minha casa e entrei.

Não sei porque, mas de qualquer forma eu me sentia segura porque sabia que se acontecesse algo diferente, eles iriam cuidar do Caio nas noites em que eu não estivesse. Porque parecia que eles passavam o dia todo ali, na verdade eram poucas das vezes que eu passava por aqui e não via eles.

Entrei em casa, sete horas da manhã. Fui direto tomar um banho e só assim destranquei a porta do quarto, indo deitar do lado meu filho, abracei o corpo dele lhe estendendo beijos pela cabeça e ele nem se moveu.

Dormi calmamente jogando todo meu cansaço ali e quando acordei, estava perdida em questão de horas. Me levantei coçando a cabeça e vi onze da manhã, eu já estava acostumada a acordar essa hora ou até mais cedo por causa da escola do Caio.

Malu: Filho? - Gritei por ele, deitando na cama de novo e ele logo apareceu correndo.- Tá com muita fome?

Caio: Comi um pão com queijo.- Falou subindo em cima de mim e me abraçando.

Malu: E o que você quer almoçar? - Falei recebendo vários beijos dele.

Caio: Qualquer coisa.- Falou saindo de cima de mim e deu os ombros.- Queria ir pra casa do Luiz hoje.

Malu: E se eu fizer lasanha e ele vim almoçar com a gente? - Dei uma ideia melhor e ele logo abriu um sorriso.

Estendi meu celular pra ele que pegou e foi ligar pro Luiz, por ele ser filho chefe do tráfico, o moleque tinha dez anos e um celular melhor que o meu, o que eu achava engraçado e um tanto quanto desnecessário, mas o filho não é meu, então eu não tenho nada a ver.

Observei meu filho convidando o melhor amigo pra cá e um sorriso enorme no seu rosto ao desligar o celular. Me levantei indo tomar um banho e fui pra cozinha começando a fazer o almoço, quase uma hora depois já estava tudo pronto e bateram no portão. Fui com o Caio até lá fora e abri o portão, vendo o Luiz com o seu pai, que encarava o filho quando eu abri o portão.

Luiz me cumprimentou, abraçou o Caio e ele puxou o Luiz, que estava com umas vasilhas em mãos com bolo e comida da festa, pra dentro de casa. O pai do luiz me olhou e eu olhei pra ele, esperando ele falar algo.

Trovão: Não deixa ele sair daqui sozinho, quando ele quiser ir embora manda algum moleque da rua aqui me acionar.- Apontou.

Apenas confirmei com a cabeça e ele deu as costas, fechei o portão trancando o mesmo e entrei vendo os dois conversando animadamente sobre os desenhos da tv.

Por uns segundos abri um sorriso fraco ao saber que o pai do Luiz, apesar de parecer um total escroto, confiava em mim pra deixar o seu filho aqui. E não me tratava com desdém igualmente a ex mulher dele, isso era confortante.

Almocei com os dois enquanto apenas escutava, pois não tinha espaço de fala entre eles, e na real mesmo nem entendia muito bem o que eles falavam entre si, porque era um mundo além. Mas amava essa amizade e via que fazia bem pra ambos!

Estávamos tranquilos, eles brincando no chão da sala enquanto eu mexia no celular e intercalava entre olhares pra eles, que davam boas risadas. E eu pensava na sorte que meu filho tinha por ter o Luiz como melhor amigo, porque ele era um menino muito educado e fofo, o que me intrigava era que ele parecia ser totalmente diferente dos pais.

Tomei um susto com alguém batendo no portão e me levantei, fui até lá e os meninos me seguram, quando abri o portão senti alguém voando pra cima de mim. A mãe Luiz veio pra cima de mim me dando um tapa no rosto e eu andei pra trás, protegendo meu filho de qualquer surto daquela vadia.

Luiz: Mãe! - Gritou.

Alicia: Não chegue perto do meu filho, ouviu? Sua puta do caralho.- Gritou apontando pra mim, ela tentou vim pra cima de mim e um dos meninos que moravam na esquina apareceu.

Ele segurou ela mandando ela sair e ela arrastou o Luiz que tentou se soltar dela, eu estava incrédula encarando aquilo e sem reação nenhum.

Caio: Mãe, tá tudo bem? - As palavras dele me fizeram voltar por um segundo a realidade e eu encarei ele, que me olhou assustado.

Apenas confirmei com a cabeça beijando a cabeça dele e passei a mão no meu rosto. Eu queria ter ido pra cima daquela mulher e arrancado cada fio daquele cabelo falso dele, falso e desidratado. Queria ter arrancado cada fio, daquela extensão de cílios e fazer ela sair daqui chorando, com sangue no rosto todo.

Mas eu nunca iria fazer isso na frente do filho dela, e até mesmo do meu filho, porque isso não era postura de mulher.

Eu ainda estava tentando racionar, uma moto parou na frente da minha casa, meu portão estava aberto e algumas das vizinhas fofoqueiras olhavam pra dentro, tentando encontrar alguma fofoca.

Trovão: Qual foi do bagulho? - Sua voz saiu ríspida, parecia que ele tava bolado pra caramba.

Caio: A sua mulher bateu na minha mãe e levou o Luiz daqui, ela machucou ele, eu vi! - Falou na minha frente, e pelo tom de voz ele tava muito chateado.

Malu: Filho, entra pra casa.- Falei e ele iria me contestar, mas encarei e foi suficiente pra ele entrar resmungando e muito chateado.

Trovão: O que aconteceu, garota? - Olhei pra trás dele, onde seu irmão tava ali parado de braços cruzados.

Malu: A maluca da tua mulher me xingou, me bateu na frente do meu filho e do próprio filho. Fica de aviso pra você e pra ela, se eu bater de frente com aquela filha da puta e ela tiver sozinha, eu vou fazer ela chorar pedindo perdão! - Falei séria, mas minha vontade era de gritar isso e colocar pra fora toda raiva que eu sentia, descontar tudo nele.

Trovão: Isso aí é b.o teu e dela, resolve com ela.- Dei os ombros.- Mas foi mal aí pelo acontecido!

Ele saiu falando alguma coisa pro irmão que concordou e eu fechei o portão, senti vontade de chorar e segurei o choro entrando em casa. Quando entrei, o Caio tava quietinho e encolhido no canto, com cara de choro.

Primeira dama Onde as histórias ganham vida. Descobre agora