Primeira dama

10

Trovão

Criança quando coloca qualquer bagulho na cabeça, já era neguinho! Eu tava tentando marolar na paz, finalzinho de domingo naquele pique, tava nem afim de sair, queria fica tranquilão no meu canto e o moleque fica me perturbando.

Luiz: Pai, por favor! A mamãe bateu na tia malu, eu só quero pedir desculpa.- Ele tava me balançando e eu tava tentando assistir o filme.

Trovão: Não foi tu que bateu, a Malu aí sabe que tu não tem nada a ver. Relaxa a mente, vai dormir.- Falei sem olhar pra ele e escutei o salto da minha coroa andando pela casa.

Lúcia: Levanta esse rabo e vai fazer o que o garoto tá pedindo, ele tá certo. Alicia foi por lá por causa dele, aprende com ele como é ter educação.- Falou colocando o brinco e eu encarei ela.

Trovão: Tu vai pra onde velha? Se manca metida.- Falei boladão.

Lúcia: Eu vou pro pagode, vida de novinha é curtir.- Falou beijando a cabeça do Luiz.- Vá fazer o que ele tá pedindo, Thiago.

Trovão: Thiago não, trovão! Tá achando que vulgo é de bobeira? - Encarei ela, que tava na minha frente.

Lúcia: Quando na porra da sua certidão tiver esse vulgo horrível, eu te chamo assim, Thiago.- Apontou e eu neguei com a cabeça, ela beijou minha testa e se afastou.

Trovão: Se tu não voltar antes de amanhecer, eu vou te caçar maneiro.- Apontei.

Lúcia: Vai tomar no cu.- Falou passando pela porta e o Luiz gargalhou, encarei ele batendo na barriga dele e ela se sentou.

Luiz: Você ouviu a vovó, vamos na tia.- Falou animado.

Trovão: Vou parar de te dar moral, garoto.- Falei me levantando.

Peguei minha blusa colocando no ombro e desliguei a televisão, Luzi saiu correndo e eu fui atrás rodando a chave da moto, sai de casa direto pra casa da safada lá e parei buzinando. Luiz desceu da moto batendo no portão e não demorou muito pra a safada aparecer, ela olhou pra mim sem entender e o Luiz pediu desculpa, ela soltou um sorriso e falou que tava tudo bem, que ele não tinha nada a ver com isso.

Encarei ela dos pés a cabeça e nem parecia a merma novinha toda montada, se eu não soubesse, nem diria que ela era uma safada.

Malu: Ou, tá viajando? - Olhei pro Luiz, que me encarava assim como ela.- Entra aí pra comer.

Trovão: A gente não tá afim não, só vim trazer ele pra falar contigo.- Neguei.

Malu: Ele quer comer, então espera pelo menos ele comer.- Apontou pro Luiz que tava com cara de malandro.

Trovão: Caralho cara, parece que tu não come em casa! - Apontei pra ele, e ela soltou uma risada fraca.- Pode ir lá, eu espero aqui.

Ela deu os ombros e o Luiz entrou correndo, me encostei na moto e peguei meu celular, fiquei mexendo ali por um tempo mas tava bolado com a demora e decidi entrar. Fechei o portão depois de passar e apareci dentro da casa, Luiz mal comia, só sabia conversar com o Caio.

Quando ele me viu, começou a comer e eu neguei com a cabeça. O Caio me olhou mas logo desviou o olhar, parecia que ele tinha medo e nem queria chegar perto de mim.

Luiz: Tava comendo sim viu, pai.- Balancei a cabeça, me sentando na sofá.

A safada tava sentada no sofá, mas eu tava em um canto e ela em outro. Ela tava mordendo a unha e me encarou, olhei pra ela da mesma forma e ela desviou o olhar, olhando pra unha. A única coisa que dava pra ouvir ali era os moleques conversando sobre algum bagulho que nem eu sabia o que era, cruzei os braços e a outra ligou a tv, tava passando algum bagulho pique novela e ela começou a assistir e eu desviei o olhar encarando ela de lado por uns segundos.

Malu: Tô te incomodando em algo? - Chamou minha atenção e eu virei, encarando ela de vez.

A safada soltou uma risada irônica e se ajeitou no sofá, neguei com a cabeça ignorando aquela maluca da cabeça e mandei o Luiz cuidar pra poder meter o pé.