31

117K 9.7K 3.4K
                                    

Maria Luiza

Quando eu entrei tive maior susto de novo, um homem que dava dois de mim, com cara de bravo pra caralho, parecia que ia me bater a qualquer momento, estava no meu sofá. O trovão também, fez questão de me encarar da cabeça aos pés e eu só fui perto do Caio, que me olhou. O homem mandou todo mundo sair e eu abri maior olhão, Trovão foi se levantar e eu toquei na mão dele, ele me encarou e eu fiz o mesmo.

Malu: Não saí.- Falei baixo.

— Eu tô mandando ele sair.- A voz grossa do homem me fez encarar ele.

Malu: Você tá literalmente na minha casa, quem deveria sair é você.- Trovão me encarou negando com a cabeça e se afastou.

— Não botava fé que tu ia ser tão mal educada assim.- Falou olhando o trovão passar e fechar a porta, olhei pro Caio que encarava o homem curiosos e eu levantei o olhar.

Malu: Eu te conheço? Você acha mesmo que tem o direito de invadir a minha casa, com meu filho dentro? Eu nem sei de qual buraco você veio, cara.- Falei olhando pra ele que me encarou, ficou em silêncio por alguns segundos e logo abriu o bico.

— A casa é minha também, e eu não ia fazer porra nenhuma com o meu neto.- Encarei ele e dei uma bela gargalhada.

Malu: Não fode.- Falei negando com a cabeça.

O homem não tinha um ar de riso, parecia que ele iria explodir numa crise de raiva a qualquer momento, ele me assustava pra caralho. Ele tirou um papel do bolso e jogou em cima de mim, peguei encarando ele e vi a letra da minha mãe na frente, abri a boca sem entender e olhei pra ele, mas logo desviei pra olhar pra carta. Eram poucas palavras, mas minha mãe praticamente implorava por ajuda dele, disse que eu tava me envolvendo com alguém, mas que ela não confiava nessa pessoa, então ela pedia pra ele aparecer e me ajudar.

Malu: Isso não vale de nada pra mim, ia valer se você tivesse realizado o pedido da minha mãe.- Coloquei o bilhete em cima da bancada e ele me encarou.

— Tu acha que eu não fiz nada por tu? - Falou alto, Caio se mexeu no sofá e eu olhei pro meu filho.

Malu: Vai lá pra fora, fica com o Trovão.- Falei interrompendo o homem e Caio se levantou, sem contestar.

— Papo reto, não me interrompe não garota.- Continuou falando alto e eu cruzei os braços.- Te dei casa, te dei garantia de segurança, te protegi e protegi teu filho. Tu tá ligada quantas vezes o Peixe tentou te sequestrar?

Malu: Se manca cara, olha o que tu tá falando! Eu nunca mais nem ouvi falar dele.- Apontei.

— Porque eu tinha gente te protegendo o tempo todo, se tu soubesse quão perto o Caio chegou de ser levado, ia calar a porra da boca.- Neguei.

Malu: E você quer que eu faça o que? Acredite no papel de bom pai? Enquanto eu me fudia pra colocar comida no prato do seu neto, que você tanto protegeu, ne? - Falei com deboche.- Aí cara, tu me abandonou quando eu nasci, já são 26 anos, eu não preciso de você agora!

— Quando tu nasceu eu tinha duas escolhas. Ou deixava tu e tua mãe morrer por causa das minhas escolhas, ou metia o pé pra longe de vocês. Me dá o papo aí, tu tá vivona até hoje, né? - Apontou com a cabeça.

Malu: 26 anos.- Repeti isso, negando com a cabeça.

— Tu tá ligada quem eu sou? Eu sou no papo mais reto, a cabeça mais procurada do Brasil. Quando eu fui atrás de tu pela primeira vez, tu tava casada com o Peixe, tu nem precisava de mim!

Malu: Como você fala isso com tanta certeza? Provavelmente esse foi o momento que eu mais precisei de alguém na minha vida.- Falei com voz de choro.

— Tu é chorona igual tua mãe, explode por tudo.- Desviou totalmente o assunto, passando a mão na cabeça.

Malu: Vai se ferrar, sai da minha casa. O que você quer depois de tanto tempo? - Falei limpando meu rosto.

— Eu fui preso por uns anos, pouco tempo depois que eu fui te procurar. Passei cinco anos, quando eu saí, tive que ficar mais dois anos escondido pra não morrer. Nesse tempo preso, eu descobri onde tu tava, não sabia porra nenhuma da tua vida e o único bagulho que eu consegui fazer foi te manter protegida.

Malu: Você me protegeu de que, cara? - Falei irônica.

- Ou garota, te dei essa casa, garanti que ninguém chegasse perto de vocês pra fazer mal, isso não é suficiente? - Neguei.

Malu: Se conseguia tudo isso, porque não conseguiu mandar uma mensagem? Um aviso? - Me sentei no sofá.

— Eu não tava ligado o que rolava aqui, eu não tinha mínima ideia do b.o que eu tinha se metido. Não tava nem afim de aparecer, mas descobri que tu se meteu em bagulho sujo, se pá tava na hora de botar a cara.

Malu: Quanto tempo faz que você saiu da cadeia? - Falei baixo.- Ao todo.

— Sete anos.- Falou me encarando.

Há sete anos atrás, eu estava indo me prostituir a primeira vez. Se ele não estivesse mentindo, ele realmente estava preso na época em que eu comecei, mas isso valia de algo? Eu estava com a cabeça em confusão ainda, a minha mente parecia que iria explodir e eu nem se quer, sabia o que fazer.

Primeira dama Onde as histórias ganham vida. Descobre agora