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Maria Luiza.

O Vg veio me deixar no trabalho e a gente tava conversando porque eu tinha chegado um pouco mais cedo, até o Trovão ligar pra ele e ele ficar reclamando pra caralho comigo, enquanto falava.

Vagner: Aí papo reto, essa Alicia é doida. Deixa qualquer um perto dela doido também, Trovão já tá ficando maluco igual ela.

Malu: Por isso eles combinam tanto.- Revirei os olhos.

Vagner: Que nada, Malu. Te falar, Trovão até ficava com ela, mas ela começou a ficar maluca da cabeça mesmo, principalmente depois que tu surgiu na história toda.

Malu: Fazer o que, sou o terror dela.- Falei dando os ombros.

Vagner: Atoa não é, né? - Questionou me olhando e eu apenas encarei ele, ficando calada.

Acabei desviando o assunto porque já tava na minha hora e fui pro meu trabalho. Havia conseguido um trabalho de vendedora no recreio, era um pouquinho longe de casa, mas valia a pena apenas por ser um trabalho digno. Passei o dia trabalhando, na hora de ir embora peguei meu ônibus e desci pra casa bem tranquila.

Com minha nova rotina, a do Caio também tinha mudado. Eu acordava, deixava o almoço dele só pra esquentar no microondas, ia trabalhar e ele ficava dormindo, acordava e fazia tudo sozinho, inclusive descer pra escola. Com tudo isso, a gente só acabava se vendo de noite, e um dia desses o Caio falou "preferia quando você trabalhava de noite, pelo menos eu te via mais." E eu não tive nem reação.

Mas infelizmente iria ser assim, alguns esforços realmente eram muito necessários.

Quando o Vg não estava por aqui, toda vez que eu passava pelos meninos que ficavam perto da entrada, eu era alvo de comentários. Eu nunca falei isso pro Vg porque isso não era b.o dele, então não iria envolver ele nisso, mas eu ficava morta de raiva. Fui subindo devagar e passei pelo Trovão que tava chegando na praça, ele me olhou e eu olhei pra ele, mas desviei e voltei a seguir meu caminho...

O sábado chegou e o Caio mal dormiu, acordou animado, até me ajudou a limpar a casa só pro tempo passar mais rápido. A gente desceu pra pracinha pra esperar o Perigo lá, eu ainda estava com o pé atrás na situação, mas já havia dado confiança e agora tinha que ir de qualquer jeito. O Caio ficou brincando com uns meninos dali, eu fiquei olhando ele e quase dez minutos que eu cheguei, a Alicia chegou com o Luiz. Ele foi brincar com os outros meninos e o Caio logo me encarou quando eu vi eles, mas eu neguei com a cabeça como forma de dizer pra ele que tava tudo bem. Enquanto eu estava distraída olhando pra ele, meu celular vibrou e eu abaixei a cabeça, pra ler.

"Se liga, tá passando batida não. Tô de olho em tu, garota." Arquei a sobrancelha dando uma risada e levantei a cabeça, procurei o Trovão por perto e vi que ele estava no bar, numa mesa com vários meninos. Ele piscou de longe pra mim e eu fiz cara feia, olhando pro celular.

"Se ela decidir me bater, quanto tempo você vai demorar pra chegar até aqui e me salvar?" Respondi com um sorriso leve olhando pra baixo, e ele logo começou a digitar. "Dessa vez vou ficar de camarote, o pai tá cansado pra se levantar."

Revirei os olhos negando com a cabeça e um carro parou buzinando, levantei a cabeça vendo o Perigo ali e abri um sorriso fraco, vendo o Caio correr pra perto de mim.

Primeira dama Onde as histórias ganham vida. Descobre agora