Trovão.
Eu tava com a Maria Luiza, mas os dois tavam carregando um peso filho da puta, eu não tinha coragem nem de olhar na cara do Luiz direito, e ela não conseguia nem passar um minuto sem derramar lágrima.
Um dia depois desse caralho todo, ela ainda tava aqui. E ela não tinha conseguido dormir por uma hora, e eu tava no mesmo bagulho, fiquei o resto do dia de ontem deitado na cama com ela, enquanto os meninos tavam no quarto com a gente, mas os dois quietos.
Caio: Mãe, cadê a Júlia? - Falou abraçado com a Maria que encarou ele.
A gente tava no morro, Perigo quis enterrar ela aqui na Rocinha. Só tinha a gente, uns moleques e o Perigo, o Luiz tinha ido pro hospital ver a mãe e mesmo se eu quisesse, ia ser só mais uma confusão porque só sairia de lá preso.
Malu: Tá com o pai dela.- Falou baixo.
Eu tava em pé do lado dela e ela tava com a cabeça deitada no meu braço, o Caio agarrado com ela e eu com o braço apoiado no ombro dela. Vi tudo acontecendo, se tinha uma parada que eu odiava era esse bagulho de enterro, mas fiquei na minha o tempo todo. Caio levou flor, Maria levou flor e eu coloquei uma flor também, quando o caixão desceu a Maria desabou nos meus braços e o Caio ficou de cabeça baixa do nosso lado.
Se pá eu queria conseguir falar pra Maria Luiza que eu tava aqui com ela, que ia dar todo apoio e pá, mas na real mermo, nem eu tava tendo força pra fazer algum bagulho por mim. Eu esperei o Perigo jogar toda culpa em cima de mim, eu era um fudido mermo, passei tanto tempo dando atenção a um bagulho, que esqueci de proteger o que era meu também...
Depois disso, a gente passou mais meia hora ali. Esperei a Maria ficar mais tranquila e fui descer pra casa com eles, mas a Júlia apareceu com o pai, ela tava no colo dele deitada, e parecia que já sabia o que tava acontecendo.
Perigo: E aí, minha garota.- Falou pegando ela no colo, Júlia só abraçou ele sem falar nada e ele respirou fundo.
— Eu não tenho condições de criar ela, Perigo. Minha mãe já é de idade e eu tenho meu trabalho cara.- Falou nervoso.
Perigo ignorou tudo que ele falou e só pegou a bolsa dela passando por ele, continuei andando junto com ele e a gente foi descendo o morro pra casa dele.
Malu: Você vai ficar? - Falou entrando em casa e o Perigo ia colocar a Júlia no sofá, mas ela chorou pedindo colo.
Perigo: Se eu ficar a qualquer momento eu posso ser preso.- Falou ajeitando a Júlia no colo.- Quando eu soube da Yasmim, eu tava arrumando os bagulhos pra meter o pé, tive que voltar. Passei pela federal e quase fui pego lá mermo.
Caio: A gente vai ficar com ela por enquanto.- Falou olhando pra Júlia e a Maria passou a mão na cabeça.
Malu: Melhor você ir, eu vou em casa pegar algumas coisas e venho ficar aqui.- Falou pegando a Júlia no colo.
Júlia: Eu quero a mamãe.- Falou com a voz abafada.
Encarei ela vendo a Maria beijando a bochecha dela e limpou o rosto que já tava cheio de lágrimas, meu celular tocou e eu me afastei, atendendo. Robson falou que a Alicia queria ir pra casa e ele tava levando, desliguei falando que tava indo pra lá e olhei pra Maria.
Trovão: Eu te deixo em casa, tu pega as coisas e eu mando alguém te trazer.- Falei com a Maria, ela confirmou e pediu pra eu segurar a bebê, segurei ela no colo e ela foi abraçar o Perigo.
Caio ficou do meu lado fazendo carinho na Júlia e depois foi falar com o Perigo, encarei ele que balançou a cabeça pra mim e eu apertei a mão dele.
Trovão: Aí, suspeito que foi o Menor que causou metade desses bagulhos. Foi só ele ir na casa da Maria que o Peixe descobriu onde fica, se liga com ele.- Perigo me encarou sem entender.
Perigo: Menor já sabe onde é a casa da Maria faz maior cota, ele sempre ficava de olho lá antes.- Eu que fiquei sem entender o bagulho agora.- Menor é meu braço direito, o Peixe matou o irmão dele numa trocação, pode ter certeza que ele não ia pagar simpatia pra ele.
A Maria me olhou em dúvida também e eu só balancei a cabeça, sai com a Júlia no colo e quando entrei no carro, ela ficou no colo do Caio no banco de trás. Fui pra casa da Maria que tava maior bagunça e eu chamei atenção dela antes dela descer.
Trovão: Vou levar a Alicia pra minha casa, pelo menos por agora.- Avisei a ela, Maria me encarou e se aproximou, beijando minha bochecha.
Malu: Fica bem, se precisar de algo me liga.- Falou fazendo carinho no meu rosto.
Caio: Tchau tio.- Falou descendo do carro com a Júlia.
Falei com ele e pisquei pra Maria, liguei logo pro moleque descer pra levar eles e sai de lá indo direto pra minha casa, fiquei esperando eles chegarem, e quando chegou minha mãe veio me abraçar, fiquei agarrado com ela e a Alicia se sentou do meu outro lado, começando a chorar.
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Primeira dama
Teen FictionPor um lado temos uma mulher que sofreu de todas as formas, e a cada dia perde a fé em tudo, do outro, temos algum cabeça dura, fechado, e totalmente nem aí pra terceiros, como isso pode dar certo de alguma forma? !