84

71.5K 6.6K 2.8K
                                    

Trovão.

Os moleques nem saíram do quarto pra nada e eu deixei assim, dei comida a Júlia pediu pra ficar na piscina comigo porque o Caio não quis ir. Então eu fiquei brincando com ela por maior cota, até a Maria aparecer quase de meio dia, ela me encarou com maior cara de morta e se sentou na sombra.

Malu: Que namorado é esse que me deixa beber? - Falou com voz de sono.

Trovão: Quer um namorado ou um pai? - Gastei ela que riu.

Malu: Por que os meninos tão trancados no quarto? - Encarei ela.

Trovão: Foram da uma volta de manhã, devem tá dormindo.- Malu confirmou e eu olhei pra Júlia.- Entra aí.

Ela fez careta e sentou na borda, fui até ela entrando no meio das pernas dela e beijei a coxa da Maria, ela passou a mão no meu cabelo e olhou pra Júlia que tava na parte rasa, brincando com as bonecas.

Trovão: Tem um bagulho pra gente trocar uma ideia depois.- Ela me encarou.

Malu: Coisa ruim? - Neguei só pra não deixar ela maluca da cabeça e ela sorriu fraco, beijando minha cabeça.

A gente ficou ali por uma cota aí ela sair, continuei olhando a Júlia até o almoço chegar, eu saí da piscina com ela e a Maria tava sozinha na cozinha fazendo careta, coloquei a Júlia sentada e encarei ela.

Trovão: Cadê os moleques? - Ela deu os ombros.

Malu: Falaram que não queriam comer.- Sai da cozinha e abri a porta do quarto, encarei os dois que tavam assistindo televisão e eles olharam pra mim.

Nem falei nada, só encarei os dois e eles se levantaram, passaram por mim e a Maria olhou sem entender pra nós três.

Malu: O que tá acontecendo? Tô perdendo algo? - Me olhou.

Trovão: Depois o Caio te conta. Bora almoçar agora.- Beijei a cabeça dela e ela sentou.

A gente começou a comer e tava maior silêncio, só o Caio que reclamou com a Júlia porque ela tava brincando com a comida, mas depois disso maior silêncio. Mandei o Luiz lavar os bagulhos, Caio ficou sentado e Maria Luiza foi dar banho na Júlia, eu fiquei calada encarando eles e o Caio me olhou.

Caio: Não conta pra minha mãe, namoral! - Me encarou.

Trovão: Na hora de fazer tava maneiro, eu boto fé. Tu pensou nisso?

Luiz: Pai, isso não é o fim do mundo. A gente foi só provar, nada demais.- Parou de lavar a louça e me encarou.

Trovão: Tu não é de maior caralho! Vocês só têm dez e onze anos, qual o problema de vocês,  caralho? - Me segurei pra não gritar, tava cheio de ódio.

Luiz: Se você tão errado assim, você não viveria fumando, não fode.- Eu encarei ele.

Trovão: Vai meter esse papo? - Falei puto, bolado pra caralho.- Não me faz querer te deixar de lado moleque, papo reto! Tudo que tu me pede eu te dou, vacilo contigo as vezes e mermo assim, faço o dobro pra ser melhor. Se tu acha que esse é caminho tá maneiro, tu sabe o que faz.

Me levantei indo pra área da piscina e peguei um cigarro, tirei o celular do bolso junto com o cigarro e quando fui acender, o Caio sentou do meu lado. Eu acendi o bagulho e ele soltou uma risada.

Trovão: Tu vê muita maldade no morro né?! Quantas vezes tu já viu briga, esses bagulhos assim? - Falei soltando a fumaça.

Caio: Várias...- Falou baixo.

Trovão: Tu prática esse bagulho? Vive brigando por aí? - Ele negou na hora.- Por quê?

Caio: Minha mãe ia ficar chateada comigo.- Desviou o olhar, e falou baixo.

Trovão: Então tá aí tua resposta, nem tudo que a gente vê os outros fazendo, a gente faz! E os motivos é de cada um.

Caio: Só não conta pra ela, eu só quis provar... Ela vai ficar chateada comigo, não faz isso.- O moleque tava quase implorando ali mesmo.

Trovão: Eu vou falar pô, mas não é pro teu mal! Papo reto, Caio. Eu gosto pra caralho de tu, tenho maior consideração e tu tá ligado que pode me pedir qualquer parada que eu vou te dar, qualquer bagulho que tu precisar eu vou te ajudar... Mas eu não quero que nenhum dos dois cresça pelo mesmo caminho que o meu, eu vou falar pra tua mãe porque eu não quero te ver daqui dez anos portando uma pistola e pagando de bandido ai...

Caio: Mas eu só fumei maconha, como que vou parada com uma pistola? - Levou na graça.

Trovão: Porque eu fui assim, menor! - Olhei pro Luiz, que sentou do lado do Caio.- Comecei fumando porque meus amigos achavam maneiro, e cada dia mais ia me envolvendo num bagulho errado. Começa numa parada leve, mas quando tu vê, tu já tá até o pescoço!

Caio ficou calado e baixou a cabeça, olhei pro Luiz enquanto tragava o meu cigarro, os dois ficaram calados por maior cota, e eu só marolando no bagulho.

Trovão: Não vejo problema em vocês fumarem não pô, maconha é dahora e eu arrumo pra vocês dá melhor... Mas agora não, vocês mal saíram da fase de criança.

Caio: Tá bom, pode contar.- Eu neguei.

Trovão: Tu que vai chegar pra assumir esse b.o com ela, vai conversar com ela.- Apontei e ele abriu maior olhão.

Ele entrou em casa coçando a cabeça e o Luiz me olhou, meti cara feia para ele e ele soltou uma risada fraca.

Luiz: Eu peguei o cigarro da sua bermuda. Quando você foi pegar o celular e deixou cair, então é tudo culpa sua.- Deu os ombros.

Trovão: Tô achando maior graça.- Falei sério.

Luiz: Não vou fazer mais pai, relaxa. Desculpa por falar daquela forma, tamo junto.- Estendeu a mão.

Trovão: Espero que não tenha próxima, papo reto. Se tiver eu raspo teu cabelo da pior forma, te tiro tudo mais da hora que tu tem.- Apontei pra ele. 

Luiz confirmou com a cabeça e se levantou, saindo dali. Eu continuei fumando e nem abri minha boca ou me levantei, tava só esperando o surto da Maria Luiza.

Primeira dama Onde as histórias ganham vida. Descobre agora