𝖬𝖾𝗎 𝖢𝗎𝗉𝗂𝖽𝗈

CAPÍTULO QUINZE

    Não sei exatamente como cheguei em casa, mas estou aqui deitado no sofá. Exatamente como estava ontem, uma dor de cabeça fortíssima me atinge, levantei e fui para o meu quarto. Hoje eu teria o dia livre, escutei a porta da Lisa abrir. Então fui até lá, ela me avaliou.

— Bom dia, Jeongguk. — Ela falou meigamente, então eu bocejei e ela acabou bocejando também.

— Bom dia, como eu... a gente chegou em casa? — Indaguei sonolento, então me lembrei do Suho. Não, não. Ele não.

— Eu dirigi e te trouxe até aqui. — Falou, ela saiu. — Estou indo para o hospital agora, volto só mais tarde. Eu comprei uns remédios para ressaca, estão na mesa de jantar.

Então ela saiu, eu andei para vê-la indo embora, então tudo ficou meio melancólico. Peguei os remédios que ela comprou atenciosamente para mim, o pensamento me deixou feliz.

— Mas que porra é essa? É só um remédio, se controle. — Resmunguei, estou sentindo uma sensação estranha referente a Lisa.

O barista acha que eu estou apaixonado, mas não estou. Eu não sei exatamente como é o sentimento de se apaixonar, soa até engraçado visto que eu sou o Deus do amor. Mas eu não posso amar, logo nunca amei. Logo não sei como é amar, no sentido romanticamente. Óbvio.

Eu já nem sei mais, o fato de eu estar vivendo como um humano está bagunçando minha cabeça. Eu sonhei por muito tempo com um amor e em poder me apaixonar, viver um romance é meu maior sonho e desejo. Isso está me deixando maluco e me fazendo confundir as coisas.

E mesmo se eu pudesse não seria com uma mundana, ou vocês pensam que um romance de um imortal com uma mortal é flores e termina no "e viveram felizes". Um romance do tipo é ter um relógio fazendo tic-tac o tempo todo, avisando que o tempo está passando e cada segundo você tem menos tempo com quem ama. Isso já aconteceu uma vez, um erro que eu cometi e que nunca cometerei novamente.

Zeus, ficou totalmente frio e ranzinza após a morte de sua amada esposa Muriam. Uma francesa charmosa, na época vivíamos entre os humanos. Ficamos mais na Grécia, éramos as estrelas de lá. Tanto que na terra somos conhecidos como "Deuses Gregos". A história de Zeus e Muriam é simplesmente incrível, entretanto acabou em tragédia e ele nunca mais foi o mesmo. Não podemos dar a imortalidade a um mortal.

E mesmo um imortal pode morrer, mas só um Deus pode matar outro Deus. Meu arco pode matar Taehyung – por exemplo – se eu quisesse, mas não quero. E torci para ele não começar a ser um escroto com minha maninha, porque se não eu teria que tomar outras medidas.

Tenho que separar as coisas, se não irei me perder completamente em uma ilusão. E eu não posso fazer isso.

🏹

Ontem quando Lisa chegou, eu estava assistindo televisão. Mas desliguei-a e fui para meu quarto, acabei caindo no sono e acordando com o despertador as nove. Me arrumei rapidamente e fui para cozinha preparar meu café, sai logo em seguida. Hoje eu e Lisa ensaiaríamos a sós, para pegar as coreografias dos nossos atos. Não estou nem um pouco empolgado.

Eu cheguei e a sala ainda estava fazia e gelada, aproveitei para aquecer e escutar uma boa música. Queria não ter vindo, mas aqui estou eu.

Lisa chegou, ela me olhou com uma cara de poucos amigos. Ignorei, logo depois Joey e Eliza entraram. Lisa se aqueceu, eles pediram para começamos a dançar a coreografia.

Primeiro ato, onde eles se conheciam. Tina era noiva, um casamento arranjado e então quando ela conhece Kai. Um cara que não se importa com muita coisa e um típico bad boy, entretanto ele é de uma família mais humilde. E o pai da Tina nunca sequer aprovaria uma amizade entre ambos, ele acreditava que as classes sociais não deviam misturar. Tina estava triste e chateada com seu pai por ter lhe arranjado um pretendente, Kai chega como um grande galanteador que a canta.

Sentimentos expressados nessa dança: tristeza, decepção e curiosidade.

O que eu expressamos? Total falta de sincronia e um caos total, quando ela corre para eu pega-la no ar e girar. Mas caímos de costas no chão, doeu que só a porra.

— Ei, está tudo bem? Se machucaram? — Eliza indagou preocupada, sentei-me no chão.

— Aí! — Lisa exclamou, Eliza olhou para ela. — O que você tá fazendo?

Franzi as sobrancelhas, o que EU estava fazendo? O que ELA estava fazendo, essa é a pergunta certa.

— Ensaiando, mas parece que você está com a cabeça em outro lugar. — Rebati, ela arregalou os olhos e riu sarcasticamente.

— Isso não pode estar acontecendo, você erra e fala que eu estou com a cabeça em outro lugar? Sinceramente. — Fala irritada, Eliza e Joey nos observam.

— Você veio de repente, pulou na hora errada. E ainda esta fazendo passos sem sentido que não fazem parte da coreografia!

Lisa abriu a boca para me responder, mas Joey deu um passo para frentes.

— Vamos terminar por aqui, não é um bom dia. Vão para casa.

Levantei-me e sai pisando duro, aquela bailarina mimada. Fica de namorico e quer falar que eu estou errando, não posso acreditar nisso. Só pode ser brincadeira.

Fui ao banheiro, transformei-me em cúpido e fui para longe daquele lugar. Gostava muito de ir em montanhas, me deitava no topo delas e dormia. É disso que eu eu preciso e é para onde estou indo, para longe daquela mulher e seus dramas. Estou cansado de ter que lidar com esses dramas.