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// Só pra esclarecer que o objetivo com a fic NÃO É catequizar nem converter ninguém, até pq sou agnóstica. Não vai ter passagens bíblicas, MUITO MENOS vou romantizar uma religião colonial. É só mais uma história de amor (dito) proibido //





Diferente da matraca que era antes, Harry tem se contido mais desde que iniciou o Seminário. Por exemplo, ele está muito orgulhoso de seu autocontrole pois, durante a entrada do Arcebispo Lawrence, não se inclinou em direção a Louis, sentado à sua direita, para cochichar sobre a decepção que foi tê-lo visto oito anos atrás.

Além de desnecessário, seria inevitável que um comentário desse tipo não soasse desrespeitoso, mesmo que a intenção fosse apenas relatar algo que talvez divertisse o amigo.

Não. Harry precisa se lembrar que Louis Tomlinson não é seu amigo. É apenas um colega. Até porque, acima de tudo, nenhum dos garotos estão ali para criar laços afetivos uns com os outros. Ali não é um acampamento de férias, tampouco uma fraternidade que se organiza para fazer festas mensais. O que, no máximo, irá se desenrolar entre eles serão relações amigáveis, uma irmandade.

É nisso que se baseia a comunhão, afinal. Caridade, cooperação, condescendência, empatia e resiliência. Ajudarem um ao outro, da melhor maneira possível, com a adaptação à vida seminarista e com os desafios que surgirão durante o período de preparação sacerdotal.

Aliás, no decorrer do ano todos eles serão aprendizes que, hora ou outra, precisarão desempenhar o papel de mestres - ou pastores - para aqueles cujo conhecimento é anêmico em certa área.

Veja só, Harry é um aprendiz esforçado e pró-ativo, mas em campos como estudo de línguas, requer muito mais atenção a que os Reverendos orientadores podem dispor.

Durante o ensino fundamental e médio, suas notas em francês eram medianas, e se não fosse uma disciplina obrigatória, Harry não a faria de jeito nenhum. Não tinha planos de ir à França mesmo. Ele sequer imaginava o quão desafiador seria aprender a língua materna do francês, o falecido Latim; acentuações em vogais fonéticas de certas palavras, tantas declinações e flexões verbais e nominais... Sinceramente, se Padre Julian tivesse o alertado sobre isso, Harry teria pensado duas vezes antes de escolher seguir essa jornada.

Por sorte, Louis Tomlinson está ao seu alcance. Ele já é fluente em francês e, com uma aptidão admirável, tem aprendido a língua latina com a facilidade com que se memoriza o Pai-Nosso. Harry admira como certas mentes são simplesmente iluminadas com a benção divina. Isso sem mencionar a didática mansa e atenciosa que ele tem. Enquanto escuta suas explicações simplistas e impecáveis, não há margens para dúvidas quanto a sua vocação; Harry consegue, com perfeição, vislumbra-lo no centro de um altar de mármore leitosa, trajando uma batinha esverdeada adornada de detalhes dourados e com mangas esvoaçantes, presidindo a missa dominical de uma igreja opulenta cheia de devotos.

E que imagem belíssima!

Com efeito, é natural - e compreensível - que Harry tenha tomado Tomlinson como modelo para si próprio. Ele é ótimo. Excepcional até. É um parâmetro excelente.

Quando Harry pensa em fazer algo, para por um instante e pondera: Louis faria isso? Se a resposta pender para o sim, então pode seguir em frente. Mas se balançar para o lado do talvez, ele hesita e pensa melhor.

Isso tem lhe ajudado bastante. O Seminário Propedêutico começou há pouco menos de dois meses e, no início, Harry sentia sobre si a atenção dos Reverendos, do Frade e do Diretor Espiritual muito mais do que sente ultimamente.

O ritmo, o tom e o conteúdo do que deixa-lhe a boca tem sido polido com mais cuidado. O mesmo aconteceu com sua postura, com sua gesticulação e com suas expressões faciais. Para seu assombro, até a alimentação mudou.

immaculate sin of the lovers • L.S.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora