vīgintī trēs

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É um teste autocontrole para Harry vê-lo os caçar com o olhar e vir em sua direção com a cara lavada de alguém que era esperado ali - o que não é o caso! - sem correr para longe, puxando Niall junto consigo.

O que ele tem na cabeça? Existem motivos de sobra para Harry não querer o loiro perto de Louis. Niall sabe disso perfeitamente. Mas é claro que não é do seu feitio se dar por vencido. 

Harry deveria tê-lo ameaçado. Jurado que nunca mais falaria com ele caso fizesse alguma bobagem na presença de Louis, ou melhor, caso viesse atrás deles. Ele desesperadamente tenta transmitir essa mensagem através do olhar. E consegue. O problema é que Niall entorta os lábios num sorriso odioso, que demonstra não dar a mínima para suas preocupações. 

Harry está perdido. 

O melhor é se despedir de Louis antes do amigo chegar para evitar uma catástrofe. 

E as palavras estão na ponta da língua. Foi muito bom te conhecer Louis, as semanas com você foram inimagináveis, vou sentir sua falta. Mas, subitamente, ele imagina sua mãe lhe estapeando e ordenando que pare de ser tão exagerado, tão melodramático e medroso. Ele volta a si mesmo.

Afinal de contas, Niall não é nenhum animal selvagem. É seu melhor amigo. Que se dane se Louis não gostar dele. Harry o conhece há poucos meses, quase nada se comparado ao tempo que tem Niall ao seu lado. 

Só há uma opinião a qual ele deve se importar, e é a de Niall. Se for para escolher entre os dois, Harry deve seguir Niall. Sem hesitação. Sem dúvidas. 

Mas não é tão simples assim.

Ele precisa mesmo escolher? 

Nom, como Niall já os alcançou, isso logo mais estará decretado. 

O recém-chegado não se importa em esconder seu interesse por Louis logo de cara. É para ele quem direciona um “e aí, cara” e um aperto de mão descontraído.

– Ouvi tanto sobre você que sinto que já te conheço há décadas - declara sem preâmbulos, o que desperta em Harry a vontade de enterrar o rosto nos próprios joelhos e dormir até  tudo ter acabado.

– Acho que posso dizer o mesmo. Na verdade, todo mundo no seminário já ouviu falar de você. Você é tipo uma lenda - pontua Louis em tom jocoso.

– Até parece - Harry comenta, pois não se lembra de ter mencionado o amigo de infância tantas vezes assim -, eu nem conversava com todo mundo. 

– Conversava, sim, na mesa de jantar.

Harry nega com a cabeça.

– Só com você, Isaac, Mitch e Tate.

Niall se intromete: – Como Harry era no seminário?

– Como se isso tivesse sido há anos - desdenha Harry ao mesmo tempo que Louis replica:

– Adorável.

– Pra onde será que foi esse menino, hein? Acho que vocês fizeram algo com ele, porque agora até briga ele se mete. Tá sabendo disso? Não fazia ideia que Harry tinha guardado vingança por todo esse tempo. Já ouviu falar duns garotos que uma vez bateram na gente? Ele foi atrás de um deles. Sinceramente, tenho medo do fim que ele planeja dar aos outros.

– Não exagere, Niall.

– Eu exagerando? Não foi você que ligou todo animado para contar do soco que levou quando tava bêbado?! É sério, Louis, vocês devolveram esse menino com algum defeito.

Após isso, Harry não se atreve a intervir a maior parte do tempo, tentando assim desviar o foco das atenções e conspirações de cima dele. 

Isso eventualmente ocorre. O desafio, porém, é o despeito de Niall, sua falta de tato ao questionar o porquê dele estar de batina agora - é pra impor algum respeito ou o quê? - que rapidamente evolui para questões como as atrocidades que a igreja cometera no passado, as injustiças sociais, a elitismo e o machismo propagados pelo cristianismo. 

immaculate sin of the lovers • L.S.Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora