– Você tá… diferente - Horan observa assim que o garoto senta-se no banco de passageiro.
Harry quase pergunta se isso é ou não um elogio, porém, além dele já desconfiar da resposta, algo lhe diz que ele irá descobri-la quando chegar em casa. Sendo assim, limita-se a confirmar, jogando toda a culpa na rotina do seminário.
A dor de cólica que - provavelmente - havia sido suprimida pelo nervosismo de escapar sem ser pego de repente volta a ser sentida. É apenas um embrulho leve, sim, mas que imediatamente o faz reconsiderar os muffins de minutos atrás. Devia ter comido só um, ele reflete.
Por sorte, a curiosidade do homem em ficar por dentro dos seus últimos meses o distrai um pouco. Claro, há certa falta de entusiasmo no seu relato, mas o outro se esforça para tornar-lo o mais agradável possível.
– Aprendi um pouco de francês e latim também.
– Virou um poliglota, então?
Harry vocaliza um som de incerteza – Acho que não é pra tanto.
– Como não? Poxa, já tava imaginando você sendo nosso tradutor na França e no Vaticano - retruca, falsamente inconformado.
– Olha, em nenhum momento eu disse que não posso me virar com o que já sei.
– É assim que se fala - Horan aprova.
Nas vias principais de Holmes Chapel dificilmente há trânsito; em finais de semana, então, as chances são praticamente zero. Isso não quer dizer, porém, que o pai de Niall pode afundar o pé no acelerador para chegar a casa dos Styles num piscar de olhos. Como as calçadas são comicamente esteiras - tanto que duas pessoas não conseguiriam andar lado a lado nelas -, os veículos precisam dividir a rua com pedestres.
Aos domingos, por exemplo, acaba sendo muito mais prático ir aonde se precisa ir a pé ou de bicicleta pois, com tantos transeuntes circulando de um lado para o outro e crianças brincando nas ruas, dirigir acima de quarenta quilômetros por km/h é correr um enorme risco.
Essa lentidão de movimento permite que o papo descontraído chegue ao cerne da questão mais latente.
– Você não voltaria só no verão?
Não é uma pergunta que desconcerta Harry. Ele já vinha se preparando mentalmente para enfrentá-la a qualquer instante. Sabia que o retorno inesperado teria que ser justificado, então é bom que isso tenha início com Horan.
Muito mais fácil ter que lidar com ele antes de encarar sua família.
– Eu também - diz – Na verdade, eu deveria estar lá agora… Mas não ia dar certo, eu acho.
– Sério? Aconteceu alguma coisa? Ou simplesmente não gostou?
O garoto dá de ombros – Eu até que tava levando bem no começo - ok, não faz mal ele ser generoso assim consigo mesmo – Mas… a coisa acabou se tornando ainda mais difícil. Acho que não era pra mim.
– Que pena, você estava tão animado com isso - lamenta – Todos nós estávamos, na verdade.
E então ele comenta de um sonho que teve meses atrás, em que todos iam à igreja testemulhar a primeira pregação de Harry.
– Foi tão bonito, você se saia tão ficava iluminado pelo brilho de sua áurea - comenta, nostálgico.
Um sorriso involuntário se forma na boca de Harry.
Não porque ele se vê nessa imagem. Não. A cena que se forma em seus pensamentos é o vislumbre que teve, tempos atrás - pode ser que tenha sido até na mesma época, quem sabe até no mesmo dia do sonho de Horan -, de Louis ocupando essa posição.
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immaculate sin of the lovers • L.S.
FanfictionNem mesmo nos mais tenebrosos pesadelos Harry e Louis imaginariam que, ao invés de renunciarem os próprios corpos para a entrega ao digníssimo amor de Cristo, se encontrariam, na verdade, corrompendo os votos monásticos com impurezas. Enquanto tenta...