Harry não é do tipo que cai nos braços do sono logo que se deita para dormir. São raras as vezes que isso acontece. O que costuma rolar é uma espécie de prova de merecimento, o seminarista precisa conquistar o sono toda santa noite.
Estende-se, portanto, um intervalo de tempo em que é necessário ficar tão quieto que, se não fosse pelos pensamentos tagarelas, ele entraria num estado de meditação.
São penosos minutos de antecipação.
E lidar com a hiperatividade da mente, tentar silenciá-la, é o que torna o desafio diário ainda mais estressante.
Para o pescoço e as pernas, nenhuma posição mostra-se confortável a longo prazo. Sem mencionar os olhos, que se recusam a permanecer fechados por mais de alguns segundos. As pálpebras tremulam, incomodam. E ser privado da visão não lhe é nada agradável.
Harry também não suporta encarar o lado da parede. Dar as costas para o cômodo em que dorme lhe causa uma sensação de vulnerabilidade. Não vigiar o quarto, não estar atento a cada mudança no ambiente, a cada ameaça que de repente surja, soa como um erro gravíssimo; por mais que parte de si - a parte ainda mais medrosa, pelo menos, a que prefere não noticiar nada fora do comum - discorde.
Esee é um daqueles comportamentos que surge na tenra infância, que nasce a partir de medos comuns, como o medo do escuro, do monstro dentro do guarda-roupa ou debaixo da cama, do de achar que a família o abandonou em casa. E costuma ser superado no decorrer dos anos. Não foi o caso de Harry. Na verdade, a sua curiosidade traiçoeira tem um parcela de culpa. Se não fosse por ela, o garoto não teria assistido metade dos filmes de terror que viu.
Como já dito antes, para evitar sonhos indesejados Harry adquiriu o hábito de acordar hora ou outra durante a madrugada e, ao perceber-se com o rosto virado para o lado abnegado, prontamente retoma o campo de visão mais importante.
E é exatamente o que ocorre neste instante.
O estado de sonolência que lhe verte a mente e que o ajudará a apagar logo maia, entretanto, se espraia quando um toques ressoam à sua porta.
Harry não se alarma. O barulho deve ter sido fruto de sua imaginação sonâmbula.
Bom. A situação muda quando a porta é aberta com cuidado e uma cabeça invade o quarto.
É difícil reconhecer a quem ela pertence. A única fonte de luz disponível agora é a do início do corredor, meio afastada dali, e é inútil, pois a pessoa está contra ela.
Além disso, o seminarista não está num bom estado mental. Está confuso e atordoado e até o minuto anterior sua única preocupação era manter o sono ao alcance do que adaptar os olhos à escuridão do quarto.
O desconhecimento não perdura muito, no entanto. Harry tão logo distingue a voz murmurada do Diretor.
– Tá acordado, filho?
O questionamento o atinge como um raio forte. Causa uma grande queda de energia que desliga todos os nervos do aeu corpo.
Num ímpeto, ele fecha os olhos e finge que não, não está.
Parece a melhor atitude a se tomar... Só vai ser obrigado a lidar com o homem se for chacoalhado na cama. Deus queira que não cheguem a tal ponto.
– Harry? - o homem tenta outra vez, num tom mais baixo.
Nada. Harry visivelmente não está acordado.
Ele gostaria que isso fosse verdade.
Maldita hora em que decidiu dar corda à uma mania.
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immaculate sin of the lovers • L.S.
FanfictionNem mesmo nos mais tenebrosos pesadelos Harry e Louis imaginariam que, ao invés de renunciarem os próprios corpos para a entrega ao digníssimo amor de Cristo, se encontrariam, na verdade, corrompendo os votos monásticos com impurezas. Enquanto tenta...