04 - Espiã

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O Halloween estava próximo, e Samantha não parava de insistir a Akemi para que ela também fosse a festa

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O Halloween estava próximo, e Samantha não parava de insistir a Akemi para que ela também fosse a festa.

Estava sempre dizendo que ela precisava se socializar e conhecer melhor seus amigos, mas a coisa que a garota menos queria era conhecer os amigos de Samantha. De qualquer forma, não era algo no qual ela pudesse evitar. Pegava carona todos os dias com as amigas dela. Além disso, agora que ela e Kyler ficavam cada vez mais próximos, o garoto estava mais presente a cada minuto.

Akemi quase não passava tempo na casa que seu pai comprou, a não ser a noite, que agora preferia dormir em casa do que no quarto de hóspedes dos LaRusso. Seu irmão, Ren, não apareceu no primeiro final de semana, nem nos outros dois seguintes. Estava ocupado com a faculdade, e não era como se Akemi não estivesse acostumada a ficar longe dele. Foi assim desde que ele veio para Los Angeles terminar o ensino médio e não seria diferente agora. Mesmo assim, todas as noites, logo depois de oito e meia, Ren mandava uma mensagem perguntando onde ela estava e se Akemi dissesse que estava em casa ele fazia uma ligação de vídeo no mesmo instante. Mas, se ela estivesse na rua, ele apenas ligava para lhe dizer boa noite e combinava de ligar no dia seguinte.

Por isso, ela não se importava em cobrar presença dele. Ren fazia o possível para continuar presente em sua vida, diferente de seu pai, que nunca ligava.

- Você anda de skate?

A garota abaixou o celular, olhando para o lugar onde Samantha apontava. Seu skate estava encostado na parede, a lixa preta e pouco desgastada virada para elas.

- Não ando desde que vim pra cá.

- Por quê?

- Não sei. Acho que não tive tempo e acabei me esquecendo.

- Tem uma pista aqui perto. Posso te levar lá se quiser.

- Pode ser hoje à tarde?

- Podemos ir agora. Ou então continuamos deitada na sua cama confortável olhando para o teto.

- Na verdade tenho que ir na casa do Eli agora. Ele vai me ajudar a estudar pra química.

Samantha levantou com um pulo, dando um sorriso perverso. Akemi franziu as sobrancelhas, já imaginando o que viria em seguida.

- Eli, não é? Quem é esse?

- Um amigo.

- Amigo? Tem certeza? E por que eu não o conheço?

- Porquê você faz parte do grupo de adolescentes que faz bullying com ele.

Ela fechou o sorriso.

- Quem?

- Todos os seus amigos, Sam. Por que acha que não sento mais com você no intervalo?

- Eles só estão brincando. - Akemi fez uma careta, pegando sua mochila com o livro de química e a colocando nos ombros.

- Não é brincadeira quando só eles acham engraçado, Sam. Preste atenção em como as pessoas ficam incomodadas sempre que eles brincam com elas. Agora vamos. Se eu me atrasar e o Demetri estiver lá ele vai ter um surto.

Akemi pegou o skate, seria bom voltar a andar. Além disso, ela odiava andar, um dos motivos para que ela começasse a andar de skate. Era uma forma mais fácil de locomoção.

Ela não demorou muito para chegar na casa de Eli. Eles moravam no mesmo bairro, a alguns quarteirões de distância.

Tocou a campainha, dando pause na música que tocava em seus fones do ouvido enquanto esperava a porta se abrir. Foi Eli quem atendeu, usando um casaco azul quadriculado por cima de uma blusa preta e uma calça jeans. Ele sorriu, dado espaço para que ela entrasse.

- Eu acabei vindo de skate. Posso deixar ele aqui?

- Não sabia que você andava de skate. Pode deixar no meu quarto. Demetri está esperando lá.

- Por favor, não me diga que ele está irritado com meu atraso.

- Sinto muito. - Akemi revirou os olhos. - Mas Miguel também está atrasado, então você não vai ter que ouvi-lo sozi...

A campainha tocou e Eli sorriu com a feição feliz que surgiu no rosto de Akemi. Ela rezava para que fosse o Miguel. O garoto abriu a porta.

- Desculpa pelo atraso. Por favor não me diz que... ah, Akemi está aqui. Graças a Deus. - ele suspirou, aliviado. - Não vou ter que ouvir bronca sozinho. Demetri me mandou mais de vinte mensagem em menos de dez minutos por causa do meu atraso. Olha só, quinze ligações perdidas.

- Ainda bem que ele não tem meu celular. - ela arregalou os olhos, virando-se para Eli. - Não passe meu telefone pro Demetri. Nunca, entendeu?

- O Demetri acha que você é uma espiã. Não acho que ele queira seu número.

- Eu não sei dizer se isso é bom ou ruim.

- Ei, você anda de skate? - perguntou Miguel, pegando o skate encostado na parede e olhando a parte de trás do shape. Era o desenho de um mar, onde as ondas eram gatinhos felizes, mas a maioria das partes estava desgastada demais para que o desenho fosse cem porcento visível.

- Posso saber porquê toda essa demora? - Demetri perguntou descendo as escadas. - Eu não sei se vocês sabem, mas eu tenho um encontro daqui a duas horas.

- Um encontro com a sua mãe? - perguntou Miguel, fazendo Akemi e Eli rirem.

- Muito engraçado. Mas sim, é com minha mãe. Será que podemos estudar agora ou tem mais algum atrasado para chegar?

Os três subiram as escadas atrás do garoto alto e reclamão. Akemi deixou o skate encostado na parede ao lado da porta. O quarto de Eli tinha as paredes azuis escuras e estantes espalhadas por todos os lados. Algumas cheias de bonecos e outras com gibis de histórias em quadrinho. Akemi e Miguel se sentaram na cama, abrindo suas mochilas enquanto Demetri os observava sentado na cadeira em frente ao computador e Eli pegava um livro na estante da sua escrivaninha.

- Então, espiã, o que está tramando hoje?

Perguntou Demetri, colocando uma perna sobre a outra e apoiando o cotovelo no braço da cadeira, como se fosse um psicólogo durante um atendimento. Eli se sentou ao lado de Akemi, entre ela e Miguel, abrindo seu livro da escola.

- Planejo sair daqui com uma foto sua dormindo e um bigode permanente desenhado no rosto. - Demetri tampou a boca, os olhos arregalados.

- Não gosto dela.

- Pare de ser tão implicante. - disse Miguel.

- Não sou implicante. Vocês é que são uns tolos por acreditar que ela não está tramando um plano contra nós para sermos zoados o resto da vida.

- Não liga pra ele. - sussurrou Eli enquanto escondia sua cicatriz. Akemi abaixou sua mão, odiava quando ele fazia isso.

- Acho que você já deu motivos o suficiente para que o pessoal te zoe pelo resto da vida. E você - ela olhou para Eli. - pare de tampar sua cicatriz.

- Sabe que não gosto dela.

- Mas deveria. Já disse que não tem motivos pra esconde-la.

- Claro que tem. - afirmou Demetri. - Ele foi zoado a vida toda por causa dela.

- Cale a boca, Demetri.

Ela jogou um travesseiro nele, voltando a atenção para Eli.

- Se souberem que você se incomoda, então continuam fazendo. Se não souberem, vão parar, então você também vai parar de se incomodar. Não esconda, está bem? Tente, pelo menos.

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Sol & Lua - Cobra Kai - Livro 1Where stories live. Discover now