56 - Caratê Presas de Águia

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Miguel passou os primeiros cinco minutos do intervalo insistindo para Akemi lhe contar o que havia acontecido com o braço de Demetri, mas a garota se recusou a dizer algo

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Miguel passou os primeiros cinco minutos do intervalo insistindo para Akemi lhe contar o que havia acontecido com o braço de Demetri, mas a garota se recusou a dizer algo. Sabia que Demetri iria querer dar cada detalhe do que aconteceu, como fez quando ela apareceu em sua cada no meio da noite, depois de ter recebido a notícia.

- Não vou contar, Miguel. Espera pelo Demetri, ele já está vindo.

Ela apontou para Demetri, que acabara de sair da fila de pegar a comida. Ele caminhava na direção deles, segurando sua bandeja com dificuldade. Esbarrou em Kyler, que se virou para ele, um sorriso perverso no rosto.

Akemi suspirou, revirando os olhos. Kyler usava uma das blusas do Cobra Kai, deixando claro que não tinha sido expulso, mesmo depois de Akemi ter ganhado dele. O nariz estava avermelhado, um bandeide cobrindo uma pequena parte dele.Sua desistência da vaga deve ter feito com que ele continuasse no lugar, caso contrário Tory também deveria ter sido expulsa.

John Kreese nunca expulsaria a sua preferida.

Kyler disse algo para Demetri, pegando sua bandeja com delicadeza e no segundo seguinte a jogando no lixo logo atrás dele.

- Precisa de mais alguma ajuda? - ele aumentou o tom de voz. - Ah, você quer que eu assine seu gesso? Nem precisa pedir.

- Kyler!

Akemi o gritou, alto o suficiente para atrair a atenção dele e dos alunos ao redor. Ela sorriu, um dos seus sorrisos mais ameaçadores. Acenou para ele, como se desse "tchau" para um velho amigo que encontrou pela rua. Kyler abaixou a cabeça, entregando a Demetri o hidrocor que ele usava para as pessoas assinarem seu gesso.

Demetri passou por ele, apressando os passos até a garota. Se sentou na mesa, dando um suspiro aliviado.

- Eu te amo. - ele murmurou, pegando um pedaço de cenoura na bandeja de Akemi. Ela esticou a bandeja, que deslizou pela mesa, parando em frente ao garoto.

- Come. Você precisa fortalecer os ossos.

- Eu te amo vezes dois.

Enquanto comia, Demetri contou para Miguel o motivo de estar com o braço quebrado. O garoto não pareceu nada feliz após a descoberta. Inconformado, Akemi tentou acalma-lo sobre a notícia, tentando deixar claro que já tinha resolvido o assunto com Falcão, mas Miguel não se importou com o aviso. Quando a garota se distraiu desenhando o rosto do homem aranha no gesso de Demetri, que seria sua marca registrada, Miguel se levantou e saiu sem que os dois vissem.

- Aí, Miguel, quer desenhar tam... bem. Onde ele foi?

Akemi parou de desenhar e olhou para o outro lado da mesa, o lugar vazio, onde Miguel estava segundos atrás.

- Com certeza atrás de Falcão.

- Quer ficar com o pudim de chocolate?

Demetri esticou o pequeno potinho para ela, a única coisa que restara na bandeja. Ele não quis assumir para evitar uma zoação de Akemi, mas guardou a sobremesa para ela porque sabia que era uma das suas preferidas.

- Você vai continuar no caratê? - ela perguntou, dando uma colherada no pudim.

- Vou. Quando tirar isso. Você desistiu mesmo, não é?

- Do caratê? Não. Desisti dos dojôs. Treino sozinha. A propósito, vou assistir ao treino do Miguel e do Johnny amanhã, quer vir?

- Assistir ao treino do Cobra Kai?

- Não. Do novo dojô do Johnny.

- O que acha que o senhor LaRusso vai pensar quando souber?

Akemi deu de ombros.

- Não me importo. Johnny não é mal como ele pensa. Passei as últimas três semanas o ajudando com o Miguel. Ele se esforçou muito, sabe, pra ajudar o Miguel a andar de novo. É um cara legal.

- Bom, desde que você não vire a versão feminina do Falcão, por mim tudo bem. Mas não vou assistir um treino deles.

- Chato.

Na tarde seguinte, pouco depois das quatro horas da tarde, Akemi foi ao parque da cidade, no local onde Johnny disse para os novos alunos o encontrarem. Preferiu chegar depois do horário combinado, para que Johnny não ficasse animado com uma possível participação de Akemi. Ela estava indo apenas para assisti-los, porque achava que seria bom eles terem algum tipo de apoio.

Teve de rodar o parque por alguns minutos a procura deles. Finalmente encontrou um grupo de adolescentes usando blusa vermelha, mas o que lhe chamou atenção foram os gritos de Johnny, que eram totalmente reconhecíveis depois que a garota passou três semanas junto dele e Miguel.

- Cheguei quinze minutos atrasada e ainda não começaram o treino? - ela sorriu, colocando a mochila sobre a grama.

- Vai treinar com a gente? - perguntou Johnny. Akemi balançou a cabeça, negando. - Então vá embora.

- Vou ficar por aqui, vovô. Vai ser divertido.

- Se me atrapalhar, jogo lama em você.

- Ta legal, sensei Lawrence.

- Sensei, olha. - Miguel o chamou, acenando com a cabeça para algo atrás de Lawrence. O loiro se virou, sorrindo ao ver Falcão e mais dois garotos.

- Eles me ouviram. - ele comemorou, baixo. - Beleza pessoal, acho que temos mais alunos, abram espaço.

No segundo seguinte, Tory e Kyler saíram de trás de um grande arbusto. A loira franziu as sobrancelhas ao ver Akemi por perto, depois desviou o olhar para Miguel. Então, John Kreese e todos os outros alunos do Cobra Kai apareceram, o mais velho com um sorriso convencido no rosto enquanto se aproximava de Johnny.

- Eu avisei. - disse Falcão. - Cobra Kai pra sempre.

- Relaxa, Johnny. - Kreese tirou os óculos de sol. - Não vim aqui pra brigar.

- Então porque está aqui?

- Quero fazer uma proposta pra você voltar pro Cobra Kai, que é o seu lugar.

- Enlouqueceu se acha que eu vou trabalhar com você de novo. As besteiras que tá ensinando, as merdas que estão fazendo, isso é muito errado. E você é o culpado.

- Eu tenho que discordar de você nessa. Eu me importo com os meus alunos. Eles são fortes, são verdadeiros lutadores. E eles não cometeriam o erro de demonstrar compaixão pra acabar em coma!

Assim que Kreese terminou a última frase, Miguel e Akemi deram um passo a frente, se aproximando dos dois homens, irritados. Falcão e Tory, ao perceberem a aproximação, os imitaram, prontos para iniciar uma briga e tendo de serem segurados por John. Eles recuaram, as expressões sérias.

- É agora, Johnny. Não vai ter outra chance.

- Ótimo!

- Fez sua escolha. E vai se arrepender.

Eles foram embora, levando o clima tenso que havia se formado junto deles. Johnny virou-se para os seus alunos, o olhar pousando em Akemi por alguns segundos.

- Tem certeza?

Ela assentiu, esticando o pano vermelho que trouxera e se sentando no grama. Pegou o celular, respondendo a mensagem de Samantha e Demetri, que pediam para ela ir ao treino do Miyagi-Do que acontecia naquele mesmo instante.

- Nós só aprendemos caratê pra mostrar pro mundo que não são um bando de nerds idiotas! - gritou Johnny, chamando a atenção da garota. - Tem que mostrar que são durões. Porque os águias não fazem merda! Os outros fazem merda. E não esqueçam, que ser durão não é ser escroto. O objetivo não é machucar os outros, o objetivo é ser durão! Vocês têm que ataca-los como uma águia. Pegar as suas garras e meter as presas neles. Mas eu não quero que comecem as brigas. Vocês entenderam o que eu disse?

- Sim sensei!

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Sol & Lua - Cobra Kai - Livro 1Where stories live. Discover now