Uma mudança repentina de país fez com que Akemi tivesse que se adaptar a um novo local. Vizinha dos LaRusso, sendo considerada membro da família por Daniel no mesmo instante em que ele recebeu a notícia de que a neta do seu antigo sensei estaria ind...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Akemi não conseguiu dormir muito mais que duas horas na última noite. Ela pegou no sono algumas vezes, mas os pesadelos sempre acabavam a acordando. Todos eles com a mesma história, contando o mesmo final, não importava quantas vezes ela tentasse mudar as coisas. Neles, ela encontrava Robby no reformatório no dia da sua saída para buscá-lo, mas não foi recebida pelo garoto como queria.
Tinha medo de que em algumas horas, não fosse apenas um sonho. Esperaria pela saída de Robby do reformatório, ignorando mais uma vez o seu pedido para se manter longe, como fizera nos últimos meses. Mesmo que Robby não quisesse vê-la, Akemi não deixou de ir um único final de semana visitá-lo. E, sempre que ia, levava um novo livro para o garoto, todos eles com anotações importantes e engraçadas para que Robby soubesse o que ela sentiu ao ler a cena.
Queria que ele soubesse que ela ainda estava ali, de alguma forma. Queria que soubesse que ela nunca desistiu dele.
Estava chovendo quando Akemi saiu de casa. Ela colocou um dos antigos moletons do seu irmão para se esquentar. Ela passou a usar apenas roupas dele depois da sua morte, porque elas ainda tinham o seu cheiro.
Viu Daniel entrando no carro no exato momento em que saiu de casa. Sabia para onde ele ia. Estava indo buscar Robby, mas, sinceramente, Robby tinha ainda mais raiva dele do que de Akemi. Ele deu a ré, saindo da garagem e se preparando para seguir o caminho que o GPS indicava, mesmo que ele soubesse a direção que deveria ir. Parou ao lado da calçada quando viu Akemi, se protegendo com um guarda-chuva, o cabelo escondido de baixo do capuz e a mão livre segurando o celular enquanto ela esperava o Uber que pediu chegar. O reformatório ficava longe demais para que ela pudesse ir a pé ou de bicicleta.
- Akemi! O que está fazendo aqui a essa hora? Não deveria estar na escola?
- Bom dia, senhor LaRusso. Estou esperando o Uber. Tenho um compromisso hoje.
- Pra onde vai? Estou indo buscar o Robby.
Um carro preto parou logo atrás do dele. Akemi checou a placa.
- Preciso ir, senhor LaRusso. O Uber. Até mais tarde.
Ela acenou, acelerando o passo até o outro carro e fechando o guarda-chuva antes de entrar.
Demorou mais tempo que o de costume para chegar. A chuva causara um engarrafamento na estrada. Akemi passou todo o tempo de viagem em silêncio, os olhos fixos nas gotas que escorriam pela janela, perdida mais uma vez nos seus pensamentos.
O calafrio na barriga aumentava a cada segundo. Não sabia se aquelas eram as borboletas que tanto se falavam nos livros e filmes, porque a sensação não parecia tão boa quanto eles lhe contaram.
Antes, quando namorava com Robby, tinha certeza de que eram. Mas agora que estava indo vê-lo depois de tantos problemas, sabendo que ele não queria que ela estivesse lá, era uma sensação ruim. Parecia que iria vomitar a qualquer instante.
