Uma mudança repentina de país fez com que Akemi tivesse que se adaptar a um novo local. Vizinha dos LaRusso, sendo considerada membro da família por Daniel no mesmo instante em que ele recebeu a notícia de que a neta do seu antigo sensei estaria ind...
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- Você não pode lutar, seu tornozelo ainda não está bom. - avisou Samantha.
- Não vou usar o meu pé. Vocês dois vão lutar juntos, contra mim. E vão perder, pelo menos nas três primeiras tentativas.
- E como isso vai nos ajudar a ter sincronia? - Robby cruzou os braços.
- Não vai. Se vocês não conseguirem me vencer mesmo estando em maior quantidade e sem machucados nos tornozelos, não vão vencer ninguém, em nenhuma luta. Juntos ou não, vocês vão perder.
- Isso não faz sentindo, Akemi.
- Olhem só para vocês. Você, está o dia todo irritado e descontando no exercício, só porque não consegue seguir o ritmo da Sam. A Sam não consegue gravar os passos, e em vez de ajudá-la fica o tempo inteiro reclamando e chamando o que estão fazendo de dança. Não é uma dança. Vocês estão aprendendo caratê e precisam se esforçar pra isso dar certo. Em posição!
Samantha se preparou e Robby, mesmo relutante, entrou no círculo e esperou o aviso de Akemi para iniciarem.
- Façam os movimentos que estão treinando e os usem contra mim. Não vou pegar leve. Robby, se a Samantha errar, ensine a ela. Samantha, se o Robby se irritar, motive ele. Se vocês não tiverem a ajuda um do outro, não vão conseguir.
Ele se olharem e balançaram a cabeça, confirmando.
- Comecem!
Os dois iniciaram os chutes. Robby estava adiantado, esquecendo-se que Samantha precisava estar no mesmo movimento que ele. Por causa disso, Akemi conseguiu derruba-lo a tempo de defender o chute de Sam em seguida, que recuou, ajudando o garoto a se levantar.
- Você estava adiantado. - avisou Sam. - Ainda não consigo acompanhar esse ritmo.
- Desculpe.
Eles tentaram de novo, mas dessa vez, Akemi não precisou fazer nenhum tipo de contra ataque ou defesa. Ela desviou dos dois e, em um certo momento, eles atingiram um ao outro no meio da luta.
- E é aqui que vocês perdem. Anda, mais uma vez.
A terceira tentativa foi ainda pior que a segunda. Felizmente, os dois não se bateram, mas eles também não conseguiram chegar perto o suficiente para atingir qualquer golpe em Akemi. A garota aproveitou o momento em que os dois erraram a rotação para segurar suas camisas, o puxando para perto e chocando um contra o outro.
- Isso doeu, Akemi. - reclamou Samantha.
- A quarta tentativa é a última chance de vocês. Se chegarmos a quinta e vocês não conseguirem acertar um único golpe em mim, eu vou começar a usar mais força contra vocês.
- Você não está ajudando em nada. - disse Robby.
- Eu não tenho que ajudar vocês. Eu sou a vilã. Vocês precisam aprender a se ajudar.
- Preferia quando você ficava encostada no carro. - murmurou Samantha, atraindo um olhar irritado de Akemi.
- Venham comigo. - ela se virou, caminhando para os fundos do dojô. - Tentei ser boazinha. Queria que aprendessem a importância de estarem juntos, se ajudando, antes de aprenderem a sincronia. Querem pular etapas? - ela parou em frente ao laho com a plataforma flutuante, virando-se para eles. - Tudo bem. Agora nós vamos pular as etapas. Tirem aqueles bonsais dali e subam.
- Você quer que a gente suba ali? - repetiu Samantha.
- Quero.
- Nós não trouxemos roupa de banho.
- Deviam ter pensado nisso antes de me irritar. Agora vão.
Os dois se olharam, sabendo que perderiam caso iniciassem uma discussão com Akemi. Robby tirou os chinelos e entrou, reclamando da água gelada. Samantha foi logo atrás dele.
- Um de cada lado. - eles fizeram o que ela mandou.
- Se não rolou no chão, como a gente vai conseguir aqui?
- No chão, é muito difícil sentir o movimento do parceiro. Nesse deck, vocês vão cair na água. - ela riu, se divertindo com a situação. Nunca ficou tão feliz em não poder participar de um treino. - Vão, subam logo.
Com dificuldade, eles colocaram os joelhos sobre a plataforma e alguns segundos depois, estavam de pé. Os braços esticados e os olhos fixos nos próprios pés, tentando não cair ou escorregar.
- Olhem um pro outro e fiquem nas posições iniciais.
Eles seguiram seu comando. As pernas deslizando de vez em quando e o corpo caindo para trás de repente, mas ainda conseguiam se manter sobre a plataforma. Fizeram os primeiros movimentos, que consistiam apenas em usar os braços. Mas, quando chegaram na segunda parte, logo no primeiro chute, Robby caiu, escorregando para fora da plataforma e caindo na água. Samantha, que conseguiu continuar de pé por alguns segundos acabou dando passos para o lado, não conseguindo parar e caindo, como o garoto.
Akemi gargalhou quando os dois se ergueram, limpando a água do rosto.
- Vocês estão encontrando o ritmo.
- Eu acho que a gente não ta encontrando nada. - retrucou Robby.
- Quando isso foi limpo pela última vez?
- Akemi, será que dá pra parar de rir?
- Não dá, foi mal. Subam e tentem de novo, vocês não foram tão ruins quanto pensam.
As tentativas recomeçaram, e conforme eles erravam, conseguiam durar mais tempo ao subiram novamente na plataforma. Diminuíram o ritmo e, finalmente, Robby e Samantha mantinham a mesma velocidade. Depois de cinco quedas, eles conseguiram passar pela primeira etapa sem nenhum desequilíbrio e agora, conforme se aproximavam da parte dos chutes, sempre olhavam uma para o outro para ter certeza de que estavam juntos.
Quase duas horas se passaram e faltava pouco para que eles conseguissem se aperfeiçoar totalmente. Por fim, após estarem completamente enxarcados depois de tantas quedas, eles conseguiram chegar ao fim dos movimentos em perfeita sincronia. Se viraram para Akemi, fazendo uma reverência em forma de cumprimento, como costumavam a fazer ao sensei. A garota sorriu, orgulhosa dos dois.
- Achei que isso fosse durar o dia todo. - ela brincou, os fazendo rir. Robby e Samantha se aproximaram um do outro, dando um soquinho com as mãos.
Eles saíram do lago, indo se secar. Akemi foi até a cabana no Miyagi-do para se aperfeiçoando no kata, algo que gostava de fazer. Daniel não demorou a voltar da concessionária e o sorriso não saiu mais do seu rosto quando Akemi contou tudo que fizeram enquanto ele estava fora.
- Você seria uma ótima sensei, Akemi.
- Acho que não, eu só os mandei para a plataforma porquê queria que eles caíssem na água.
- Você só é um pouco esquentadinha. - brincou Daniel.
A porta se abriu e Samantha entrou no dojô.
- Oi pai. Você tem um segundo?
- Claro, o que foi? - Samantha trocou olhares rápidos com Akemi.
- Quer que eu saia?
- Não, não precisa. Acho que você vai querer ouvir. Pai, o que que você sabe sobre a vida do Robby?
Samantha contou a ele o que Akemi já sabia, sobre a mãe do garoto. Ela pensou em contar, mas queria falar com Robby sobre o assunto antes, porquê sabia que ele não gostava de ter sua vida exposta. De qualquer forma, agora que Samantha havia contado tudo, ela não poderia fazer mais nada, e tudo que restava era esperar a volta de Daniel da casa de Robby, torcendo para que ele conseguisse trazer o garoto.
No fim, Robby se juntou a eles no final da noite, comendo um jantar rápido com Akemi e Samantha. A campainha tocou, atraindo a atenção dos três na mesa, que conversavam sobre o treino que fizeram durante a manhã.
Amanda quem atendeu, voltando alguns segundos depois, seguida por um garoto. O moicano azul não podia passar despercebido, seja lá onde ele estivesse. Falcão usava um casaco preto e uma calça jeans rasgada. As mãos estavam escondidas no bolso do casaco e o olhar dele fixou-se em Akemi assim que a viu.
A expressão da garota se tornou séria, assim como a de Robby e Samantha.
- O que você quer?
- Akemi! - Amanda chamou sua atenção. - Seu amigo veio te ver. Não deveria trata-lo assim por causa do que aconteceu no torneio.
- Podemos conversar? Por favor. - ele pediu, a voz baixa, se recusando a olhar para qualquer pessoa no local que não fosse a melhor amiga, ou, quem sabe, ex melhor amiga.
Akemi se levantou.
- Vai embora, Falcão.
Ouvir Akemi o chamar de Falcão com a voz tão séria o magoou. Ele sempre quis que ela chamasse assim, mas era diferente quando era ela que o estava chamando de Eli, não qualquer outra pessoa. Era por isso que ele não se importava, estava acostumado. No fundo, gostava de saber que aquela era uma demonstração de carinho da garota, porquê a relação deles parecia ser diferente quando ela o chamava de Falcão.
Talvez agora ele nunca mais pudesse repreende-la quando ele a corrigisse e Akemi se preparava para falar a famosa frase nunca terminada. Ele sentia mais falta disso do que qualquer coisa, desde que eles pararam de se falar.
- Você a ouviu, cara. - disse Robby. - Akemi não quer falar com você. Deveria ter entendido isso quando ela ignorou suas ligações.
- Fica fora disso, idiota. - Robby se levantou, irritado. Akemi segurou o garoto, o olhar irritado deixando claro que queria que ele se sentasse novamente. Assim ele fez, os olhos fixando-se em Falcão.
- Tudo bem, já chega. - disse Amanda. - Akemi, vá lá fora conversar com o E...Falcão.
