Robby estava na casa de Akemi, sentado no sofá da sala, passando pela tela inicial de filmes da Netflix, enquanto procurava por um que fosse atender o gosto da sua namorada.
Nos últimos dias eles não tiveram muito tempo a sós. Andaram ocupados demais com a arrumação do dojô e seus novos alunos. Os treinos estavam durando mais tempo que o comum e quando terminavam eles acabavam ficando por mais algum tempo, para ajudar os novatos.
Robby queria aproveitar com Akemi a noite de sexta-feira longe de qualquer coisa que os lembrassem de caratê. Por isso, a regra da noite era "sem caratê", que ele adorou, por sinal. Só que era difícil entrar em um assunto com a garota que não acabasse retornando a uma lembrança engraçada de treino. Mesmo assim, Robby estava se esforçando para não quebrar a regra, porque sabia que aquilo era importante para a namorada. Fazê-la esquecer da briga com Falcão ainda estava na sua lista de afazeres da semana, e a regra do "sem caratê" seria útil no momento.
Ele passou por mais um filme, recusando todos os de ação que apareciam.
- Lua, o que você quer assistir?
Ele gritou, esperando que Akemi o escutasse do segundo andar. Ela tinha ido tomar banho, mas como Robby não ouvia mais o barulho da água do chuveiro nem a música alta, imaginou que ela já tivesse terminado.
- Documentário de serial Killer! - ele franziu as sobrancelhas com a resposta.
- Sério?
- Sim! Por favor!
Robby sorriu, acrescentando mais uma coisa a sua lista mental de "coisas que fizeram eu me apaixonar por você". Agora, em alguma posição daquela lista, estava dizendo: seus gostos peculiares na hora de assistirmos um filme.
Alguém bateu na porta, tirando a atenção de Robby da televisão. Ele olhou para a escada, esperando que Akemi estivesse descendo para atender, mas não viu nada. Então, se levantou, indo até a entrada da sala e abrindo a porta.
Assim que viu quem esperava do outro lado, o seu humor mudou no mesmo instante. Miguel estava na sua frente, a bochecha com um leve roxeado.
- O que você quer?
- Eu não to aqui pra brigar. Só... vim devolver uma coisa. - Miguel tirou a medalha do avô de Akemi do bolso.
- Sabia que tinha pego.
- Não, eu não tive nada a ver com isso. Nem com o que houve no dojô.
Robby pegou a medalha, ainda irritado.
- Nem todos são babacas. - murmurou Miguel, desanimado. - Só diz pra Kemi que eu sinto muito.
Robby assentiu, dando um passo para trás e fechando a porta. Ao se virar, viu Akemi descendo as escadas com uma roupa larga, o que o fez rir. Aquela era mais uma das roupas de seu irmão, mas Robby acabara de perceber que ela também usava uma blusa sua.
- Quem era?
- Ninguém. - ele riu - Quando foi que você pegou minha blusa?
- Sua blusa? Achei que fosse minha.
Ela deu de ombros, jogando-se no sofá. Bateu três vezes no espaço ao seu lado, um sorriso no canto da boca, olhando para Robby. O garoto riu, antes de ir até ela, guardou em sua mochila a medalha que acabara de pegar com Miguel, fingindo guardar outra coisa. Depois, deu meia volta, caminhando até a garota e jogando-se sobre ela, os braços envolvendo o seu corpo e a puxando para perto.
- O que escolheu pra assistirmos?
- Nada. Mas esse aqui me parece legal. - ele deu espaço para que ela olhasse a TV. A imagem estava parada na capa de uma minissérie. - Making a Murderer.
- É incrível!
- Você já assistiu?
- Já.
- Então é melhor escolhermos outro.
- Não, esse é legal. Fala sobre um cara que foi preso por um crime que não tinha cometido e quando ele é solto acontece um moooonte de coisa maluca. - Robby sorriu, encantado pela explicação da garota. - E aí, a polícia vai atrás dele, porque eles não aceitam que estavam errados. Só que então, bum! Um plot twist inacreditável!
- E qual é?
- Não vou te contar.
- O que? Por que não?
- Porque quero saber sua reação quando assistimos.
- Não é justo. Você já sabe o final.
- Vamos fazer pipoca?
Akemi se levantou, dando uma corrida animada até a cozinha, deixando Robby para trás. Ele a seguiu, ajudando a garota a fazer algo para comerem. Enquanto Akemi pegava o balde de pipoca que usariam, Robby separou os ingredientes sobre a mesa. A pipoca de micro-ondas sabor manteiga, sal e alguns biscoitos salgados que encontrou no armário.
Ele virou-se para Akemi, que precisava ficar na ponta dos pés para alcançar o micro-ondas.
- Lua?
- Oi. - ela o olhou por cima do ombro, logo depois de apertar o botão para ligar o aparelho. A pipoca ficaria pronta em poucos minutos.
- O seu pai, ele não vem te visitar?
- Não. Por que a pergunta?
- Bom, é que... eu não o conheço. E ele é o seu pai. Então... não acha estranho? Sabe, eu namoro a filha dele.
- Você quer conhecê-lo?
Robby deu de ombros.
- Se você quiser, não me importo. Achei que fosse importante pra você, como foi quando eu conheci seu irmão.
- Não quero que conheça ele. Ele não é meu pai, não de verdade, nem mesmo tem seu nome na minha certidão de nascimento. A única coisa que Hiroshi fez por mim na minha vida, pelo menos eu acho, foi pagar o dobro da pensão a minha mãe, pra que ela pudesse cuidar de mim e do Ren sem dificuldades. Além disso, o velho morreu na semana passada.
— O que? Você ta falado sério? Por que não me disse nada?
— Porque não é importante. Quer saber do importante? Meu irmão assumiu a empresa. Ele está animado com as coisas.
- Ele assumiu tudo?
Ela assentiu.
- Gostaria que você conhecesse o meu avô, mas acho que não conhecemos um pouco tarde pra isso. O Ren e Daniel aprovam você, já é o suficiente.
Ela sorriu, aproximando o rosto de Robby e dando um selinho no garoto.
O micro-ondas apitou, indicando que a pipoca estava pronta. Robby pegou a sacola de papel usando um pano para cobrir a mão. Ele abriu e jogou a pipoca dentro do balde, o levando para sala atrás de Akemi, que carregava o resto das coisas.
Os dois tiraram o pause da série e passaram a noite assistindo, tendo que parar durantes alguns minutos para que Robby fosse a casa dos LaRusso avisar que passaria a noite com Akemi. Daniel foi um pouco protetor, mas acabou cedendo quando Robby mudou de ideia sobre passar a noite na casa da garota. No fim, os dois concordaram que ele poderia voltar tarde para casa, desde que ele não dormisse lá.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
ESTÁ A LER
Sol & Lua - Cobra Kai - Livro 1
Ficção AdolescenteUma mudança repentina de país fez com que Akemi tivesse que se adaptar a um novo local. Vizinha dos LaRusso, sendo considerada membro da família por Daniel no mesmo instante em que ele recebeu a notícia de que a neta do seu antigo sensei estaria ind...