innocence - Jenlisa

cap.5

Assim que consegui abrir levemente os meus olhos, me arrependi de imediato ao sentir a luminosidade invadir meu campo de visão. Eu não tenho ideia de onde estou, somente consigo sentir a maciez de um travesseiro em baixo da minha cabeça.

Eu me sentia tonta, minha cabeça doía como se eu tivesse levado uma pancada forte. Um enjoo forte dominava o meu corpo, eu só queria poder voltar a dormir e acordar assim que me sentisse melhor. Eu tinha a sensação de estar estranha, diferente.

Esfreguei minha mão contra o olho, abrindo-o levemente para acostumar-me com a luz. Eu estava coberta por um edredom grosso, travesseiros macios ficavam ao meu redor e, ao meu lado, estava ela.

Lisa estava a ocupar o outro lado da grande cama, concentrado em um livro. Seus olhos passavam pelas folhas suavemente, e quando eu menos esperava, encontraram os meus.

Engoli seco quando vi a fúria em seu olhar, esperava que ela dissesse alguma coisa - qualquer coisa - que quebrasse o silêncio entre nós.

"Bom dia." Disse finalmente, com seu típico tom de voz seco e rude. "Finalmente acordou. Já são quase dez e meia da manhã." Reclamou.

Eu continuei em silêncio sem ter ideia alguma do que dizer, Lisa parecia brava e evitava contatos visuais comigo, e eu apenas queria saber o que havia acontecido. Por que eu estou deitada em sua cama? O que aconteceu na noite passada para que eu não me lembrasse de nada hoje? Por que ela parece tão brava e até mesmo...chateada?

"Jennie, você deve estar se perguntando o que aconteceu ontem, não é mesmo?" Questionou-me, como se estivesse a ler meus pensamentos.

"Uhm..Lisa..Mrs. Manobal.." Tentei dizer mas acabei me enrolando nas palavras, sem saber ao certo do que chamá-la agora. "O que aconteceu na noite passada?" Tive coragem finalmente de perguntar, mas ela ainda mantinha seus olhos colados ao livro.

Ela colocou o objeto em suas mãos sobre o grande criado-mudo ao lado da cama, e por fim ficou a me encarar. Lisa estava sem camiseta, apenas com um sutiã da Calvin Klein deixando a mostra muitas de suas tatuagens, e devo admitir que amo observar os desenhos na pele de qualquer pessoa, porém as dela são as mais bonitas que já vi.

Assim que me dei conta do olhar de Lisa sobre mim, tratei na hora de tirar meus olhos de seu peitoral e de suas tatuagens. Por mais que eu negasse a mim mesma, tenho pavor de seu olhar, continuei tensa deitada ao seu lado e só relaxei assim que um pequeno sorriso sarcástico rasgou no rosto dela.

"Ah pequena..." Soltou um suspiro longo e pesado. "Tem sorte, por um lado, de não se lembrar do que aconteceu ontem." Admitiu, tirando o sorriso de seus lábios de voltando a ficar séria. "Bem, digamos que você tenha bebido um pouco mais do que o necessário."

"Eu bebi muito?" Arregalei os olhos surpresa comigo mesma. "Por que eu não me lembro e por que a minha cabeça dói tanto?"Perguntei, visto que tentei me sentar mas minha cabeça latejava de tanta dor. O que está acontecendo comigo?

"Ressaca." Ela respondeu brevemente. "Acho, ou melhor dizendo, tenho quase certeza de que você não se lembra e não tem a mínima ideia do quanto bebeu ontem."

"Não." Concordei com ela. "Por que você me trouxe pra cá e não me levou de volta para o galpão?" Acabo por perguntar sem pensar.

"Devia me agradecer por isso, Jennie." Resmungou irritada. "Se eu deixasse você voltar para o galpão do jeito que estava ontem, aquelas garotas iriam brincar com você. Poderiam te dar drogas e você, bêbada e inocente, iria aceitar. Acredite em mim, não estou exagerando quando digo que seria capaz de você nem estar viva agora pequena."

Não consegui responder a altura do que ela havia me dito. Não posso acreditar que todas aquelas meninas no galpão são tão cruéis a esse ponto.

"Se não acredita em mim pergunte para a sua irmã. A Irene deve ser uma das piores por ali, mas talvez com você aqui ela sossegue um pouco." Mais uma vez senti como se a Lisa estivesse a ler meus pensamentos. "Bem, você pode ajudar a sua irmã ou se tornar uma vadia igual à ela."