innocence - Jenlisa

cap.31

As horas seguintes, para a minha sorte, passaram mais rápido do que eu poderia imaginar. Nós iríamos voltar para Bangkok naquela mesma noite, já que a garota de olhos castanhos havia combinado tudo com o piloto e o copiloto enquanto eu tomava banho. Mesmo sabendo que ela estava contando uma mentira, fingi acreditar e tratei de me vesti na mesma máscara de inocência que nunca havia saído de mim, apenas para descobrir mais sobre os planos de Lisa, ou simplesmente fazer de tudo para evitá-los.

A chefe tomou um banho rápido e deixou que eu me arrumasse com calma, dando-me roupas mais confortáveis, quase como pijamas, dizendo que eu não precisava me preocupar com nada do que veria acontecer nos dias, semanas e até mesmo meses seguintes. Só de pensar em todo o tempo que eu posso perder da minha vida sendo submissa a Manobal faz minhas mãos tremerem, tanto de medo quanto de raiva. 

Ela simplesmente me tirou da minha casa, da minha cidade, do meu país por puro interesse próprio, pensando em seus negócios e já tendo usado a minha irmã mais velha antes, além de muitas garotas que conviveram comigo anteriormente, todas acabaram presas naquele galpão. Mas eu, diferente delas, não iria voltar para lá. Talvez eu continue com Lisa, ou talvez ela me mande para algum lugar isolado, já que não quer que eu conviva com os outros chefes, ou com qualquer outro que seja do sexo masculino. 

Sinceramente, eu não sei o que esperar. Nunca pode saber o que esperar vindo de Lalisa Manobal, a pessoa mais complexa que qualquer um pode ter conhecido. E eu tive o mero azar - ou sorte - de ter encontrado a chefe, e talvez possa a ser a única que entre profundamente em sua mente. Para isso, eu preciso abrir mais a minha mente, sem deixar que a marca de inocência desapareça, talvez esse seja o único jeito de sair de tudo isso, e por fim, me livrar de Lisa.

Estava encostada na lateral do helicóptero, enquanto observava a pouca movimentação ao meu redor, o piloto e o copiloto conversando entre si, debatendo algum assunto qualquer e dando suas opiniões à medida que Lisa colocava seus planos para eles. O campo onde o helicóptero pousou foi o mesmo de antes, o lugar onde hoje mais cedo eu havia descobrido um dos maiores e mais intensos fatos sobre Lisa. O túmulo da irmã de Manobal podia ser visto de onde eu estava, e pude sentir calafrios só de olhar para lá.

Desde que cheguei aqui na Tailandia e conheci Lisa, eu pude vê-la de diversas maneiras diferentes; como a chefe rígida e intolerante, que mata qualquer pessoa sem pensar duas vezes; como a mulher de máscaras, que esconde seu verdadeiro lado; e como a chefe preocupada e cheia de arrependimentos, que perdeu mais do que poderia imaginar. 

Não pode se esperar muito do próximo lado que Lisa irá mostrar. Seus limites de bipolaridade e comportamento estão sempre sendo totalmente ultrapassados, e mesmo que eu esteja acostumada com a presença dela, todos os dias em que acordo ao seu lado me sinto com medo da pessoa que serei obrigada a encarar, sem saber como reagir com seus mil e um comportamentos diferentes, mas sempre com os mesmos objetivos e desejos. 

Por enquanto, eu simplesmente detesto ser o que ela realmente deseja a possui, tal como odeio todos os seus objetivos, mesmo não sabendo exatamente do que eles se tratam. 

ーPequena?ー a voz de Lisa soou ao meu lado, despertando-me dos meus pensamentos sobre ela. Me virei para encará-la e não pude escapar de seus olhos a me olhar, ela pareciam combinar perfeitamente com a aparência em geral da chefe - o maxilar bem definido, as covinhas profundas que sempre aparecem quando ela sorri; um sorriso que pode ser calmo e tranquilizador, e ao mesmo tempo malicioso e desejoso; seus cabelos penteados e já bem compridos, mas que mesmo assim dão a ela um charme e uma marca pessoal, que qualquer um poderia reconhecer, mesmo tendo ficado poucos segundos com Lisa.

ーLisa.ー Correspondi ao chamado anterior dela, desviando os meus olhos dos lábios rosados e carnudos dela, os mesmos estavam sendo mordidos pela chefe.