innocence - Jenlisa

cap.30

Lisa e sua mãe se afastaram de mim por um momento, e mesmo estando distantes de mim, as duas ainda faziam questão de cochilar entre si, lançando-me olhares estranhos à todo momento, como se estivessem checando para ter certeza que eu não ouvia a conversa das duas. E por mais que eu tentasse, era quase impossível não me sentir curiosa, e ao mesmo tempo ofendida, com toda a situação.

As dúvidas surgiam na minha cabeça a cada segundo, sobre os segredos de Lisa e sobre suas relações passadas com a Sana e, principalmente, com a minha irmã. Irene não me contou sobre nenhum envolvimento com Lisa, diferente de Sana, que gostava e fazia questão de deixar claro que ela e Lisa já haviam se envolvido antes.

Olhei para Lisa e não consegui imaginá-la com a minha irmã em seus braços, da mesma forma que faz comigo. Desejei ter a minha irmã de volta, assim eu poderia perguntar o quanto quisesse e ter minhas dúvidas atendidas. Eu não poderia perguntar tudo para Lisa, mesmo que ela fosse a verdadeira pessoa que sabe de tudo o que ocorreu, e poderia me responder tudo.

Porém, ela consegue ser a pessoa mais fechada que eu já conheci. Consegue fechar sua boca e evitar dizer o que sente ou pensa, mas às vezes é possível ver a verdadeira Lalisa Manobal insistindo para sair, mesmo que seja em meio de lágrimas ou até mesmo através de simples palavras.

Ela ainda estava conversando com sua mãe, e por mais que eu tentasse não conseguia desviar o olhar das duas em nenhum momento, tentando ler os lábios de Lisa ou os de sua mãe, mas era quase impossível saber o que se tratava o assunto das duas. A mãe de Lisa falava com a filha enquanto a mesma somente escutava, tendo momentos em que a situação se invertia, sendo Lisa a falar enquanto sua mãe escutava-a, paciente. Ela colocou as mãos nos braços dela e acariciou os mesmos, como se estivesse consolando-a.

O vento começou a bater com mais frieza e rigorosidade, e por um momento eu fui capaz de sentir falta da chefe de olhos castanhos ao meu lado, seu corpo seria capaz de me proteger da ventania, e por mais que eu devesse sentir o contraio, me sinto mais confortável e mais à vontade quando Lisa está comigo.

Respirei fundo e cruzei os meus braços, encostando-me com cuidado no túmulo da irmã de Lisa, admirando as flores que sua mãe havia trago para colocar na sepultura da filha. As típicas rosas vermelhas estavam unidas em um lindo buquê, junto com copos-de-leite e pequenas margaridas ao redor, as mesmas pareciam dar um toque final perfeito para o buquê em geral.

Peguei o mesmo com delicadeza e admirei as flores mais de perto, percebendo o cuidado como foram colocadas unidas, e suspeitei que tenha sido a mãe de Lisa que as preparou. Cheirei o buquê, afinal, sempre amei o cheiro das flores, vivendo em um ambiente cercada de pétalas coloridas e seus aromas maravilhosos.

Foi no mísero momento em que eu me distrai com as flores que a conversa de Lisa com sua mãe foi encerada, olhei para o lugar onde as duas estavam e me deparei com a cena da garota de olhos castanhos a ouvir as últimas palavras de sua mãe, antes de apenas assentir com suas afirmações e dar um breve abraço na mãe, se afastando da mesma logo em seguida, e voltando a ter seu olhar focado na minha pessoa.

Não fiz questão de desviar o meu olhar do de Lisa, percebendo a forma preocupada como ela me encarava, o que me deixou ainda mais curiosa à respeito da conversa. Suspirei enquanto observava Lisa vindo na minha direção, ela estava de cabeça baixa e com expressões preocupadas, lançando-me olhares a todo momento. Sua mãe andava logo atrás da filha, com os braços atrás das costas e lançando olhares tristes para o túmulo da filha.

"Jennie, nós precisamos voltar para Bangkok, pelo menos até amanhã de manhã." Lisa falou enquanto se aproximava da minha pessoa, colocando-se ao meu lado encostado no túmulo de sua irmã. "Tenho assuntos para resolver." Especificou e eu confirmei com a cabeça, pensando em como seria a minha volta ao galpão, depois de tantos dias fora.