cap.29

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Três dias, para algumas pessoas, é um período curto de tempo, mas para mim, esses dias se tornaram os mais longos da minha vida. Três dias em Buriram, presa em uma casa de campo com Lalisa Manobal, sendo sua submissa e vendo a verdadeira bipolaridade da chefe. Durante algumas horas, ela se fechava por completo, com um livro ou um caderno nas mãos. Já em outros momentos, ela voltava a sua atenção totalmente para a minha pessoa, lançando-me elogios sujos e me submetendo à minutos de prazer.

A casa de campo onde estávamos parecia ter sido feita para esses dias. Um ambiente espaçoso e com os móveis bem distribuídos entre cozinha, sala de lareira e um quarto, com um banheiro ao canto, que era tão luxuoso e completo quanto o da mansão de Lisa em Bangkok. A quantidade de comida era suficiente para nós duas, apesar da pouca quantidade que venho comendo. Até mesmo as roupas para ela e para mim, os tamanhos e cores pareciam serem perfeitos para nós.

Era como se tudo tivesse sido programado antes por Lisa, e mal consigo imaginar o que mais ela vem planejado.

Observar a pequena cidade pela janela fez com que eu repensasse certas coisas, esse intervalo de tempo fora do galpão foi, de certa forma, ideal para a minha pessoa. Eu cresci em uma zona calma, ao sul de Seul, sempre imaginando como seria o mundo afora, com pessoas trabalhando sem parar e sem tempo para suas verdadeiras vidas. Tinha o pensamento de que todos aqueles que crescem em cidades pequenas tem os mesmos sonhos que os meus, de sair de suas cidades para nunca mais voltar.

Depois que cheguei em Bangkok, eu passei a reconsiderar todos os meus verdadeiros sonhos. Queria estudar no próximo ano e me tornar cirurgiã, mas todos os meus planos foram cancelados drasticamente. Agora eu estou aqui, sendo obrigada a fazer coisas que jamais imaginei fazer e sendo submissa de uma chefe de tráfico possessivo.

Os sonhos mudam, tal como as pessoas, e mesmo com os meus sonhos mudados, eu espero não ter que mudar também.

Lisa foi a única pessoa que pareceu não seguir o meu pensamento anterior. Ela fez questão de voltar para sua cidade natal. Buriram é ainda menor do que a minha cidade, as ruas são bem organizadas e as casas charmosas, as pessoas parecem se conhecer há anos e os comércios cooperam em tudo.

Lisa e eu estávamos em um campo vazio, no mesmo lugar onde o helicóptero havia pousado. O dia estava frio e eu vestida o casaco grosso de Lisa, sentindo o aroma de Manobal percorrer a toda a minha pele. A chefe de olhos castanhos andava ao meu lado, com uma de suas mãos em minha cintura e a outra a mexer no celular. Suas expressões eram sérias e pensativas, haviam momentos em que ela desviava o olhar do celular para encarar a minha pessoa, como se estivesse a checar o que eu faço.

Ela soltou um suspiro longo depois de ler algo na tela do celular, parando de andar por um instante e soltando a minha pessoa, para que pudesse usar as duas mãos para digitar. Alguns segundos depois, o toque do celular soou alto e a chefe fez questão de atender, com um pouco de pressa em suas atos.

ーAlô? Sim, sou eu.ー Ela abaixou o olhar enquanto falava, cruzando os braços com frio e ouvindo a pessoa falar. ーEu estou aqui te esperando, mãe. Vou estar no lugar de sempre, e desta vez eu não consegui trazer flores.ー Mais uma vez ele se inquietou, e palavra 'mãe' acabou me surpreendendo. ーMeia hora? Tudo bem, até.ー Dito isso ela encerrou a ligação, soltando o ar deprimido e voltando a se concentrar na minha pessoa.

ーEstá tudo bem, Lisa?ー Questionei, encolhendo os meus ombros enquanto esperava por uma resposta.

ーJennie, eu quero que você entenda os motivos que eu te trouxe aqui. Eu entendo o quanto está sofrendo pela sua irmã, e quero te mostrar que você não é a única que perdeu alguém que ama.ー A chefe respondeu, colocando sua mão de volta na minha cintura. ーVenha, é logo ali.

innocence - JenlisaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt