Conhecida como a patricinha revoltada que a mídia insiste em perseguir, Bella Lancaster não tem escolha a não ser comparecer em mais um aniversário de casamento dos pais.
Filha de uma socialite e de um dos magnatas mais prestigiados do Reino Unido...
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BARONE
— Vamos lá, vamos lá... — clamei, o gancho entre a orelha e o ombro.
Nunca um homem foi tão feliz por estar numa cabine telefônica.
Uma chamada, duas...
— Vamos, vamos...
Três, quatro...
— “EU JÁ FALEI QUE EU NÃO VOU PAGAR PORRA NENHUMA!”
Meus tímpanos quase estouraram.
— Pancho, seu filho de uma...
— “PATRÃO?! PATRÃO BARONE?! — Houve uma respiração pesada do outro lado da linha. — Valha, minha nossa senhora do Rosário! Desculpa, chefe, desculpa mesmo! Mil perdões! Eu achei que fos...”
— Não importa. O Salazar! Cadê o Salazar? Passe o telefone a ele. Agora.
— “Claro, claro. É pra já!”
Nem 5 segundos de demora.
— “Patrão?”
— Serei rápido.
— “Só falar.”
Olhei para a mulher desacordada em meus braços.
— Acho que preciso de um carro.
▰▰▰
BELLA
Em algum local perdido na mente, eu sabia que estava sonhando.
A princípio começou com uma sensação de movimento, um chacoalhar bem de leve, como numa viagem sobre estradas de cascalho.
Depois, eu estava em uma praia.
Era dia, um dia de sol, uma manhã de verão. As ondas vinham calmas; a água, transluzente. Chegou até a margem e tocou meus pés descalços, cálida, brilhando ao raiar do sol.
A brisa doce e fresca soprou a barra extensa do meu vestido branco, de tecido leve e confortável –, pude sentir quando acariciei a protuberância no ventre.
Eu estava grávida.
Houve um berro, um grito agonizante ecoando na costa.
MEU grito. Fui eu quem demonstrou tanto pavor diante dessa paisagem divina.
O vestido, antes branco feito neve, agora era banhado de vermelho.
