Conhecida como a patricinha revoltada que a mídia insiste em perseguir, Bella Lancaster não tem escolha a não ser comparecer em mais um aniversário de casamento dos pais.
Filha de uma socialite e de um dos magnatas mais prestigiados do Reino Unido...
❝ Era uma vez um homem tão grandioso quanto os deuses...
Mas até mesmo os grandes podem tremer de medo.
Até mesmo os grandes podem cair. ❞
- Mary E. Pearson
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
BELLA
— Eu estou com ela — Celeste avisou.
Para ninguém em específico. – O que me sugeriu a presença de um micro ponto eletrônico no seu ouvido.
Sim, era isso mesmo.
Ela estava sendo monitorada. Sorte ser um micro ponto, pois os longos cabelos negros – presos por um coque alto – não escondiam suas orelhas.
(Levando em consideração que a garota trajava um disfarce de empregada e não dava para soltá-los.)
É uma regra da casa, na verdade. Julian tem medo de os “refugiados” – como ele diz – transmitirem piolhos.
Um dia rebati isso, afirmando que todo mundo sabe que a única praga existente na casa é o proprietário dela.
Ganhei um tapa na boca.
Ai, ai... Lembranças.
— O nosso trabalho começou um pouco antes das nove da matina. Quase uma hora depois do seu sumiço... — Ela abriu uma torneira.
Um gesto subjetivo... Não só para encher a banheira da suíte: mas para garantir que nossa conversa não pudesse ser ouvida atrás da porta – ou captada por escutas plantadas no banheiro, quem sabe.
Não me surpreenderia.
O retorno de Barone abalou as estruturas do poderoso magnata, deixando-o mais paranóico que o habitual.
A segurança da Lanc. House foi triplicada. Havia pelo menos um homem de preto para cada metro quadrado da mansão.
A ideia de serem contratados comuns poderia até colar em águas passadas. Mas essas águas aqui são presentes, e aqueles homens eram certamente membros da Legião.
— Foi o Jackson que emitiu o alerta? — perguntei.
— O policial mal encarado? — Assenti. — Sim, ele. Parece que o menino loirinho chegou logo depois.
Esbocei um sorriso.
— O Ben.
Apesar da situação de risco, senti um quentinho no coração por ouvir Celeste se comunicando de maneira tão clara.
O sotaque árabe dela é evidente nas consoantes, porém não tira a eloquência. Aos poucos, a menina calada e encolhida que conheci naquela noite fria desaparece lentamente. Aos poucos, sua voz se revela para o mundo.
