Conhecida como a patricinha revoltada que a mídia insiste em perseguir, Bella Lancaster não tem escolha a não ser comparecer em mais um aniversário de casamento dos pais.
Filha de uma socialite e de um dos magnatas mais prestigiados do Reino Unido...
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Kensington, Londres [17:30h]
BELLA
— Eu quase não te reconheci.
Sorri, apertando com força o corpo delgado de ninguém menos que Anne Lewis, a viúva do comissário chefe.
Pode-se pensar que eu, Annabella Shay, perdi o juízo de vez. Mas a verdade é que nunca me senti tão lúcida quanto nesse fim de tarde.
O céu desfilava suas nuvens robustas sobre Chelsea, um bairro classudo de Londres que abriga a maioria dos ricaços que frequenta ou frequentou a casa dos meus pais.
Acho até esquisito a Abby não ter dado um jeito de mover a propriedade dos meus avós para esse meio de tanta gente importante ao invés de deixar a Lanc. House ali, a 15 minutos de distância, destacada e solitária em Marylebone.
— Da última vez em que te vi, o seu cabelo era roxo!
Dei risada.
— O meu passado me condena.
Sra. Lewis segurou meu rosto quando nos afastamos, decorando os detalhes como se desejasse guardá-los para si.
Ela vestia um sobretudo cor de uva e saltos altíssimos de sola vermelha. Seu cabelo, chanel e brilhoso, exalou um cheiro doce de ameixa.
As ruguinhas ao redor dos olhos de Anne estavam mais aparentes, mesmo com a maquiagem impecável.
Ela envelheceu um pouquinho desde a última vez em que a vi, uma vida antes.
— Eu sinto muito pela sua perda, senhora Lewis — falei, enquanto os portões pesados de ferro foram fechados atrás de nós.
A nossa frente, um quintal imenso se estendia num fundo verde vivo, com bancos de madeira e bebedouros para pássaros.
Anne manteve um braço protetor ao meu redor, me conduzindo até o hall de entrada da mansão Lewis.
— Não pude ir ao enterro porque estava de plantão — lamentei, sentindo uma pontada repentina de culpa por não ter feito esforço para comparecer. — Peço desculpas.
Passamos por portas duplas que deram numa sala de estar toda decorada ao estilo moderno.
Super requintado e lindo. Um colírio para os olhos depois de tantas visitas ao mausoléu/casa da minha família.
— Não se desculpe, querida, ainda é difícil de acreditar que o perdemos. Quero dizer... Olhe pra essa casa! O Henry está em cada passo que damos.
É verdade.
Por mais que o comissário chefe não esteja mais entre nós, sua presença ainda podia ser sentida ali.
Posso falar sobre isso com gabarito, pois sei bem o que significa conviver com um homem autoritário e, consequentemente, abusivo.
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