Conhecida como a patricinha revoltada que a mídia insiste em perseguir, Bella Lancaster não tem escolha a não ser comparecer em mais um aniversário de casamento dos pais.
Filha de uma socialite e de um dos magnatas mais prestigiados do Reino Unido...
❝ Nós protegemos aqueles que não podem se proteger. ❞
- Teen Wolf
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BELLA
Ele não vestia preto, foi a primeira coisa que percebi.
Quase isso, pois era escuro igualmente: azul índigo, até as luvas.
Todavia, seus olhos se tornaram mais iluminados e claros, permitindo-nos explorar o tom flamejante de chocolate amargo.
Seu bronzeado destacou também, dando uma ênfase especial aos cabelos mais curtos e penteados lindamente; a barba feita e a expressão de gavião sobrevoando céu acima, caminhando entre os mortais todo convicto e elegante, daquele jeito dele de intimidar e chamar atenção sem precisar emitir uma palavra.
As câmeras viraram em sua direção, sequência de flashs acanhados. Os presentes cochicharam, tanto as mulheres quanto os homens.
O foco já não era o patrono aniversariante, mas sim o homem avassalador que abria alas para o inferno com sua chegada triunfal.
Troquei a taça de champanhe pela garrafa (que surrupiei da garçonete que passou por mim).
Apesar de levemente grogue, não demorei a identificar que a garçonete de quem praticamente roubei o champanhe era Erin Ramadan.
— Vai com calma aí — sussurrou somente para que eu ouvisse. — Você vai querer estar sóbria pra ver isso.
Ela tinha razão.
Encontrei os olhos achocolatados do anjo da morte no centro do salão, abaixo do lustre: o lustre onde nossa história começou.
Alvo da reação pasma até mesmo dos que obtinham conhecimento da sua chegada.
É difícil não desviar o olhar de um homem como ele. Valente. Resoluto. Firme. Um homem que não carrega nas costas o desejo de provar algo para quem quer que seja; mas que mesmo assim o faz, sem medo e sem dó; sem esforço ou ressalvas. O mundo é dele e ele sabe. Alma de imperador. Sangue de guerreiro. Decisões de um legítimo líder.
Lágrimas me tomaram, e nada teve a ver com o excesso de champanhe.
— Você me escolheu... — murmurei, tão baixo que seria impossível de ouvir.
No entanto, ele soube. Leu meus lábios. Viu em minha expressão. Sua boca curvou um micro sorriso adorável.
Então o queixo, quase que imperceptível, indicou a direita.
O telão acendeu.
Nisso, eu soube que, em algum lugar lá fora, Jerry estava com um computador em mãos.
