Conhecida como a patricinha revoltada que a mídia insiste em perseguir, Bella Lancaster não tem escolha a não ser comparecer em mais um aniversário de casamento dos pais.
Filha de uma socialite e de um dos magnatas mais prestigiados do Reino Unido...
❝ Alguém poderia se chamar de herói e ainda andar por aí matando dezenas. Alguém poderia ser rotulado de vilão por tentar detê-los. Muitos humanos são monstruosos, e muitos monstros sabem se fazer de humanos. ❞
- V. E. Schwab
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BELLA
Barone não me disse nada, ou emitiu um mínimo som quando me observou com uma profundidade que quase me fez sentir nua.
Não foi um olhar de malícia, no entanto. Na verdade, não dá para saber ao certo que tipo de olhar foi.
Eu diria que ele pensava, talvez assimilava o que eu disse.
“Peguei de surpresa!”
Sei que sim. Entretanto não há jeito de chegar à uma conclusão quanto àqueles olhos. Eles são indecifráveis. ELE inteiro é. Seu rosto é uma máscara de frieza.
“Será que se eu o chutasse no meio das pernas, ele gritaria?”
Não me surpreenderia se não o fizesse. O cara é tão articulado que irrita, dono de um controle emocional totalmente profissional.
Recentemente ouvi uma história sobre um homem habilidoso que com o tempo perdeu a sanidade para o desejo de uma retaliação que não tinha sentido, não cabia.
Agora, vi alguém em perfeita harmonia com suas faculdades mentais.
A divergência das versões me deixou curiosa.
Papai mentiu para mim – a vida inteira, especificamente. Essa foi apenas mais uma enganação dentro de uma longa lista. Depois de tantos anos não fica tão difícil assim de superar.
Porém, ali estava ele, o anjo da morte, olhando diretamente para mim.
Se Barone não sofre de alguma condição envolvendo delírios, isso prova que ele age em pleno juízo – o que não o torna menos perigoso.
Fora que ele assusta o homem mais assustador que conheço, e isso é o bastante para causar calafrios em qualquer pessoa de bom senso.
Ainda assim, eu continuo viva.
— Foi por isso... foi por isso que ele afastou você.
— “Não podem vir, não podem ver. Sempre a boa menina deve ser...” — citei sem ânimo.
Eu quis estapeá-lo, acertar nele o que quer que estivesse ao meu alcance; golpear seu rosto inúmeras vezes por ter jogado sal nas minhas feridas mais profundas.
Ao mesmo tempo em que eu quis... agradecer.
Pelo amor de Deus, por quanto tempo tive de engolir toda essa dor? Segurar todas essas lágrimas? Conviver com todos esses segredos?
Ganhar a oportunidade de enfim falar sobre isso foi um alívio.
Minha provocação pareceu despertá-lo dos 15 segundos de transe.
