Conhecida como a patricinha revoltada que a mídia insiste em perseguir, Bella Lancaster não tem escolha a não ser comparecer em mais um aniversário de casamento dos pais.
Filha de uma socialite e de um dos magnatas mais prestigiados do Reino Unido...
Eu não estava sozinho, deitado nessa vegetação vasta com cheiro de umidade, terra e vida. Minha Giulia estava ali.
Ela mostrava seus dentinhos de leite e os cachos negros serpenteavam na pele corada das bochechas cheinhas. Giulia nunca gostou de pentear ou mesmo prender seus caracóis.
Eu os afastei de seus olhos, aproveitando a deixa para apertar seu narizinho de botão.
Poshiavo, Suíça – 1994.
Não era um sonho.
Era uma lembrança.
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Tentei manter os olhos abertos, mas fazer isso sugeria um esforço que não poderia bancar.
A sensação não me é inédita. Quando criança, lembro-me de contrair catapora e ser exatamente assim: um cansaço tão físico quanto mental; a gravidade empurrando os sentidos cada vez mais para baixo, a ponto de um dedo pesar mais de uma tonelada para que se arrisque levantar.
Pisquei uma, duas, três vezes.
Abri os olhos e, “ok, desisto!”, eles fecharam de novo.
Arrisquei movimentar os dedos de ambas as mãos.
“Minhas luvas...”
Não, não só as luvas. Me faltava tudo o que devia cobrir da cintura para cima.
De relance, vi que um pequeno aparelho pressionava meu indicador.
Meu estado devia ser mesmo crítico, pois sequer me sobrou energia para questionar os porquês.
