Conhecida como a patricinha revoltada que a mídia insiste em perseguir, Bella Lancaster não tem escolha a não ser comparecer em mais um aniversário de casamento dos pais.
Filha de uma socialite e de um dos magnatas mais prestigiados do Reino Unido...
❝ Defenda o que é certo, mesmo que isto signifique estar sozinha. ❞
- Joana D'Arc
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BELLA
— Sinceramente, eu não compreendo por que você insiste em cometer os mesmos erros.
Enrijeci quando sua mão prendeu meu cinto de segurança com um movimento veloz.
— Coisa de patricinha, será? Ter tudo na mão deve ser entediante, eu imagino.
Minha mandíbula doeu, e só então percebi que estava trincada.
A mão indesejada pôs-se longe de mim para tomar o volante, e foi um alívio expirar.
— É isso, Bella, o motivo de tanta rebeldia? Meio fútil, eu diria. Não combina muito com o jaleco que você tanto se orgulha de usar.
Ele apenas falava com tanta pretensão porque fiquei impossibilitada de revidar.
Tinha esquecido da sensação de tomar umas bolachas.
Mas a sensação de observar seu nariz torto sobressaiu qualquer outra.
O asiático acabou por enfiar pedaços de papel higiênico em cada narina para conter o sangramento.
É difícil dizer qual de nós tinha a pior aparência.
Arrisco dizer que eu, pois eram minhas as mãos atadas por fechos de nylon.
Soltei um risinho ao vê-lo inquieto, tentando movimentar as áreas do rosto que não protestavam a cada micro expressão.
Posso ter perdido a briga, mas ele se lembraria de mim para sempre.
— Quem é você? — Consegui pronunciar, inclinando a cabeça de leve no banco.
Meu corpo de repente pesava o triplo, como se eu tivesse acabado de sair do mar revestida de areia.
Ele não mentiu quanto aos 5 segundos mais longos. – Não de toda minha vida – a dor do aborto foi mil vezes pior –, porém essa não deixou de ser memorável.
— Sou um mensageiro.
“E lunático.”
— Mensageiro da morte.
— Não, esse aí é o Barone. Cá entre nós, a alcunha dele é hostil. Inspira medo, não persuasão. Persuadir é mais trabalhoso e sofisticado. Meu trabalho. Por isso gosto de pensar que sou um intermediário, um representante das vontades de meu senhor.
— Então basicamente você é o pombo correio do meu pai?
— Melhor: Eu sou a águia que repousa em seus ombros, a ave que propaga o seu querer.
— Foi o que eu disse... Pombo correio.
— Você fala demais. Mostrar confiança nas besteiras que diz é o tipo mais grave de tolice.
