PRÓLOGO

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Nov, 20

Foi confirmada a morte de Henry James Lewis, Tenente aposentado do Exército Britânico e atual Comissário da Polícia da Metrópole. As causas permanecem desconhecidas.

Dez, 20 | BELLA

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Dez, 20 | BELLA

Cruzei os braços.

— Como é que é?

Um dos homens fardados hesitou.

Os dois eram jovens (eu diria que integravam as patentes mais baixas). “Kevin Sinclair” dizia a gravura na farda do quietinho, um ruivo com o rosto tomado por acne de terceiro grau. Já o mais forte, o que falava comigo, era mais seguro de si, mais confiante. Seu nome, Matt Murphy.

— É o que a senhorita acabou de ouvir, doutora. Nós sentimos muito.

Soltei um riso irônico, nervosa.

Ao redor da recepção, um burburinho discreto começou a se formar. Não sei dizer se somente pela presença da polícia, ou se pela presença da polícia devido a dois muçulmanos no hospital.

Aflito, sr. Khaled me encarou.

Pude ver a agonia nos seus olhos, e senti compaixão por ele e a esposa. Ao seu lado, ela, Maya, chorava cantando baixinho em oração. O véu cobria parte do rosto, mas eram visíveis as lágrimas rolando ali.

Arqueei as sobrancelhas, tornando a encarar os agentes da lei.

— “Sentem muito?” Vocês vieram aqui pra deportar um paciente que sequer acordou de uma cirurgia com duração de quatro horas e “sentem muito”?! — Não foi uma fala metafórica para a legislação, a monarquia ou o que mais tenha a ver com a droga do sistema.

Falei especificamente com os dois sujeitos de distintivo.

— Não somos nós que deportamos, doutora... coisa que a senhorita, que não é nenhuma leiga, já devia saber. Viemos checar a denúncia que recebemos, inclusive, daqui de dentro desse hospital. Essas pessoas estão ilegais no país. E quanto ao momento, eu acho que nunca existiu um mais ou menos oportuno pra uma situação como essa. Lamentamos o ocorrido mas são as regras. Ou melhor: é a LEI.

A questão era delicada, e eu estava tão cansada... Depois de corpo e mente horas a fio em estado contínuo de concentração meu pescoço doía e gotas de suor encharcavam minha nuca.

Tinha feito um coque desleixado enquanto cruzava o corredor que levava à recepção, onde toda a balbúrdia acontecia. E agora sentia os olhos pesados pelas horas de sono que necessitavam ser postas em dia.

Queria ter cruzado aquele corredor com outra notícia; desejei ter encontrado o casal de etnia árabe-síria para dar uma boa nova, testemunhar lágrimas caírem de alegria e não o contrário.

BARONE - O JuramentoWhere stories live. Discover now