51 • Uma Bella Mulher

42 7 6
                                    

❝ Nem sempre há um mocinho. Nem sempre há um bandido. A maioria das pessoas fica no meio-termo. ❞

- Patrick Ness

- Patrick Ness

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

BARONE

O auge da madrugada saudou Londres com um céu banhado de petróleo.

Tempestade de vento e granizo; o intenso brilho amarelado de uma lua crescente –, seu reflexo nos retrovisores da moto que eu pilotava com um excesso de cuidado incomum.

Nessa ocasião eu não podia  simplesmente correr, ora. – Havia uma dama na garupa.

O retorno de Marylebone para Westminster foi dificultoso devido o temporal. Trânsito parado e misturado ao som de sirenes, buzinas e pneus rolando sobre o asfalto molhado.

Bella manteve as mãos cruzadas em meu quadril. Seu rosto não podia ser visto, coberto pelo capacete reserva.

Nenhuma palavra trocada desde a partida: Jackson deu as ordens, e nós apenas trocamos um olhar.

Não nos ocorreu melhor ideia do que assentir. Eu precisava levar a moça para casa, e permanecer de olho nela.

“– As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio.”

“Quem dirá um canário, meu caro Kafka, quem dirá...”

A fachada do Fleur Residential – uma grande placa esculpida em madeira, onde o nome do condomínio reside em letras elegantes – por fim, brilhou.

Pela visão periférica, acompanhei Bella retirar o capacete.

Ela sinalizou para o porteiro, que liberou nosso acesso de moto. O grande portão foi aberto remotamente, e assim seguimos.

Estacionei na única vaga livre, tomando a chave da ignição.

Desci primeiro, estendendo ambas as mãos para ajudá-la a pular.

O condomínio soa mais severo do que luxuoso: São poucos prédios, de arquitetura tropical, 20 andares cada.

A entrada principal oferece uma versão minimalista do que seria o jardim Lancaster reduzido:

Um lago artificial é preenchido por rochas que dão uma coloração musgo para a água. É coberto por uma passarela de madeira no centro, o único acesso para a área residencial.

Ofereci o braço.

Ela aceitou, visto que mancava uma perna. Eu não estava lá essas coisas também, portanto caminhamos juntos.

Pois bem: Olhando para as laterais dessa ponte linear, é possível ver carpas coloridas acompanhando a corrente.

Um pergolado recobre o percurso até os prédios. Ele nos protegeu de tomar mais chuva.

BARONE - O JuramentoWhere stories live. Discover now