Conhecida como a patricinha revoltada que a mídia insiste em perseguir, Bella Lancaster não tem escolha a não ser comparecer em mais um aniversário de casamento dos pais.
Filha de uma socialite e de um dos magnatas mais prestigiados do Reino Unido...
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BELLA
Ouvi o barulho, depois senti o rasgo enorme e o ar gelado na pele.
Durante um movimento da dança com Ben, a lateral do meu vestido abriu generosamente.
Ri, tentando unir as duas metades de novo. No entanto a costura rompeu da coxa até a cintura e deixou meu fio dental vermelho a mostra. Maldita hora pra ter abandonado as minhas calcinhas de senhora.
Ben resgatou seu paletó, jogado em algum canto, e jogou por cima dos meus ombros, gargalhando alto.
Abotoei o suficiente para cobrir o estrago, as lágrimas de riso escorrendo nas bochechas.
Ao nosso redor, até a orquestra se rendeu ao momento, tal como os convidados mais extrovertidos, que riram com vontade.
Meu irmão me abraçou por trás, o rebelde inconveniente dando lugar a quem ele realmente é: o meninão alegre que furtava bolinhos de chocolate comigo.
Encontrei nossos pais em meio a multidão, rindo educadamente... Mas com olhares matadores em nossa direção.
— Muito bem, muito bem... Já chega. — Morgan, o chefe da segurança, o braço direito do nosso pai. (Ou como eu o chamo: “Morgan sem nome”).
Tudo por causa do dia em que nos conhecemos, onde, inocente, perguntei como se chamava.
“– Me chama de Morgan, patroazinha. Sempre Morgan.”
E daí nasceu o apelidinho.
— Mas eu ainda nem comecei a me divertir! — Ben protestou quando o grandalhão nos conduziu para longe dos risos, das fofocas e dos registros.
— E eu digo que você já acabou.
Com as mãos nas nossas costas, Morgan nos direcionou para os fundos, para o trajeto dos funcionários.
Olhei para cima, para seus olhos cor de carvão.
O cabelo do mesmo tom bate no queixo, na altura da barba por fazer. Ele é um sósia perfeito do Keanu Reeves, mesmo que odeie a comparação.
Sorri de canto, memorizando seu rosto; a expressão dura como a do patrão, mas olhos calorosos.
Ele piscou para mim.
Não foi preciso dizer que estava feliz por vê-lo. Morgan sabia. Ele sempre sabe.
— Você é um estraga prazeres mesmo! — Ben mostrou a língua.
Cruzamos o corredor vazio. As paredes brancas são decoradas com janelas pivotantes e quadros distribuídos por ano de lançamento, obras antigas avaliadas em milhões.
