As cicatrizes que foram alojadas na vida de Lorena após um abuso sexual a destruía lentamente. Perdendo o apoio da única pessoa em sua vida, teve que se agarrar em uma estranha que se tornou a sua família. Só não esperava que o destino que ela iria...
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Guilherme Marechal (MARECHAL) 13:57PM
Meus olhos não consegue evitar encarar ela, não sei porque, mas essa mulher tem algo que me intriga. O seu rosto genuinamente gentil, o seu corpo delicado mas com várias tatuagens, o cabelo volumoso lotado de cachos e os olhos castanhos. Mas principalmente as expressões em seu rosto, o medo que eu vi da última vez em seu olhar. Não sei o que, mas algo me diz que essa mulher vai me trazer problemas. Eu sei que ela está percebendo que eu não consigo parar de encarar, pois vejo o seus olhos virando na minha direção as vezes.
—Apaixonou cachorro? —Haridade observava a morena que entregava uma garrafa de água na mesa da frente.
—Não fode, Haridade! —Ele soltou uma risada enquanto eu pegava um cigarro colocando em minha boca.
Minha atenção mais uma vez foi até a morena que caminhou até ao balcão atendendo uma ligação. Meus olhos se estreitaram no mesmo instante me fazendo levantar e ir lentamente até o balcão. Disfarcei que iria pegar um dos molhos de pimenta prestando atenção em sua conversa.
—Ele não chorou? —Ela fez uma pausa logo em seguida dando um sorriso leve. —Certo, vejo vocês mais tarde.
Ao desligar o telefone ela se virou quase topando o seu corpo com o meu. Seus olhos se arregalaram no instante que eu estiquei o meu braço para alcançar o bloco de notas que iria cair. Antes mesmo que minha mão se aproximasse todo o seu corpo se encolheu evitando o meu toque. Eu sinto que as minhas suspeitas estão certas a cada vez que eu a observo, a cada atitude sua repreendendo o toque. Principalmente quando ela evita o meu olhar e se vira saindo lentamente perdida em pensamentos.
Eu preciso saber algum rival a tem nas mãos e ela veio pra minha comunidade fugindo. O momento em que estamos é muito instável e a última coisa que eu preciso é que uma mulher de traficante venha foragida pra cá. Eu sei o que um envolvido é capaz de fazer para encontrar a sua mulher. Principalmente os caras que espancou ou abusou de uma mulher. Esses caras são completamente loucos e obcecados.
—Marechal, tô com as informações que tu me pediu ontem. —Meu olhar foi até o VT que entrava no restaurante com alguns papéis.
—Vamo ali pra fora. —Ele acentiu se afastando me entregando os papéis. —Descobriu o quê?
—A mina é limpa, totalmente limpa. Nasceu na zona sul de SP, mas de repente se mudou pra Heliópolis. Desde então a mina é toda no correto. Não vacila em nada, irmão. —Meus olhos saíram da papelada assim que vi que ela tem um filho.
—Sabe quem é o pai da cria? —VT negou com a cabeça observando ela colocar as bandejas na nossa mesa.
—Meus contatos disseram que ela nunca abriu o bico, que descobriu que tava grávida com 17 e a mãe botou pra correr de casa. —Meus olhos se estreitaram mais uma vez.
