07: perfume exalando

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Giovanna Cabral08:45PM

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Giovanna Cabral
08:45PM

Lucas estava entrando na creche enquanto eu o observava de longe. Não posso evitar sentir a mesma preocupação que a Lorena. Também vivo com medo de que algo pode machucá-los, tento protegê-los de tudo o máximo possível. Mas nem tudo pode ser evitado. Como disse para a Lorena deixei avisado na secretária que a única pessoa que poderia buscá-lo era eu e a mãe, mostrando uma foto dela para todas as pessoas que ficaria com ele. A escolinha ficava um pouco a baixo da comunidade, não ficava tão distante o que facilitava para a gente.

Deixei tudo resolvido faltando apenas a parte da Lorena vir assinar, o que ela faria no próximo dia. Respirei profundamente me preparando para seguir ao escritório que eu tinha mandado meu currículo implorando mentalmente para que eles me contratassem. Não posso passar muito tempo sem conseguir um trabalho...

E antes que eu pudesse pensar em algo fecharam a porta na minha cara ao verem o meu endereço. O preconceito com quem vem de comunidade existe mais do que as pessoas possam imaginar. Sou uma boa advogada, eu sei disso, meus clientes sabem. Mas sempre quando digo de onde sou, sempre surgem as malditas perguntas.

Defende bandido? Mora na favela pra não deixar traficante ir pra cadeia?

Se soubessem o que passa na minha cabeça quando eles me negam por preconceito. Com certeza não seria colocar bandido na cadeia. Meus olhos se reviram instantemente com esses pensamentos inúteis. Arrumei minha bolsa no ombro me preparando para voltar pra casa já que entrevista em escritório precisa ser agendada e eu não conseguiria mais nada hoje. Como tudo é perto não demorou muito pra eu chegar na entrada da Nova Maré, eu já estava soada com o calor escaldante do Rio De Janeiro.

Meus olhos estavam quase esbugalhados tentando enxergar na minha frente, mas doíam com tanta claridade. Sentia minha pele queimando junto com os meus neurônios fritando. Não pensei duas vezes em me enfiar de baixo de uma sombra respirando fundo.

—Giovanna? —Minha atenção foi atraída até a voz que surgiu atrás de mim.

—Ah, oi. Haridade, né? —Sorri assim que meus olhos bateram nele se escorando no muro passando o seu olhar no meu corpo de cima em baixo.

—Isso... —Sua voz saiu quase em um sussurro ao notar meus seios, fazendo um pequeno sorriso surgir em seus lábios.

—Não acha que deveria olhar nos meus olhos quando estamos conversando? —Seus lábios foram umedecidos e logo seu olhar cativante veio até o meu rosto.

—É difícil focar em um lugar só, morena. —Não consigo evitar um leve calor passar pelo meio das minhas pernas.

Não posso negar o quanto ele é gostoso. Um rostinho novo com um sorriso safado e um olhar caído que poderia me provocar alucinações à noite. Não posso negar que ele é totalmente o meu tipo. E muito menos não posso negar que eu amo o perigo de me envolver com quem eu não deveria. A adrenalina é algo viciante e por mais que pra ele não faça diferença nenhuma, posso sentir que ele pensa o mesmo.

UM LANCE PERIGOSO (MORRO)Where stories live. Discover now