23: respirando

13.7K 1K 53
                                    

Lorena Castro

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Lorena Castro

O dia amanheceu tão tranquilo, uma paz absurda, mesmo que as pessoas estivessem percebendo um certo movimento dos vapores no morro subindo e descendo a toda velocidade. Algumas vezes alguns passavam armados pelo restaurante perguntando se vimos algo estranho, mas mesmo com tudo isso o dia estava completamente lindo. O sol forte, o céu completamente azul sem uma nuvem.

Lucas acordou tão animado que nem pensou duas vezes em se arrumar pra escola e me pedir para o pai ir buscar ele. Ver ele tão animado tem aquecido meu coração, é como se enfim tudo estivesse completo.

De repente o programa que estava passando na globo foi cortado para um jornal de emergência. Todos no restaurante parou no mesmo segundo, já que normalmente quando isso acontece gela o sangue de qualquer brasileiro.

Jornal:
Bom dia! Estaremos mostrando uma explosão que aconteceu há exatos 5 minutos em um galpão que armazena produtos corrosivos atrás do favela do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Bombeiros e a polícia militar já se encontram no local do atentado. Informações vem chegando a nossa equipe que se trata de duas organizações criminosas de alto escalão que estavam presentes no local. Até o momento se encontra 14 pessoas feridas e 3 mortos. Não temos os nomes das vítimas, mas no local se encontrava nomes fortes no tráfico de drogas como; o traficante do TCP, Marcos Souza Pinheiro mais conhecido como Caveira, o narcotraficante Douglas Silva Macedo mais conhece como Dedé, o traficante procurado Guilherme Marechal, entre outros indivíduos que também se encontram envolvidos em delitos menores. Em breve voltaremos com mais notícias sobre esse atentado.

Meu mundo parou no exato momento em que falaram o nome do Guilherme no jornal, principalmente quando apareceu o seu rosto. Foi como se a minha ficha caísse que ele realmente está nesse mundo, mas o baque foi ainda maior por pensar que ele poderia ser um desses 3 mortos. Nem sequer esperei falarem nada, comecei a descer a rua correndo em direção aos meninos que sempre ficavam na entrada. O choro entalado na minha garganta me fazia mal respirar.

Enquanto corria meu estômago se embrulhava enquanto o meu coração palpitava implorando para ele estar vivo. Eu não podia fazer nada além de implorar para que ele estivesse vivo, mesmo que estivesse machucado, apenas que ele estivesse respirando. Os meninos davam risadas, talvez ainda não tivessem visto a notícia. Mas ao me verem suas expressões mudaram, se assustaram por me ver já chorando. Não conseguia segurar e mal conseguia respirar.

—Calma ai, chefia. —Um dos meninos me apoiou segurando o meu braço.

—Teve uma explosão... —Eles se encararam puxando o rádio.

—Alguém sabe o que tá rolando na reunião? —Balancei a cabeça negando.

—Passou no jornal, teve uma explosão no lugar. Até falaram o nome do Marechal... —Eles se olharam mais uma vez pegando os celulares.

UM LANCE PERIGOSO (MORRO)Where stories live. Discover now