16: Lucas

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1 mês depois

Lorena Castro

Os dias foram passando se arrastando, mas ainda mais rápidos do que eu poderia imaginar. Lucas tem passado por uma fase difícil, está sendo um pouco complicado lidar com ele sempre que tocamos em algum assunto da escola. O que me faz pensar que algo está acontecendo, mas não consigo fazer ele conversar comigo.

—Filho... —Chamei ele que ainda continuava emburrado assistindo televisão. —Lucas! O que tá acontecendo com você? Você precisa falar pra mamãe.

—Ele continua emburrado? —Giovanna apareceu na sala com os braços cruzados. —Vamo pra escola, Lucas.

—Eu não quero ir! —Ele gritou cobrindo o rosto com a coberta que estava no sofá. —Não quero ir!

—Filho, tá acontecendo alguma coisa lá? Tem alguém brigando com você ou fazendo algo ruim pra você? —Ele continuou calado em baixo da coberta.

—Vamo, Lucas! Eu tô atrasada, sua mãe também está. —Ela tirou a coberta de cima dele que se levantou pra pegar a mochila. —Não se preocupa, vou conversar com ele no caminho.

Concordei soltando um suspiro pesado. Odeio saber o que está acontecendo com o Lucas, é algo que me sufoca. Se eu descobrir que alguém está fazendo mal para ele na escola, não sei do que eu sou capaz de fazer. Lucas é como se fosse uma pequena plantinha, sempre preciso regar com amor, não posso deixar ela secar de jeito nenhum, mas também não posso regar demais. É complicado lidar com uma criança, principalmente quando você é a mãe.

Eu poderia fazer a mesma educação que minha mãe deu, mas resolvi ser totalmente diferente. Ao invés de bater quando ele errar, resolvi entender e ensinar. Quando ele começa uma birra, ao invés de deixar ele de castigo, eu tento acolher e entender como ele está se sentindo. É apenas uma criança, ele não consegue entender as coisas direito. As vezes pode ser difícil fornecer essa educação, falta um pouco de paciência. Mas quando eu penso no meu filho no futuro, quero que ele se sinta seguro para errar e aprender, que ele se lembre que tem uma mãe que vai estar sempre por ele.

Caminhamos rua abaixo tentando conversar com o Lucas sobre o jantar, mas mesmo assim ele ainda continuava com o bico. Só abriu um sorriso no momento em que o Haridade apareceu na frente dele com aquela moto barulhenta.

—Tio Hari! —Haridade desceu da moto estendendo a mão fazendo o famoso soquinho que o Lucas adora.

—Fala cria. Tá indo estudar moleque? —Lucas balançou a cabeça. —É isso! Estuda mesmo e vai ser alguém na vida pra bancar nós. Fala pretinha, ta linda como sempre.

—Nem tinha te visto ainda, Haridade. —Giovanna se aproximou de mim segurando a minha cabeça na direção de um homem. —Olha aquela beldade, Lorena. Nossa, eu senti um calor...

—Ta de sacanagem, Giovanna? —Haridade se aproximou segurando o rosto dela selando os lábios dos dois. —Te dei o direito de olhar pra outro homem quando?

—Se liga, Haridade! —Ela se soltou das mãos deles, mas não conseguiu evitar o sorriso nos lábios. —Vamo, Lucas! Se despede da mamãe.

—Te amo, momãe. —Sorri sabendo que mesmo que ele podesse estar bravo com algo, mas ainda assim continuava sendo doce.

—Tá com essa cara por quê? —Haridade se escorou na moto cruzando os braços me observando. —Tava chorando?

—Lucas tá com algum problema na escola e eu não tenho a mínima ideia do que tá acontecendo... Tô me sentindo uma péssima mãe. —Sorri fraco soltando um leve suspiro.

UM LANCE PERIGOSO (MORRO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora