28: a única família retorna?

12.1K 940 83
                                    

Lorena Castro

Uma semana depois...

Guilherme mal aparecia em casa nos últimos dias, a casa que é dele praticamente virou nossa já que temos roupas nos quartos, seguranças andando por todo o quintal e passamos o dia todo aqui. Quando chega a noite fico esperando acordada ele voltar pra casa, mas sempre acabo pegando no sono e acordo com ele se deitando e me abraçando já tarde da madrugada. Hoje não seria diferente, mas tentei ficar de qualquer forma acordada e quando ele passou pela porta senti meu coração disparar, como se fosse a primeira vez que o via.

—Ainda tá acordada, preta? —Sua voz rouca quase tocou a minha alma.

—Fiquei te esperando. Sempre quando acordo você já não tá aqui mais... —Ele se aproximou com um sorriso leve nos lábios.

—Foi mal, amor. Tá uma loucura! —Selou nossos lábios e logo se jogou na cama soltando um suspiro pesado. —Tu tá bem? E o Lucas?

—A gente tá bem, tá todo mundo bem... Só estamos preocupados com o que tá acontecendo. —Ele fechou os olhos e eu logo me aconcheguei ao lado dele.

—Eu pensei que ia ser uma parada rápida, mas ele tá sumindo igual o vento. Quando a gente chega perto é como se viesse uma rasteira. —Mais uma vez ele soltou um suspiro pesado.

—Não é melhor o Hugo passar mais tempo com vocês ao invés com a gente? —Ele abriu os olhos me encarando. —O que foi? Não é ele que encontra todo mundo?

—Desde quando pegaram essa intimidade toda, Lorena? Nem eu que conheço ele há uns 7 anos chamo ele de Hugo. —Soltei uma risada e ele logo fechou a cara fazendo um bico pequeno nos lábios.

—A Milena sempre chama ele de Hugo, ficaria estranho só eu chamando de VT. —Ele me olhou.

—Ah é? Então geral pode me chamar de Guilherme? Já que pode ser estranho... —Empurrei ele levemente revirando os olhos.

—Ai, cala a boca! O que tem a ver o cu com as calças? —Ele soltou uma risada alta me fazendo tampar a boca dele já que era quase 04:00 da manhã. —Olha o barulho!

—É engraçado te ver tranquilona assim. —Ele me puxou para o peito dele mais uma vez passando os braços ao meu redor.

—Vamo descansar, você tem que dormir um pouco pelo menos. —Me aconcheguei outra vez fechando os olhos.

—Posso passar a madrugada inteira falando contigo, preta. Mesmo que eu fico cansadão no outro dia, a prioridade é tu... —Lentamente sua voz foi ficando mais leve.

Não falei mais nada que pudesse acordar ele, apenas fechei meus olhos pedindo mentalmente pra que quando eu acordasse ele ainda estivesse aqui.

...

Acordei passando a mão ao redor da cama e o mesmo sentimento do vazio preencheu meu peito. Abri meus olhos logo me levantando prendendo meu cabelo em um coque. A casa tava em completo silêncio, o que me assustava já que Lalai e Lucas no mesmo lugar é um furacão. Apenas passei no banheiro lavando o rosto e escovando os dentes e logo sai indo para a sala, mas fiquei travada assim que apontei na escada e vi todos sentados. Tirando o Lucas e a Lalai que brincava na grama do lado de fora com a Milena.

—Lorena... —Giovanna se levantou passando as mãos nas coxas, sinal que ela estava nervosa já que ela sempre faz isso, como uma mania.

—O que tá acontecendo? —Desci as escadas indo na direção do Guilherme que estava sentado de cabeça baixa. —Gente, tá me assustando! O que aconteceu?

—É que... —Giovanna nem teve tempo de falar, logo em seguida minha mãe passou pela porta da cozinha com uma jarra de suco e vários copos.

Meu corpo paralisou e eu senti um gelo passando por toda a minha coluna. Já fazia tanto tempo que eu não via ela e ela estava exatamente do mesmo jeito, mas com uma expressão cansada no rosto. Seus olhos assim que me encontraram marejaram instantemente, fazendo os meus marejarem também. Mas no momento em que ela colocou a jarra na mesa de centro e veio na minha direção eu recuei me colocando atrás do Guilherme, mais uma vez pensando que ele poderia me proteger de qualquer coisa, até mesmo dos meus próprios sentimentos.

UM LANCE PERIGOSO (MORRO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora