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Vittoria



Não sei se ele ainda está no banheiro, mas sei que ficou lá durante toda a madrugada, e eu só dormi quando raios de sol começaram a invadir o quarto. Olho ao redor quando me levanto, ainda vestindo o vestido de casamento, ainda não conhecia, assim como a casa, sequer vivia em Nova Iorque até dois dias trás, pousei na cidade com papai, meu irmão, minha cunhada e meu sobrinho, na manhã do dia do meu casamento.

Fomos direto para o espaço do casamento e fiquei lá até horas atrás, então tudo era realmente novo. O quarto tem suas paredes cinzas escuro, sem fotografias ou qualquer tipo de item decorativo. Além da cama, e duas mesinhas, só apenas uma poltrona também cinza e duas portas que levam ao banheiro e provavelmente o closet. Uma porta de correr que leva a sacada. Vou até lá e me deparo com a porta de vidro, trancada.

Será que ele espera que eu vá fugir?

Caminho devagar e quase não respirando até o banheiro e ponho meu ouvido atrás da porta, não há nenhum barulho. Paro de respirar de vez e abro a porta. Luca não está lá. O espaço é tão grande, escuro e limpo como o quarto e o que pude notar da casa. Ou Luca não vivia aqui tanto quanto eu, ou não se importava em ter nada e amava a cor escura. O que não era cinza escuro, era preto.

Sem graça.

Jogo água sobre meu rosto, antes de suspirar tristemente, eu deveria estar alegre, ele não me machucou e nem iria, mas não é o que sinto, ou só o que sinto, me sinto humilhada. Quantos maridos renegavam as esposas em sua noites de núpcias? Nenhuma!

— Ridícula! — digo para o meu reflexo no espelho.

Eu sabia que não era feia, mas era de longe a mais bonita da famiglia. Claro que Luca não se interessaria por mim. Havia muita carne. Muita bunda, muito seios, minhas coxas precisavam diminuir um pouco, a única coisa boa em mim, talvez fosse meu rosto. Havia herdado os traços delicados de mamãe e os olhos azuis e cabelo escuro com as pontas onduladas de papai.

Me livro do vestido, não me importando mais que queria o guardar como uma doce memória de um dia especial e inesquecível, e entro debaixo do chuveiro forte. A água arde levemente o corte que tenho no interior da minha coxa direita. Estou me enrolado na toalha quando ouço a porta bater, me apresso até lá, mas não há mais ninguém. Corro meus olhos até a cama.

— Maledetto! — xingo quando não noto o lençol.



(...)

Me despeço de papai segurando as lágrimas, imaginando que seus olhos estejam tão molhados quanto o meu, depois ele rapidamente passa o celular para meu irmão, que reforça o aviso sobre eu não envergonhar nossa família e ao meu marido, também que me ama, mas isso é rápido e quase não entendo, só sei pela experiência de anos, é como se ele fosse morrer se dissesse de modo entendível que me ama. Depois falo com meu sobrinho, de seis anos, que garante que eu não esqueça os jogos que lhe prometi agora que vivo nos Estados Unidos, o que me faz rir, gostaria de voltar a essa inocência, sem saber o que mundo é e o que me aguardava, então é passado para Malvina. A mulher foi como uma irmã mais velha muito querida, quando se casou há anos, com meu irmão.

Deixo o choro vir livre. Eu não a teria mais por perto, não os teria mais. Estava sozinha em uma terra desconhecida, sem amiga ou família. O único que pensei ter, não dando a mínima para mim, não se importando nem para fazer o ato mais banal e esperado, tamanha repulsa que sentia por mim.

— Mav, eu... — começo a chorar.

— Estou aqui, Vi!

Choro mais, ela não estava, nunca mais estaria.

Nas Mãos Do Don - 2ª livro da série Nas Mãos Do Amor Where stories live. Discover now