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Luca

O choro esfomeado de Vito reverbera por todo meu escritório, como se o pequeno leitãozinho estivesse ali e não em seu quarto. Espero que Vittoria chegue ao quarto do filho, mas segundos se transformam em minutos e nada dela surgir ali, atravessar a porta em desespero, apanhar o esfomeado e cala-lo com seu seio farto. A babá e muito menos Gisele, fazem o mesmo. Ninguém vai até ele. Seus bracinhos gorduchos se agitam no berço, suas pernas roliças logo se juntam aos movimentos de desespero.

Merda!

— Onde está Vittoria? — pergunto a Juliano, sem lhe dar tempo para sequer me cumprimentar, quando atende minha chamada.

— A ouvi com a babá e Gisele no quarto dela, Chefe.

Suspiro irritado.

— A mande até Vito, ele está descontrolado. Ela não está ouvindo o berro dele? Onde está a porra da babá eletrônica dela? O garoto está faminto! — rosno por fim — E você não o ouve também, caralho?

Há um grande e irritante silêncio, até que ele volte a responder.

— Falarei com a senhora, Chefe!

— Rápido! — desligo.

Enfio a babá eletrônica que possuo na gaveta e desvio meu olhar da tela quando Vittoria chega ao quarto e apanha Vito em seus braços. Há um certo alívio quando o choro se vai e uma raiva também, pelo tempo em que ele ficou sozinho se debatendo.

Não era ela quem queria um filho? E para quê? Deixar a criança se esgoelar até a morte?


(...)

Mais uma vez o choro de Vito vem até mim com tudo, Vittoria e ninguém vai até ele, porém, dessa vez seu choro é diferente de quando desejava pelo leite materno. Deveria se tratar de sua fralda. Envio uma mensagem para que Juliano encontre a babá, e logo sua resposta chega. A maldita mulher que tem como função exclusiva cuidar do garoto não está na casa. Filha da puta!

Faço uma chamada.

— E Gisele?

— Foi junto. A pedido da senhora, Chefe — se apressa em explicar.

— E à senhora?

— Acho que ela apagou, Chefe! Ela estava reclamando de dor de cabeça. Muitas noites sem dormir. Posso ajudá-lo em algo mais? Acordo a senhora? — oferece. Penso a respeito — Chefe?

Limpo a garganta.

— Não. A deixe descansar. E diga para a babá e Gisele voltarem o mais rápido possível para casa.

— Sim, Chefe!

Atiro minha cabeça para trás e respiro profundamente. O choro se intensifica. Porra!



Vittoria

Meu coração se aperta tanto que Gisele precisa me segurar pelo braço para que eu não vá até meu filho. Havia sido uma ideia idiota e perversa, mas quando me dei conta de uma câmera, das prováveis inúmeras delas, no quarto de Vito, após o pânico de que algum inimigo de Luca tivesse conseguido invadir nossa casa, tive a ideia. Ele se importava! Isso era mais uma prova. Gisele, Miranda, a babá e Juliano estavam me ajudando com isso. O segurança até mesmo contou, me fazendo prometer pela vida do meu pequeno para não contar nada há ninguém, que Luca mantinha uma babá eletrônica para si. Isso explicava como ele sempre sabia das coisas.

E tinha mais, sempre que estava no quarto de Vito ou ele no meu, Luca passava várias vezes em frente a porta de nossos quartos. Juliano apenas confirmou quando eu indaguei. Havia me dado conta que mesmo Luca Romano, possuía medos, e ser pai era o maior deles. Eu precisava mostrar a Luca que ele não seria como seu pai, e minha ideia provavelmente ridícula era uma maneira de fazê-lo enxergar isso.

Nas Mãos Do Don - 2ª livro da série Nas Mãos Do Amor Where stories live. Discover now