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Luca

— Engula o caralho de suas palavras, Vincenzo.

Meu irmão ergue as mãos em rendição e troca um sorriso besta com nosso primo. Dino apenas faz uma careta confusa e me olha como se eu fosse esclarecer qualquer uma de suas dúvidas. Eu queria que ele, Vincenzo e todos fossem se foder.

— Foi uma boa reunião — muda de assunto, por isso Dino era o mais sábio entre nós três e sem dúvidas, de toda nossa família de merda, ainda que não fosse nenhum santo. Não havia como ser um Romano e ser um, na verdade, não dava para ser da Costra Nostra e ser um bom homem, mas ser um Romano, te deixava ainda mais baixo, te fazia vir de baixo e retornar para ele quando sua hora chegasse. Fosse pelo tempo, doença ou traição. Normalmente, o último — Como vai o casamento? — não tão sensato assim.

Vincenzo como o insano que é começa a gargalhar, como se a maldita pergunta fosse há mais engraçada das piadas. O canivete que usei ontem para libertar a demônia que possuo como esposa, voa sobre ele, meu irmão tem a infeliz sorte de se abaixar antes.

— Pelo visto, você não recomenda o matrimônio — Vicenzo nunca soube quando se calar — Irônico que teve que fazê-lo duas vezes para perceber isso.

Dino se põe a minha frente antes que minhas mãos possam encontrar o pescoço do meu irmão caçula.

— Acredite, ainda que o desejo de dar fim a vida de Vincenzo seja um prazer que muitos de nós, incluindo a mim, seja grande, é uma morte que futuramente você não irá querer lidar.

— Nossa, Rex, nunca esperei tão pouco de você — Vincenzo zomba.

Dino o olha.

— Não me tente, primo.

O canalha ergue as mãos novamente.

— Me largue, Dino.

Ele o faz.

Meu irmão se aproxima e me entrega uma boa dose de uísque, Dino o reprova com o olhar, mas como Vince, nós dois o ignoramos e se senta ao meu lado. Dino se junta por fim e me passa um charuto. A mesma fumaça que matava aos poucos meus pulmões, também me acalmava. Nenhum dos dois entendem quando o enfio no copo de uísque e arremesso no outro lado da sala, onde os membros da famiglia se reuniam.

Aquela maldita de olhos azuis-celestes que carrega a maior estrela neles, piscando incessantemente em minha mente.

Maldita seja pela eternidade Vittoria... Vittoria Romano, a demônia com quem me casei!





Vittoria

Respiro fundo pelo que tem que ser a quinta vez ou mais, realmente tinha perdido a conta. Os pneus cantando do carro de Luca chegam até mim pela sacada do quarto, não espero para vê-lo sair do carro, me apresso para fora dali e sigo para a sala. Bons minutos se passam para que a porta se abra e Luca passe por ela, lhe ofereço meu maior sorriso, mesmo que ainda queira socar ele por ontem e todo o resto, mas sua confusão por me ver ali a sua espera serve no momento. Luca não está entendendo nada.

Aposto como esperava que eu fosse me enfiar no quarto e ficar sem comer. Ele veria só! Eu estava falando sério, tentaria que esse casamento não fosse a base de humilhações e avisos, faria com que Luca tivesse ao menos um pingo de respeito por mim e então, se mesmo assim não desse certo, bem, seria como ele quer. Um casamento repleto apenas de ódio mútuo. Se eu percebesse que minha tentativa, provavelmente muito estúpida, não levasse a nada além de mais dor para mim, eu faria como ele. Daria a Luca o que ele entregava para mim.

— Boa noite, Luca! — cumprimento indo tirar seu paletó — Como foi seu dia? — ele apenas me deixa seguir com meu plano e agora sou eu quem está surpresa. Imaginei vários cenários, e sinceramente, não pensei que passaria da primeira fase — Caso esteja com fome, há comida no forno. Boa noite! — antes que eu possa chamar, Gisele surge na sala, o cumprimenta e lhe entrego o paletó do seu chefe.

Nas Mãos Do Don - 2ª livro da série Nas Mãos Do Amor Where stories live. Discover now