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Vittoria

As palavras reveladoras dos últimos dias, me deixa perdida, cheia de pânico e confusa, não sei o que fazer ou como agir, e isso está deixando Luca impaciente, mesmo que disfarce. Só queria poder falar com Malvina, receber o carinho de papai, ouvir que sou amada por meu irmão de forma quase ininteligível e sorrir das tagarelices e traquinagens do meu sobrinho. Só queria poder estar de volta em casa por alguns dias, longe de Luca, longe dos olhares e cochichos das pessoas desse lugar praticamente estranho para mim. Desde aquela noite, Luca e eu temos ido há muitos jantares e festas, mas não poderíamos estar mais distantes um do outro. Eu fujo dele.

— Está trancada, senhora — Juliano avisa quando ergo minha mão para tocar na maçaneta da porta que me levará a sala de tevê. Giro rapidamente minha cabeça até ele, nem tinha notado que me acompanhava, eu pretendia passar mais um dia enfiada ali com a cara em filmes sem realmente prestar atenção — Ordens do Chefe.

Assinto.

Claro.

Ele até que demorou para tomar uma atitude.

— Gisele já voltou? — ignoro o que me contou e faço minha pergunta diária.

— Não, senhora.

Juliano, me envia sua resposta de sempre.

— Ela está viva? — a pergunta sai rasgando minha garganta.

Juliano, me olha com compaixão e logo abaixa a cabeça.

— Não sei responder, senhora.

— Obrigada. Voltarei ao quarto.

— Está trancado também. Assim como todos os outros quartos, a biblioteca e cozinha.

Suspiro cansada e com raiva.

— Onde Luca está?

— Treinando.

O agradeço e sigo até lá, sei onde fica. Ele fazia de propósito, por isso sequer saiu para trabalhar.




Luca

— A senhora está vindo — Simone informa, saindo do tatame e cobrindo o peitoral, após se livrar das luvas de boxes ao atender seu celular. Hoje o desgraçado chutou minha bunda mais que o normal — Sorte sua.

— Quero uma revanche mais tarde, filho da puta.

Ele sorrir.

— Se eu não fosse envergonha-lo mais uma vez, faria isso agora — atiro uma das minhas luvas nele.

Simone desaparece por uma das laterais poucos segundos antes de Vittoria surgir. Indico com a cabeça para Juliano sair, ele estava logo atrás dela. Com sua partida, testa somente nós dois, nos encarando, fodendo de raiva um do outro. Confesso quão louco estou por ela e a demônia somente me ignora? Eu iria lhe mostrar como ninguém me ignora!

— O que quer de mim? — pergunta, na verdade, exige. Vittoria está realmente exalando muita raiva. Ótimo. Estamos quites.

Passo por baixo das cordas, e caminho até ela. Eu poderia engoli-la e talvez não fosse ser uma péssima escolha a se fazer, assim estaria livre dela, livre de todo mal que irá me causar. Porque estou adiando isso, não sei. Sendo pequena e frágil, seria mais que rápido. Lutaria no início, mas reconhecendo que não há chances, apenas aceitaria seu fim. Ainda estaria lhe fazendo um favor, será bem pior depois. Vittoria irá me machucar e eu vou lhe dar isso de volta, então, se eu somente encurtasse as coisas, tudo estaria de volta ao seu lugar de uma vez por todas.

Mas, não faço.
Eu prolongo.
Malditamente, prolongo!

— Pare de fugir de mim, porra! — saqueio sua boca. Bato com tudo meus lábios aos seus, ela tenta resistir, lutar contra, exatamente como imaginei, então, aceita. Vittoria, me aceita! — Qual a parte do é minha, você ainda não compreende? — indago ofegante, quando é necessário que abandone sua deliciosa e só minha, boca — Qual, bella-demônia? — com nossas testas unidas, minha respiração quente bate sobre seu rosto.

— Seja somente meu, e jamais esquecerei disso. Até lá, são só palavras vazias — responde cheia de convicção, se afastando de mim — Cansei. Não quero que seja só louco por mim, cheio de atração, quero o que lhe dou e se não pode, comece a buscar pela próxima senhora Romano — deixando claro, Vittoria limpa os lábios com o dorso da mão — Me trate como sua mulher, para amar e respeitar, ou encontre outro objeto de prazer, pois não vou ser mais o seu. EU. CANSEI. LUCA! — dita furiosa, olhos nos meus.

Me aproximo novamente dela.

— Sabe o que isso implica, não é?

Seus olhos brilham por lágrimas, mas nenhuma cai. Vittoria ainda me encara com fúria, decidida.

— Vá e não perca seu tempo comigo, mande trazer de uma vez por todas outra mulher. Afinal de contas, a casa é sua e sou um mero nada para você. Você fez de tudo para não ser como seu pai para Bianca, e é uma pena que ela não se importou de verdade, mas não sou ela e estou cansada de lhe dizer e provar isso. Então, por favor, Luca, se não vai me matar de uma vez por todas, traga outra mulher e coloque no quarto ao lado, melhor, use o que uso, afinal de contas aqui nada me pertence igualmente a você, para que eu possa acabar com essa insanidade e sentir por você nada além de ódio, desprezo e nojo. Me mate da pior forma, não é você a Besttia? Me traía!

Ela espera.

E há muito tempo, há muitos anos, não sei o que fazer... Ou sei, mas não faço. Então, Vittoria cansa e me dá as costas e eu permaneço ali, imóvel, abatido por suas palavras, por sua raiva, por seu desespero, por sua dor... Por seu amor.




Vittoria

É noite quando movo minha bunda já dolorida e fria de um dos degraus da escada em frente a casa e passo pela porta entreaberta, a escuridão da sala me engole e em outro momento isso me incomodaria, mas não agora. Duvido que algo fosse me incomodar nesse exato momento. Tudo o que gostaria de fazer é dormir por longos dias, sem sentir e me preocupar com coisa alguma. Só existir. Mas então as luzes se acendem e a voz de Juliano vem até mim, e é quando me lembro de não ter onde dormir.

— Nada mais está trancado, senhora — não tenho reação alguma, mas após alguns segundos, assinto. Ainda estava imersa em tudo que cuspi sobre Luca, e o medo que isso me trazia, junto há uma raiva potente mesclada há alívio, quando Luca matasse o que sinto por ele, seria mais fácil. Não me importaria. Não sentiria. Estaria anestesiada e protegida até que decidisse ser a hora do meu fim — Gisele chega pela manhã — isso me arranca algo, um suspiro de alívio e mais temor.

— Viva?

— Não sei, senhora — o alívio se esvai — O Chefe viajou — a nova informação me deixa sem saber como agir ou sentir.

— Boa noite, Juliano!

— Boa noite, senhora!

No quarto, no centro da cama, meu celular.

Por que ele simplesmente não acaba de uma vez com isso?

Empurro o aparelho até seu lado e me deito.




Votem e comentem bastante 💜

Estará Luca agora "tão Emma Parker"? (Referencias kkkk)

Nas Mãos Do Don - 2ª livro da série Nas Mãos Do Amor Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt