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Vittoria

Luca atravessa o quarto sem direcionar seu olhar para mim, ainda estava na cama mesmo que não houvesse conseguido pregar os olhos em momento algum, ao me lembrar de suas malditas câmeras também não pude chorar e desabafar a dor e raiva que sentia, mantendo e remoendo ainda mais dentro de mim. Estava cheia de fúria pela forma que me tratou, por estragar o bom momento que estávamos compartilhando, fazendo isso muito antes de ontem, mas noite passada foi de mais. Quando bate a porta do banheiro com mais força que o necessário, pulo para fora da cama com rapidez e me apresso para fora dali, ou penso em fazer, a porta do quarto não abre. Procuro por chaves, mas não as encontro.

— Por que a pressa? Ama ficar escondida aqui — sua voz soa perto demais. Fecho meus olhos por alguns segundos, respiro fundo e me viro, dando de cara com seus olhos azuis frios e parecendo assustadoramente impenetráveis — Escolha uma roupa para mim e me acorde em duas horas — ordena.

Eu rio de sua audácia.

— Peça para a sua sobremesa fazer — esbravejo em seu rosto, ficando nas pontas dos pés e o empurro, ou tento. Luca sequer se move — Vá para o inferno, Luca!

Ele segura meus punhos, frustrando minha nova tentativa de empurra-lo, ou tentar fazer isso, me mantendo presa rente ao seu dorso nu, uma toalha felpuda enrolada em seu quadril.

— Escolha uma roupa para mim e me acorde em duas horas, sobremesa — murmura muito próximo da minha orelha. Eu quero atear fogo ao meu corpo, quando dá atenção demais a aproximadamente do corpo de Luca, do calor que ele emana apesar de possuir os olhos mais frios do universo, por se tornar um poço de desejo ao redor dele — E se bem me lembro, se vou ao inferno, devo levá-la então, não foi você mesma que disse que me seguiria?!

— Também lhe disse que se me trair...

— Escute bem, Vittoria, pois direi só uma vez: se eu quiser ter outra mulher para passar a noite não irei até ela, mandarei que a tragam aqui.

Busco em seus olhos sinais de mentira, mas não encontro nada. Absolutamente nada e isso não ajuda. Luca leva uma de minhas mãos para o meio de suas costas, puxo para longe quando toca algo úmido e uma quase imperceptível careta de dor, preenche seu rosto, desaparecendo rapidamente. Me afasto dele, que permite e dou a volta. Luca tem um grande e feio machucado ali.

— Você está machucado.

— Seja uma boa esposa e me acorde em duas horas. Ainda não matei quem me fez isso.

Ignoro suas palavras e saio em busca de curativos.

— Sente-se — mando enquanto caminho até o banheiro.

Quando retorno, ele está como pedi, sentado na ponta da cama. Me posiciono atrás dele, ficando de joelhos sobre a cama e começo a limpar a ferida, com sorte, Luca não teria outra cicatriz.

— Cuidava dos ferimentos do seu pai e irmão? — indaga quando começo a cobrir a ferida, não precisava costurar.

— Ás vezes. Luigi menos ainda, zombei dele por quase uma semana quando quase chorou enquanto eu limpava — conto, a memória me arranca um sorriso.

— Deve ser porque limpa como se estivesse sovando uma massa — pressiono com um pouco de força, desnecessária — Merda! — chia baixinho.

— Parece que está certo — saio da cama.

Reúno tudo o que usei.

— O que quer?

Paro de andar e o encaro.

Nas Mãos Do Don - 2ª livro da série Nas Mãos Do Amor Onde as histórias ganham vida. Descobre agora