Capítulo 16

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Como planejado, a morena desceu até a portaria para retirar seu pedido ela retornou ao apartamento aonde saborearam juntas a pizza sabor quatro queijos e após terminarem a mais velha pegou seu carro para irem buscar as coisas da garota mais jovem.

Zulema dirigiu o caminho todo enquanto iam e depois na volta em silêncio deixando com que sua mente a torturasse tentando se recordar daquela foto e como ela foi parar ali, entre as páginas daquele livro.

_Está tudo bem? — a loira falou notando seu silêncio.

A morena pareceu despertar do transe olhando para a loira e sorrindo.

_Estou bem sim, só estou cansada. — respondeu e acabou por convencer a namorada até porque pra quem trabalhou dois plantões seguidos, ela dormiu pouco.

Fátima apenas observava as duas mulheres que estavam no banco a sua frente enquanto ela olhava Anthony que dormia no bebê conforto ao seu lado.

_Precisarei sair amanhã. — Macarena falou enquanto a morena prestava atenção ao trânsito._Vamos fazer o exame de DNA no Anthony para que eu possa registra-lo no nome de German!

Zulema apenas a olhou e sorriu, sabia o quanto isso era burocrático e que também era necessário visto que o registro de nascimento dele só continha o nome da loira.

_Alicia vai com você? — ela perguntou vendo a mais nova assentir.

A morena concordou e sorriu para a loira que apenas retribuiu, ela sempre procurava apoia-la em tudo que ela fazia principalmente se fosse algo que beneficiária o garoto.

Fátima que ouvia a conversa no banco de trás ficou um pouco confusa por não saber da história, cautelosamente ela olhou para o garoto e depois de relance para a loira sentindo vontade de perguntar quem era German a morena ao olhar no retrovisor viu a menor mexer nos cabelos pensando se perguntaria ou não.

_Quem é German? — por fim falou fazendo com que Macarena se virasse para olha-la.

_É o pai dele. — respondeu.

Novamente a menina ficou em silêncio, pensou que a loira fosse aquele tipo de pessoa que queria ser mãe e mesmo que não tivesse alguém optaria por fazer uma inseminação, ao notar o olhar de curiosidade Macarena prosseguiu.

_É uma longa história, uma hora te conto tudo bem? — Fátima assentiu enquanto voltava a presenciar o silêncio que habitava aquele carro.

Não faltava muito para que chegassem ao apartamento novamente, Zulema ainda se questionava tentando entender ainda o que viu mais cedo, quando as garotas desceram do carro ao chegarem no estacionamento do prédio ela permaneceu ali sentada.

_Vou ver como estão as coisas em casa tá bom? — falou para a mais nova que concordou enquanto pegava o bebê conforto no banco de trás.

_Pode trazer ração para o Sr. beagles quando voltar? — A loira pediu vendo ela sorrir em concordância. _Obrigada!

Zulema esperou ela fechar a porta do veículo e adentrar ao elevador com Fátima quando  ligou o carro e saiu dali.

Várias coisas incomodavam a mulher nesse momento, a foto que viu em cima da cama era especialmente sua, aquela polaróide ela tirou na época de seus  recém dezesseis anos, nem sabia que existia mais.

Logo depois de ter tirado a foto presenciou um dos piores momentos de sua vida, a morena que não era acostumada a sair naquele dia para comemorar seu aniversário de dezesseis resolveu ir em uma festa com suas amigas em uma boate em Madrid, onde acabou por beber demais e não teve tanta sorte.

O pior de tudo é que ela não se lembrava de nada e só soube que algo tinha acontecido algum tempo depois quando se atentou as mudanças que seu corpo vinha sofrendo.

Nove meses depois deu a luz a uma garota, não estava em um hospital até porque seus pais quando descobriram a manteram trancada dentro de casa para que ninguém suspeitasse e por conta da religião não pôde ter autonomia e responder por si.

Desde aquele fatídico dia nunca mais soube o que aconteceu, principalmente pelo fato de ter parido no interior de sua residência onde somente habitavam sua mãe e ela, pela ausência de medicamentos e estar em um ambiente totalmente irregular, ela acabou por perder a consciência e quando acordou sua mãe lhe disse que o pior teria acontecido, Zulema então confiou nas palavras da mãe e nunca mais tocou naquele assunto.

As coisas nunca mais foram as mesmas, sua mãe entrou em um vício pelo alcoolismo e seu pai as abandonou por vergonha, viviam em situação precária e foi onde ela se empenhou para terminar os estudos e conseguir fazer um financiamento para cursar medicina.

Hoje a mais velha teria seus 34 anos, e estava realizada e se recuperado de muitos traumas causados em sua vida e um deles era o dia da ponte e nunca mais ouviu falar de sua mãe novamente, somente a enviava algum dinheiro.

Quando chegou no prédio aonde morava adentrou seu apartamento e olhou tudo em volta, tudo parecia estar normal. Regou seu cacto que estava firme e forte e sorriu ao se virar e dar de cara com seu microondas se recordando de que seria uma boa idéia levá-lo até a casa da loira.

Por conta do cansaço foi até seu quarto abrindo seu guarda roupas pegando seu álbum de fotos, realmente estava indignada com a polaróide e foi quando viu fotos daquele tempo no álbum.

Como era possível algo assim acontecer? Qual a probabilidade dela ter a esquecido dentro do livro? Enquanto verificava cada página daquele álbum se surpreendeu por não haver nenhuma foto faltando, suspirando intrigada ela o guardou e pegou algumas trocas de roupas para levar ao apartamento da namorada.

Sentiu seu celular vibrar e ao pegar ele em mãos viu o nome da loira no ecrã o atendendo.

_Aconteceu alguma coisa? — a voz da mais nova soou preocupada fazendo com que ela se sentasse na cama e gostasse de ver que ela se preocupava.

_Não, vim buscar algumas roupas. — falou sorrindo. _Ah, e também para levar meu microondas até aí.

A morena pôde ouvir a loira sorrir do outro lado da linha e até se imaginou como estava sendo a cena a criando em sua mente. Macarena estava em seu quarto vestida com seu pijama e sorria ansiosa aguardando pelo retorno da garota.

_Fátima foi dormir. — falou para a namorada.

_Tudo bem, logo estarei aí vou passar no mercado e comprar a ração do gato primeiro tudo bem? — respondeu enquanto pegava a mochila com as roupas.

_Estou te esperando. — a loira respondeu ainda ansiosa.

_Maca? — Zulema a chamou após a linha ter ficado muda por alguns segundos.

_Sim? — a loira respondeu sorrindo enquanto se sentava em sua cama e olhava brevemente o filho que dormia.

Zulema por um momento pensou se falaria ou não, até porque desde o dia que começaram a namorar essas palavras foram ditas poucas vezes e ela queria que se tornasse um hábito entre elas.

Então, após respirar fundo e caminhar em direção a cozinha para pegar o microondas a loira pode ouvir.

_Eu te amo. — enfim falou.

Macarena sorriu de imediato ao escutar aquelas palavras, colocou sua mão sobre Anthony para se certificar de que ele respirava e também aproveitando a sensação de escutar a mulher amada dizer aquilo.

_Eu também amo você. — foi o que a morena ouviu antes de desligar o aparelho e sorrir, guardando ele no bolso para segurar o eletrodoméstico.




Nulo y VacíoWhere stories live. Discover now