Capítulo 19

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Sarah acordou tarde, sentindo-se irritada e dolorida. Ela se sentou para abrir um pacote de biscoitos e comeu um, depois tomou o remédio para dor. Juliette normalmente a teria acordado e sentado ao lado dela na cama, perguntando o que ela queria no café da manhã.

"Um pãozinho e café", disse Sarah ao quarto vazio.

Ela ficou sentada na beira da cama por vários minutos, lamentando o que dissera a Juliette na noite anterior. Foi perverso, o jeito que ela fez, assim do nada Juliette teria que sair de casa. E para onde ela poderia se mudar em tão pouco tempo? Para aquele hotel horrível onde ela estava hospedada antes?

Sarah pegou o telefone e procurou o número de Juliette. Ninguém respondeu, então ela desligou, com medo de tropeçar em suas próprias palavras e prejudicar sua chance de pedir desculpas. Um plano melhor seria colocar sua roupa de banho, sentar-se na banheira de hidromassagem, relaxar os músculos, beber mate e depois tentar fazer as pazes.

A porta da casa de hóspedes não havia sido aberta.

Sarah a observou da jacuzzi, esperando que ela se abrisse. Depois de dez minutos, ela saiu e foi até a porta, batendo duas vezes.

"Juliette?" Bateu novamente e digitou o código de segurança da porta. "Juliette?"

Sarah ficou lá, pingando água no chão inteiro e olhando para a casa de hóspedes vazia. A cama parecia não ter sido tocada. De fato, o lugar parecia impecável. Geralmente, havia roupas no chão, algumas coisas nos móveis. Juliette não era muito organizada, Sarah notara.

Ela olhou para trás e viu que não havia sapatos na entrada. Juliette sempre deixava seus chinelos lá.

"Merda". Sarah sussurrou. Ela foi ao banheiro e deixou cair os ombros enquanto soltava um grande suspiro. Tinha ido embora. Juliette se foi. E todas as coisas dela também.

Sarah estava sentada em uma das espreguiçadeiras à beira da piscina com o telefone no ouvido. "Ei, onde..." ela inalou, isso estava afetando-a mais do que ela pensava. "Onde você está? Me ligue." Ela jogou o telefone sobre a mesa e se abraçou. "Droga!" Ele disse com força e então gritou "Droga, Juliette!"

Ela não podia ficar sentada para sempre em um maiô, esperando um estúpido telefonema, então vestiu o roupão e foi para a cozinha. Ela prepararia o café da manhã. Talvez o pãozinho que ela queria caísse bem agora. Com uma fina camada de manteiga de amendoim e um toque de mel - assim como Juliette fazia.

Juliette. Ela fazia tudo melhor. Até um simples pão.

Sarah estava sentada à mesa da cozinha, uma perna cruzada sobre a outra, a cabeça entre as mãos, esperando o telefone tocar. Seu mate não tinha um gosto tão bom para ela. Seu pão ainda estava intacto. Ela ainda não estava vestida. Por que ela faria isso se não havia ninguém para vê-la, mas não era isso que Sarah fazia. Ela tinha uma rotina: exercícios, café da manhã, banho, e-mails, etc, etc, etc.

Seu braço quebrado havia ferrado tudo. E a ideia estúpida de Gil. Por que ela teve que ouvi-lo?

Mas nem tudo era culpa de Gil. A verdade era que Sarah não queria sair sozinha do armário. Ela queria alguém segurando seu braço, mesmo que não estivesse apaixonada por ela ou o contrário.

Ela tinha medo de especulações; de todas as razões pelas quais as pessoas poderiam tirar sua mudança repentina de 'estilo de vida'. Ela estava entediada com os homens? Seu divórcio a deixou marcada como preferindo mudar de lado? Ela estava perdendo o controle, procurando atrair atenção?

Tudo isso seria o que eles pensariam.

Mas Sarah queria que a primeira impressão do mundo, fosse que ela tinha encontrado o amor verdadeiro, um bom amor. Claro que seria temporário, mas sempre era em Hollywood. Não foi culpa de Gil, ela percebeu, era dela.

Pegou seu telefone. "Gil, acho que estraguei tudo."

Quando Sarah disse essas palavras, outra ligação estava tentando entrar. "Eu ligo para você novamente. Não, eu ligo de volta." Ela se levantou, empurrando a cadeira com a perna.

"Ju. Juliette. Deus. Onde você está?" Sarah não conseguiu esconder o desespero em seu tom de voz. "Todas as suas coisas não estão aqui."

"Sim. Pensei em poupar o trabalho de ter que conversar com Gil. Eu já me mudei."

Os olhos de Sarah se fecharam. "Onde você está?" perguntou baixinho.

"Nova York. Peguei o voo noturno."

Os olhos de Sarah se arregalaram. "O quê? Mas eu não ouvi você sair ontem à noite."

"Tentei ser silenciosa."

"Por que você está em Nova York?" Sarah já sabia a resposta. A ex-namorada. Ela conseguiu empurrá-la de volta para as garras de Vitória. Muito bem Sarah.

"Estou terminando alguns negócios inacabados. Alugando meu apartamento, vendo alguns amigos, meu pai, coisas assim.

"Oh. Entendo."

"O que você precisa Sarah?"

"Hum..." De você aqui comigo. "Você viu a Vitória?"

"Sim, ela me procurou."

Sarah foi ao pátio. Ela precisava de espaço para se mover. "Como foi?"

"Como assim, como foi?"

"Eu digo... eu nem sei o que quero dizer."

"Ela adoraria conhecê-la, ela é uma grande fã sua."

Sarah parou seus movimentos. "Por favor, me diga que você não a aceitará de volta."

"Por que?"

"Porque o que ela fez, Juliette foi péssimo."

"E desde quando você se importa?"

Sarah jogou a mão livre no ar. "Eu me importo, ok? Você sabe que eu me importo."

"Eu sei que você tem medo de mim"

Sarah balançou a cabeça. "Tanto faz. Lembre-se do que ela fez com você e como ela fez você se sentir."

"Todos nós temos nossos momentos fracos"

"Momento fraco? É assim que você fala de alguém que te deixou quando perdeu o emprego? É um momento de fraqueza quando você chuta alguém quando ele está no seu pior estado?"

"Isso é um pouco dramático."

"Eu sou uma maldita atriz! Meu trabalho é ser dramática!" Sarah gritou exasperada.

Juliette pegou seu pedido no barista e encontrou um canto quieto. "O que você precisa, Sarah?

Estou meio ocupada agora."

"Não desligue. Olhe, eu me sinto mal pelo que aconteceu ontem à noite. Eu sei que isso machucou seus sentimentos. E eu sei que disse que seria bom se você se mudasse, mas agora que você não está aqui, é ruim."

"Não se preocupe. Nada mudou. Nós ficaremos bem com a série e com o outro... o contrato."

"E nós?" Sarah perguntou. "Estamos bem?"

"Acabei de te dizer que nada mudou."

Sarah começou a se mover novamente. "Eu não acredito em você. Eu posso ouvir em sua voz. Você está com raiva."

"Sarah, o que você quer que eu diga?"

"Que você se mudará de volta. Só entrei em pânico por um momento. Mas já superei."

"Vitória acabou de chegar. Eu tenho que ir."

Sarah ouviu uma voz dizer: "Olá, linda." e então a voz de Juliette dizer "Ei". então a linha foi cortada.

"INFERNO!"

Sarah pegou sua garrafa de água e a jogou o mais forte que pôde, depois se dobrou de dor. Sentou no final da espreguiçadeira, abraçando o braço. Ela olhou para o nada, deixando cair as lágrimas que começaram a se acumular

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