Capítulo 22

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As coisas estavam ficando piores. Não conseguiam falar uma com a outra sem brigar. Com essa, ia ser a segunda vez que Sarah dizia para Juliette se mudar. Talvez devesse ir. Tinham que trabalhar juntas e, embora ambas fossem especialistas em se concentrar perfeitamente no trabalho quando o diretor gritava ação, elas não precisavam que toda a equipe percebesse que havia tenção entre as duas.

Juliette se virou na cama e olhou para a mala, que ainda não havia sido desfeita. Ela acordou se sentindo melhor, mas encontrar outro lugar para morar a estressou. Ela se arrependeu de praticamente tudo o que havia dito na noite anterior. Mas é claro que isso não era exatamente um território novo para ela. Ser machucada por algo, e se comunicar sobre isso sendo uma idiota total e completa era outra coisa.

Pelo canto do olho, ela viu uma notificação em seu telefone. Ela imediatamente e idiotamente, desejou que fosse uma mensagem de Sarah. Não que pudesse pensar em um bom motivo para Sarah lhe enviar uma mensagem, além de saia da minha casa de hóspedes.

Seu coração se encolheu, mas não foi de um jeito bom. A mensagem era de Vitória. Era uma foto da vista de Nova York com as palavras 'eu queria que você estivesse aqui'. Ela teria adorado a mensagem em outros momentos. Mas hoje, ela não conseguia se livrar da sensação de ter jogado algo importante ao mar. Ela se levantou e começou a tirar o pijama para tomar um banho.

Com os cabelos úmidos descuidadamente presos sobre a cabeça e o orgulho devidamente guardado no bolso, Juliette caminhou até a casa principal, pronta para se desculpar por suas palavras descuidadas, preparada para fazer e dizer o que fosse necessário para fazer as pazes.

Honestamente. Com toda a sinceridade, ela repetia isso em sua cabeça. Quando ela abriu a porta deslizante, ficou chocada ao encontrar uma total estranha na cozinha de Sarah.

A mulher limpou as mãos em uma toalha e se aproximou para chegar até onde Juliette estava.

"Aqui está você", disse ela, abrindo os braços e abraçando Juliette. "Como você está querida? Ouvi dizer que você estava resfriada."

"Um... muito melhor hoje", Juliette respondeu timidamente. "Apenas um pouco fraca ainda. Um... com licença, mas..."

"Oh! Fiquei tão empolgada em conhecê-la que esqueci completamente minhas maneiras. Sou Abadia. Abadia Andrade. E eu a vi ao longo de sua carreira."

A mãe de Sarah era uma daquelas criaturas raras que não envelhecem. Ela poderia ter quase cinquenta ou cinquenta e poucos anos ou no final dos seus quarenta anos, você não saberia. E seu segredo não era a cirurgia, embora em seu círculo social devesse ser algo comum. Tinha mais a ver com o jeito que ela era, seu comportamento, como uma mulher que sabia sua posição. Como uma mulher que estava completamente no controle. E sua roupa era completamente perfeita.

"É um prazer conhecê-la, Sra. Andrade."

Abadia tocou a bochecha de Juliette. "Mas é claro que você ainda se sente fraca, linda. Um resfriado pode transformar seu humor. É por isso que estou fazendo o café da manhã. Sarah disse que não comeu muito."

Juliette assentiu e se afastou, tentando recuperar algum espaço pessoal.

"Ok, obrigada! Vou falar com Sarah por um momento e já volto."

Abadia seguiu Juliette pelas escadas. "Eu vi você crescer na televisão. Foi tão maravilhoso ver como você emergiu de sua puberdade nessa linda mulher. Você sabe, essa idade estranha em que você tem as bochechas mais arredondadas e um pouco de acne."

"Uau!" Juliette disse com uma risada. "Essa descrição está me levando de volta a esse tempo."

"Mas que incrível você floresceu, como uma estrela. Lembro-me de desejar que Sarah te visse nessa idade, que pudessem ser amigas. Mas bem, ela é um pouco mais velha que você."

O RoteiroWhere stories live. Discover now